Capítulo 25 - 36 dias de contágio

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Meus olhos percorrem o ambiente em um ritmo vago e lento, o oposto de Thomas que realiza seus movimentos com tanta velocidade me fazendo duvidar se ele ao menos estava pensando ao realiza-los.

- Eai, senhor, tudo certo  ? - sua voz é alta ao colocar meu vestido molhado em cima do meu corpo o cobrindo por inteiro - Não estamos infectados - seu corpo se levanta ainda nu com as mãos ao alto.

- Infectados não chegam em minha propriedade - sua voz é grave ainda a mirar sua arma em nossa direção - Não sabíamos que está montanha era uma propriedade - seu riso e anasalado e debochado - Não sabia que os jovens de hoje em dia desejam colocar um filho ao mundo no meio de um apocalipse - sua voz é ainda mais debochada ao aportar para o membro de Tom sem proteção e rio discretamente pela tirada do senhor.

- Não que seja de sua conta senhor, mais minha garota não pode engravidar. Nenhuma criança virá ao mundo- seu rosto não treme por um segundo e me impressiono de ele ainda lembrar de cada palavra que sai de minha boca - Eu gostaria muito de poder colocar minhas roupas e acredito que deve ser um ato de respeito o senhor deixar a moça colocar as suas - sua mão direita ainda ao ar aponta para meu corpo.

O olhar do senhor cai ao chão me encontrando e lhe entrego um tímido cumprimento e sorriso - Por que estão aqui em cima ? - sua voz é grossa - Vamos atravessar o estado e ir para um local mais seguro- minha voz soa na conversa pela primeira vez e um riso sai de seus lábios protegidos antes pelo seu bigode branco - Não existe mais local seguro - ele pela primeira vez da as costas e sai rindo como se estivéssemos a contar uma piada.

- Como assim não existe mais local seguro? - Tom grita ao colocar sua cueca enquanto corre ao encontro do senhor, rolo os olhos e ponho meu vestido arfando ao sentir o gelado encostar em meu corpo - O pais foi todo tomado.

- O QUE? - nossas vozes gritam juntas ao caminhar pelas árvores  seguindo-o  - Já fazem quatro dias que o sinal local caiu, as estações de rádio são as únicas que ainda fornecem mensagens - sua voz é branda e seu corpo nem se incomoda de estarmos a segui-lo - Que mensagens? - minha voz é curiosa ao parar ao seu lado.

- Eu não sei criança, todas são em idiomas que não conheço - seu passo é largo e quase corro para acompanha-lo - Mas uma eu ouvi, no segundo dia. Eles só disseram que a barreira foi rompida e os exércitos de todo mundo iam defender as fronteiras.

- Igual defenderam a da nossa cidade - a voz do moreno sai raivosa - Vocês podem ficar até a chuva acabar - a voz grave é quase que inaudível aos meus ouvidos ao ver sua pequena cabana de madeira, me fazendo sorrir por pensar em dormir em um lugar quentinho novamente.

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A água quente caia do topo de minha cabeça aos meus pés. O pequeno banheiro me fazia pensar que esse senhor morava aqui antes mesmo de tudo isso, um pequeno espelho em cima da pia com uma pequena muda de rosa, o porta shampoo e a água quentinha. Sorrio ainda mais  por pensar que alguns lugares ainda não foram tomados, temos energia ainda, isso é um ótimo sinal.

- Tão pensativa - a porta é aberta e o moreno entra de ladinho no banheiro - Ele vai nos expulsar se te ver aqui - minha sobrancelha se ergue - Ele sabe que jovens tem muitos hormônios - um sorriso sai de seu lábios ao tirar a roupa e abrir a cortina o suficiente para entrar no box - Isso foi definitivamente a coisa mais brega que você já disse, Thomas - sorrio ao apoiar minha cabeça em seu peito.

- Será que Michael e Raquele estão bem? - minha voz sai calma ao sentir a ponta de seus dedos desenharem em minhas costas - Eu não sei, querida - seu tom de voz sai tão fraco que desejaria tanto saber o que ele está a pensar - Mas eu sei que nós vamos ficar bem - suas mãos levantam meu rosto para encontrar o seu - Eu vou te proteger - sorrio ao sentir seu rosto se abaixar para encontrar o meu.

- Podíamos ficar aqui - minha voz sai fraca - É seguro e poderia ser nossa casa - um riso sai de seus lábios - Só se matarmos o velhinho enquanto ele dorme.

-Thomas - minha voz sai alta ao bater em seu peito e ouvir sua gargalhada.

Ela preencheu o ambiente, era como se o cinza da fumaça houvesse por instantes ficado cintilante ao som dela.

- Eu estava brincando - seu corpo se aproxima me fazendo bater as costas na parede gelada e arfar - Se você quer ficar aqui, eu darei um jeito de ficarmos aqui - seu rosto se aproxima ao meu - E ainda sem matar o velhinho - um beijo é depositado na ponta do meu nariz e pude sentir que o mesmo estava a sorrir.

- Por que nunca perguntou o motivo de não poder engravidar? eu podia estar a mentir - as palavras rolam facilmente, como se esse fosse o momento para todas as duvidas serem tiradas - Não era da minha conta saber algo se você não estivesse pronta para me contar - sua voz sai risonha e presumo que seja pela aleatoriedade de minha pergunta - Mas se acha que está pronta para me - minha cabeça balança em um não, eu tinha duvidas do motivo de ele não querer saber, mas não tinha duvidas que isso  era algo que não queria dizer a ele. Na verdade eu tinha a plena certeza que levaria o motivo em segredo até a minha morte.

- Sente esse cheiro ? - seus olhos se fecham e sua cabeça vai ao alto para poder senti-lo melhor - Cheiro de comida, de algo além de biscoito e água, minha deusa francesa - a felicidade em sua voz me faz sorrir - Talvez aqui realmente seja um bom lugar para chamar de casa, Gaia Wind - sua voz é divertida ao jogar um pouco de água em meu rosto. 

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vocês mereciam um capítulo bonitinho antes dos últimos três turbulentos. 

DILÚVIO • tom •Onde histórias criam vida. Descubra agora