Travo mais minhas coxas, contraindo todos os músculos forçando-os a subir a pequena escada de madeira. Meus braços são os primeiros a encostar na poeira e logo após meu corpo todo, me arrasto só mais um pouco até ter confiança o suficiente para me levantar, ainda um pouco agachada pela altura do sótão e caminho até seu encontro.Assim que me meu corpo se senta ao seu lado, meus olhos percorrem seus traços. O moreno tinha bolhas pretas embaixo de seus olhos pelas noites mal dormidas e calos em suas mãos de tanto apertar aquela arma em seus dedos.
- Não deveria estar aqui - sua voz é firme e rolo os olhos - Você que não deveria estar aqui - toco nos músculo de seu braço - Você deveria estar no quarto, quietinha - seu olhar finalmente encontra o meu e vejo todo o medo que percorre sua alma.
- Com toda certeza estou mais protegida ao seu lado do que naquele quarto sozinha, Thomas - seus olhos parecem concordar com essa lógica, por segundos - Sua presença me distrai - sua voz é fria - E não posso me distrair - seus olhos voltam ao chão, onde se consegue ver minimamente a estrada que dá entrada ao começo da colina.
- Não consigo mais ficar sozinha - sou sincera ao abraçar minhas pernas e recosta o queixo em meus joelhos - Eles ainda não falam com você? - seu olhar volta ao meu e balanço a cabeça em um não - Michael também não fala mais comigo, não nada além do necessário - vejo a dor em seus olhos - Me perdoe por isso - sou sincera ao me controlar para não chorar.
- A culpa é minha, não sua - seus olhos voltam a estrada - Eu que fui avisado do que aconteceria se a tocasse novamente- seus dedos deslizam pela arma que tanto conhecia desde o dia da estrada - Mas o idiota aqui não conseguiu se afastar - um riso anasalado sai, eu consigo sentir a decepção em seu olhar e isso me dói mais que a incerteza da minha vida nesses últimos cinco dias.
- Eu entendo, Thomas - respiro fundo na última tentativa de reverter todo o cansaço que meu corpo estava a sentir - Eu entendo o quanto você se arrepende de ter me tocado, de ter me fodido, de ter me beijado - as palavras começam a rolar sem que ao menos tenha uma pausa para tomar um ar, o engasgo em minha garganta desde o olhar de decepção de Michael e Tom naquela noite se esgotou ali - Eu entendo o quão é frustrante perder seu melhor amigo por uma simples foda, eu entendo o quanto se arrepende da merda do dia que me beijou, eu entendo todo seu arrependimento de não ter controlado a sua própria mente e ter cometido o grande erro de se envolver comigo- finalmente respiro - Só que eu estou com medo, Thomas, eu estou apavorada, e vocês não ajudam - respiro novamente- ficarem se revezando aqui em cima para proteger a entrada e éinútil se me apavoram tanto ao ponto de preferir estar lá fora do que sentir novamente que queriam que eu estivesse lá embaixo ao invés de terem me convidado para subir a porra dessa montanha.
Seus olhos me olham atentamente, como se estivessem a processar cada palavra , cada sílaba, segundos que se pareceram horas se passaram até seus lábios se abrirem.
- É isso que você pensa, Gaia ? -meu nome sai de seus lábios depois de dias relaxando cada célula do meu corpo e ele percebeu isso - A última coisa que estou a sentir é arrependimento de ter pedido para que eles te chamassem para subir a montanha aquela noite - seu corpo se vira para minha direção e faço o mesmo ficando a sua frente - Eu faria exatamente tudo igual se fosse para ficar preso aqui contigo novamente- sua mão finalmente larga a arma ao seu lado e toca na minha - Eu me arrependo de não ter conversado com ele, de não ter lhe explicado que não queria ficar longe de ti, de ter deixando ele saber que foi mais de uma vez ao berros da Raquele, enquanto o acusava de ser o pior homem do mundo - uma lágrima desce de meus olhos ao pensar o quão quebrado está o homem que me protege e ama a anos.
- Eu também estou com medo, na verdade estou morrendo de medo - seus olhos olham de relance para a cidade a kms e minha mente viaja novamente para aquela noite.
Cinco dias atrás - 20 dias de contágio
- Cala a porra da boca, Raquele - Tom grita ao tentar se aproximar da Tv - Eu te odeio, eu odeio vocês dois - sua voz grita mais alto ao moreno sentado no sofá com as mãos na cabeça e a mesma abaixada - Fala algo Michael- ela grita mais ainda e ele finalmente levanta seu olhar desde que desceu as escadas e foi bombardeado com as revelações.
- Eu não tenho o que dizer, Raquele - sua voz é fraca - Eu não tenho do que me defender se nada do que foi tido é mentira - sua voz é fraca, mas ainda tão firme - Eu nunca menti ao dizer que te amei - seus olhos percorrem o rosto da ruiva - Mas não vou mentir que ainda não amo a Gaia - meu peito se destroça, como milhares de vidros sendo quebrados. Eu esperei anos para ouvir isso em voz alta aos quatro cantos do mundo, mas a palpitação e nó na garganta me fizeram entender que não era mais o que queria ouvir. Decisões são tomadas mais facilmente quando você não ouve os dois lados da história e ouvir o quanto ele me amava deixava ainda mais difícil o deixar ir, deixar essa minha versão ir.
- Eu te ode - antes que ela possa terminar o berro de Tom ecoa pela sala - EU QUERO OUVIR QUE PORRA ELES TEM A DIZER E QUEM ABRIR A BOCA NOVAMENTE EU A FAÇO FECHAR - seu berro foi tão ameaçador que fez até mesmo Raquele se conter e virar sua atenção para o apresentador na pequena Tv.
"É com pesar que informamos que um grupo de infectados conseguiu fugir da cidade, os exércitos estão à procura de todos, mas pra a sua segurança. Pessoas que estão de quarentena próxima a cidade não saiam de casa e nem abram a porta para nenhum estranho. Que Deus esteja conosco"
A única reação do meu corpo foi correr para o banheiro e vomitar
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- Só que eu prometi que iria te proteger, Wind - sua mão toca no meu rosto - E eu vou fazer isso - um sorriso tímido sai de seu rosto - Precisa descansar para isso - reclino meu rosto sobre sua mão - está aqui a 36horas sem dormir - toco sua mão livre - Vem descansar comigo - sua cabeça se balança em um não- Por favor, Thomas - sinto as veias em suas mãos e braços diminuírem, como se por segundos a adrenalina saísse de sua corrente sanguínea.
- Sabe o que é um Dilúvio, Gaia? - pensei em responder, mas no fundo sabia que era uma pergunta retórica- É uma Grande inundação que submerge uma vasta região. E você com toda certeza é o Dilúvio da minha vida - sinto os pelos do meu corpo se erguerem, não se arrepiando, maior que isso. Sinto a descarga elétrica percorrendo cada um deles - Sua presença inunda toda a tristeza do meu ser, eu faria tudo para te ver feliz.
Meu corpo não deixa que ele termine mais nenhuma frase o puxando pela gola da camisa para um beijo. Sinto o calor ir subindo pelo meu corpo, enquanto seu corpo se inclina para frente me fazendo deitar sobre seu casaco jeans antes jogado.
O moreno sai do beijo e me olha
nos olhos, tão profundamente - Eu não me arrependo de nenhum toque, nenhum beijo, nenhum traço de ti, Gaia - suas palavras percorrem minha mente, devastando minha sanidade.
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DILÚVIO • tom •
FanfictionNa qual Tom Holland se vê preso no começo do Apocalipse com uma bela moça.