Verdades Sejam Ditas

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A medida em que ía lendo as cartas, vendo fotos, descobria fatos dos quais não lembrava, primeiro chorou por não conseguir lembrar de nada do que lia ou via, até que abriu uma chamada "Despedida", onde a pessoa que escreveu falava no kitnet em que me morava com Bruno, que era sua última vez lá, sentiria saudades e por fim uma foto da porta com o número 201, atrás da foto havia um endereço, levantou-se para sair, quando bateu no hack da tv e quase derrubou uma chave que estava dentro do envelope e fez um pouco de barulho, o suficiente para acordar sua mãe. 

- Filho, você ainda está acordado? - Bruno ficou quieto por um momento - Filho? Estou te vendo, me responda!
- Não é nada mãe, só fui beber água! - Ele não queria conversa, apenas ir até esse kitnet saber se indo lá poderia ver a tal pessoa que lhe escreveu as cartas.
- Ta certo! Você tem algo nas mãos? - Havia um abajur aceso na sala, com isso ela viu uma caixa nas mãos dele
- Não é nada mãe, são fotos antigas e meu celular! Vou sair para tomar um ar! - Disse pegando as chaves e abrindo a porta
- Mas... A essa hora da madrugada?? - Ele não respondeu, apenas abriu a porta e saiu fechando atrás de si

Logo Bruno estava em seu carro, revendo a foto e o endereço, ligou o carro, deu partida e foi.  Chegando lá, entrou no prédio e foi atrás do 201, encontrou na primeira porta do segundo andar, colocou a chave na fechadura, girou duas vezes lentamente até a porta se abrir a sua frente, adentrou e viu um pequeno espaço, havia um colchão velho no chão, fogão, geladeira e algumas panelas enferrujadas, havia uma porta ao lado do colchão, era do pequeno banheiro, a medida em que entrava e olhava tudo, com detalhes, vinham flashs de memórias, lembrou-se de quando entrou com a Fatinha vestida de noiva nos braços, da primeira discussão dos dois que foi quando descobriram que o primeiro casamento foi uma farsa, o desastrado almoço de domingo que Fatinha quis fazer para a família, mas deu errado.
Sua cabeça começou a latejar, sua visão escureceu e ele só sentiu o peso de seu corpo. Em seguida estava no chão, desmaiado.

Logo que o dia amanheceu, o sol bateu em seu rosto pela brecha da janela, fazendo-o despertar, agora haviam novas lembranças em sua mente, enfim Bruno lembrou-se de Fatinha, queria encontra-la, mas não sabia como, decidiu ler mais das cartas para saber se havia algum endereço, estava decidido a encontra-la, queria vê-la depois de tantos anos e saber se ainda tinha chance com ela, pois sempre foi ela o grande amor de sua vida. Mas antes precisava comer e como tudo nesse apartamento estava velho e sujo saiu para comprar algo. Comprou um daqueles sanduíches naturais na rua e um suco, enquanto comia ía lendo, tentando imaginar como estariam sua amada e seus filhos. Não queria voltar pra casa e ter que questiona-la sobre ter escondido essas cartas dele por tantos anos. Estava profundamente magoado com seus pais por isso. Então esperou que os dois saíssem de casa para que pudesse subir, tomar um banho e se arrumar para o trabalho.

Ao meio dia, como havia prometido ao filho e quase esquecera com todo o ocorrido, sai para busca-lo na escola, foi quando viu uma moça, magra, loira colocando duas crianças dentro do carro, imediatamente abriu a porta e foi até ela.

- Fatinha! - A pegou pelo braço e a virou
- O que isso? Me solta! - Disse a mulher com raiva, não era quem ele imaginou que fosse
- Desculpe, por favor me desculpe, pensei que fosse outra pessoa.

Voltou para o carro onde seu filho havia ficado sozinho.

- Papai, ta tudo bem??
- Está sim filho, desculpe, vamos?
- Vamooos! - Respondeu alegremente o garoto

Os dois almoçaram juntos, ao olhar para seu celular haviam muitas chamadas de seus pais, resolveu retornar sua mãe.

-Bruno, filho, finalmente, que bom poder falar com você filho! - Estava com muita raiva e não conseguiu falar com ela, apenas desligou
- Nick, campeão, vou te deixar na casa da sua tia ta? A noite papai vai te buscar lá, pode ser?
- E a vovó?
- A vovó não está em casa! - Disse sério
- Ta bem, pelo menos lá tem o Léo e Marcela pra brincar comigo!
- Exatamente, mais tarde eu te pego lá ta? Ou se não a tia Ju te leva.
- Ta bem papai!

Deixou o menino na casa de sua irmã que hoje estava de folga e pôde ficar com o garoto após toda a explicação que Bruno deu do porquê não levar ele pra casa de seus pais.

Já no fim da tarde Bruno largou do trabalho e foi para a casa de seus pais, ainda estava muito magoado com o que eles fizeram, mas queria entender os motivos que o levaram a isso. Não demorou muito para que chegasse em casa, respirou fundo, tentou contar até 10, e entrou.

- Bruno, meu filho, onde você esteve?Nos deixou preocupados - disse o pai
- Acho que sabem onde estive! - Ele mostrou a caixa com as cartas
- Eu sabia que você tinha visto, eu devia ter guardado isso melhor!
- Porque esconderam isso de mim?? - Perguntou tentando conter a raiva
- Meu filho, o que importa? Isso é passado
- PORQUE ESCONDERAM ISSO DE MIM? - Perguntou mais uma vez e com mais raiva
- Bruno, se acalme meu filho, vamos conversar quando você se acalmar, é melhor
- EU NÃO QUERO ME ACALMAR, QUERO SABER PORQUE ME ESCONDERAM ESSE TEMPO TODO? ME ESCONDERAM MINHA HISTÓRIA COM A MULHER QUE AMO, MEUS FILHOS, PORQUÊ? ANDEM DIGAM!
- Foi a Rebeca! - Soltou o pai
- Como assim? O que ela tem haver com isso??
- Bom, bom - Dizia a mãe nervosa - Na verdade, eu... Nunca contei porque achei que você estava tão feliz e tão bem com a Rebeca que eu não quis falar!
- FALA A VERDADE, EU SEI QUE ESTÁ MENTINDO!
- Não estou
- PARA DE MENTIR PRA MIM, JÁ CHEGAAAAAA! - Gritou com toda sua raiva - PAREM DE MENTIR E DIGAM LOGO A VERDADE
- Querida, melhor contarmos logo, ele está a ponto de ter um colapso nervoso - O pai disse baixinho para a mãe
- Mas ele vai me odiar se souber
- Ele já está nos odiando! - O pai queria contar a mãe não e ele impaciente querendo saber a resposta
- Vamos, em digam! - Ambos calados, eles nunca haviam visto o filho transtornado desse jeito e estavam muito assustados
- Ta, a verdade é que sua mãe não gostava da garota a Fatinha, aí você sofreu o acidente, esqueceu de tudo, apareceu a Rebeca, te vimos felizes com ela e ela também sabia dessas cartas, mas sua mãe e ela decidiram que você ficaria melhor sem saber da Fatinha!
- POIS FIQUEM SABENDO QUE VOCÊS NÃO TINHA O DIREITO DE ME ESCONDER ISSO! - Gritava muito irritado

De repente a porta se abriu, era Jú com o pequeno Nick que haviam chegado, ouviram os gritos de Bruno e correram para ver o que estava acontecendo.

- Gente, que gritaria é essa? O que está acontecendo aqui?! - Jú assustada
- Papai, porque você está tão vermelho? - Perguntou o curioso Nick
- Quer saber o que nossos preciosos papai fizeram irmãzinha? Eu te digo!
- O que foi? O que eles fizera. Pra te deixar assim?
- ME ENGANARAM POR ANOS! ME ESCONDERAM A FATINHA E MEUS FILHOS!
- Como assim?? - Perguntava Ju enquanto Nick chorava assustado
- Nick, vem aqui com o vovô vem! Vou te mostrar minha coleção de navios! - Dizia o pai de Bruno tentando tirar o neto assustado dalí e o menino foi com ele.
- É mana, você já sabia disso? Foi cúmplice também??
- Cúmplice de quê? Mano, se acalma assim não consigo te entender!
- ESSA MULHER QUE APARTIR DE HOJE NÃO É MAIS MINHA MÃE ME ESCONDEU TODAS ESSAS CARTAS DA FATINHA! ELA E REBECA!
- Não acredito! Mãe, como você pode fazer isso?? - Jú estava surpresa e magoada com as atitudes da mãe, ela não sabia que sua mãe seria capaz disso - Não é possível, mano, Bruno eu juro que não sabia! 
- Confio em você! A única dessa casa em quem posso confiar!
- E eu papai, e eu? - Nicolas estava ouvindo tudo da porta do quarto do vovô
- Você também meu filho! - O menino correu e abraçou o pai
- Bruno, vamos sair para dar uma volta, que tal? Vamos eu, você e o Nick! - Disse ela puxando-o pelo braço até a porta de saída, deixando seus pais com lágrimas no rosto

Obs; Bruno lembrou-se do seu passado, mas esquecera do presente onde se encontrou com a mesma no shopping.

Brutinha: Depois do casamento Onde histórias criam vida. Descubra agora