Capítulo 12 - 11 dias de contágio

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Sinto meu corpo bater com tudo no chão cortando meus lábios e pressiono os olhos tentando conter a dor - Vocês são selvagens ou militares disfarçados? - a voz do loiro é nojenta - Nenhum dos dois cara - Tom tenta dizer mas é acertado com um soco no rosto - A pergunta não foi para você, moleque - ele quase cospe no rosto do moreno que tinha sangue escorrendo de sua sobrancelha - Foi pra bela moça.

Seu corpo caminha até onde estou e se agacha no chão, enquanto um de seus homens pressionam meu rosto no asfalto.

- O que vocês são, princesinha ? - a ponta de sua arma faz carinho em meu rosto - Te fiz uma pergunta - ele engatilha a mesma em meu rosto, meus olhos correm para tom imobilizado ajoelhado ao chão, com o maxilar tão trancado que a certeza era que ele se quebraria a qualquer instante - Somos só estudantes - minha voz sai distorcida pelo aperto do meu rosto ao chão - Eu sempre amei estudantes - suas mãos me levantam fazendo com que agora sente no asfalto e vejo Tom a tentar se soltar ao ver meu rosto sangrando - Shiiiu garotão - o loiro acerta outro soco em seu rosto - Não vê que estamos conversando - sua arma desce do meu rosto aos meus seios protegidos pelo moletom.

- Cara deixa a gente sair daqui - o moreno se contorce mais uma vez - Ou deixa só ela ir - sua voz é tão grave - Eu fico e vocês fazem o que quiserem, só deixem a garota ir embora - as tentativas do moreno em se soltar são inúteis.

- Ela não vai a lugar nenhum - ele me olha sorrindo - Eu estou com calor e vocês - ele olha para os outros dois rindo como um psicopata - Você deve estar morrendo de calor, princesa - suas palavras são ditas ao irem rasgando meu moletom com um canivete  - Para com isso caralho - Tom grita ao tentar levantar.

- Onde encontrou uma mulher tão bonita ? - a arma desenha pelos meus seios saltados pelo sutiã - Para com isso - minha voz sai fraca tão fraca, como se falar fosse o pior dos esforços - Que bela voz - ele gargalha e sinto um enjôo a vir - Só por toda educação eu vou deixar de brincar com você e brincar com seu namoradinho.

Antes que podesse falar algo outro soco é depositado no rosto de Tom, senão fosse pelo homem que o segurava seu corpo teria ido ao chão - Eu sempre detestei caras bonitos que ficam com garotas bonitas - ele cospe no peito do moreno ao dar outro soco em seu rosto - Eu me encaixo melhor nesse mundo agora - ele levanta a cabeça de tom pelos cabelos e o britânico tenta abrir os olhos quase fechados - Estranho eu me parecer tanto com pessoas que estão infectadas - ele gargalha a dar outro e mais outro soco.

- Por favor - tento falar, mas as palavras são tão baixas - Eu vou te matar e depois vou comer sua mulher - ele gargalha e Tom tenta se mexer mais uma vez - Se você encostar nela eu juro que te mato - algumas gotas de sangue caem de sua boca enquanto as palavras são proferidas - Você estará morto, meu jovem - ele encosta a arma na testa de tom e posiciona seu dedo no gatilho.

- Eu faço o que você quiser - tento gritar e vejo seu corpo a virar, mas a arma ainda na testa de tom - Eu faço o que quiser, só não o mate - sinto toda minha espinha a contrair - Não ouve ela - Tom berra - Me mata e deixa ela ir - seu corpo tenta se mover novamente - Solta ele e eu sou sua - lágrimas caem por meus olhos - ATIRA PORRA - a voz de choro do moreno é visível - NÃO OUVE ELA, EU SEI QUE VOCÊ QUER ATIRAR.

Sinto o homem que antes me prendia a me soltar lentamente e com dificuldade me levanto - Para com isso, Gaia - sua voz é tão grave - Hoje é seu dia de sorte - o loiro tira a arma da testa de tom - Não, por favor - seus ombros caiem ao ver o loiro me puxando para o carro - EU VOU TE MATAR - sua voz é tão alta que meus pelos se arrepiam.

Eu nunca imaginei momentos assim, momentos de tanta dor onde todo o seu corpo não está mais ali, nem sua mente na verdade. Provavelmente meu corpo já estava acostumado com isso, minha alma já estava acostumada a ser arrancada.

- Você vai gostar tanto quanto eu - sua voz é suja ao subir em cima do meu corpo e beijar meu pescoço.

Meu peito dói tanto, na verdade ele apertar de uma forma como se não houvesse nada nele, nenhum sentimento, como se não fosse capaz de sentir nada. Só que mesmo assim ele dói tanto. Como em uma estrada dentro de um carro que ao invés de andar em linha reta, anda apenas em curvas, muitas e muitas curvas. Tenho vontade de gritar, sair pela porta gritando me arranhando, me batendo, como aquelas dores que você sente quando alguém muito próximo morre. Mas eu não consigo, eu não tenho força pra isso, então só fico deitada sentindo o buraco no meu peito aumentar a cada respiração.

Meus olhos percorrem o carro e vejo seu canivete no chão, com  muito cuidado enquanto beijos nojentos são depositados em meu pescoço pego o mesmo e o pressiono em sua barriga, eu nunca havia pensado em matar alguém até esse instante, seus olhos se encontram aos meus com desespero e antes que crave novamente, seu corpo é arrancado de cima de mim.

- Eu te falei pra não encostar na minha mulher - Tom joga seu corpo ao chão e pisa no canivete o afundando ainda mais em sua barriga - Eu sou um homem de palavra - sua voz é tão rouca e observo sua jaqueta jeans e boné cobertos por sangue ao sentar no banco - E eu dei minha palavra que ia te matar - um sorriso sai de seu rosto ao apertar o gatilho e o sangue jorrar por todo seu rosto.

Me levanto com dificuldade e abraço a porta ao olhar a cena a minha frente, o ruivo que antes me segurava tinha a garganta cortada,meus olhos vão para o moreno que o segurava antes,  agora  a se virar de dor no chão com os dois braços quebrados e uma das pernas cortadas com uma faca que ele mesmo carregava e por fim meus olhos encontram os seus, repletos de terror, era mais difícil saber qual dos dois estava com mais medo.

- Você está bem ? - seu corpo vem ao meu encontro e me recuo batendo no carro - Gaia - sua voz sai fraca e observo seu rosto coberto de sangue dele e agora do loiro também - Ele ia tocar em ti - sua voz aumenta - Eu não podia deixar - uma lagrima escorre de seu rosto - Eu nunca te faria mal, nunca - outra lágrima cai - Eu só tava tentando te proteger, te fazer ficar viva por dentro - suas palavras são tão sinceras, como se soubesse o que estava a sentir - Eu só tava tentando - sua voz é cortada pelo seu choro e é nítido que adrenalina em seu corpo acabou.

- Tem um hotelzinho a cinco minutos daqui - encosto em sua mão tirando a arma de seus dedos - Me leva até lá ? - com a outra mão viro seu rosto para mim, seu olhar era perdido e tão distante, como se uma completa culpa estivesse a o engolir - Só você me tocou, Thomas - levo sua mão livre da arma ao meu rosto e sua respiração desasserela - Me perdoa - sua outra mão vai ao meu rosto e seu corpo cola ao meu - Eu não deveria ter deixado ele te trazer pro carro - seus olhos encaram os meus - Ele não fez nada - sinto a dor das palavras ao imaginar ele a continuar, a dor a ser sentida em todo meu corpo outra vez.

- Aonde é o hotel que quer ir, baby ? - um beijo longo é depositado em minha testa e sinto meu corpo a relaxar, como se nada mais importasse, aqui eu estou segura, em seus braços eu estou segura - Eu te levo aonde quiser ir - ele funga o nariz tentando desfarçar a voz de choro.

DILÚVIO • tom •Onde histórias criam vida. Descubra agora