Capítulo 16

1.2K 159 11
                                    

Capítulo 16

Já era madrugada quando perdi o sono e não conseguia ficar deitada na cama. Ele passou tão pouco tempo comigo e mesmo assim fazia tanta falta. Desci as escadas, e andei em direção a sala, onde sentei no sofá e fiquei refletindo sobre tudo que tinha nos acontecido. Em certo momento entre os pensamentos e a crise existencial, o roupão parecia me confortar de alguma forma. Será que valeria a pena nos arriscar tanto? Não seria mais fácil eu me entregar para o meu pai e resolver todos os conflitos familiares que envolviam a mim e a minha família? De repente, me vi encolhida no canto do sofá, um tanto acuada... sozinha. Acho que não existe uma sensação pior do que essa: se sentir só. E ali, sem Vince ou a minha família, olhei para o nada dentro da minha mente. Talvez o vazio pudesse me tirar a vontade de sair dali e ir de encontro ao meu destino. Os pensamentos só se foram quando escutei o barulho de um carro se aproximando da casa e corri até a janela para olhar pelo canto da cortina. O carro estacionou e meu coração deu um salto de alegria quando o viu descer. Um largo sorriso em minha boca, fez com que eu me concentrasse na situação. Porém, a ideia de chutar o balde não havia saído da minha cabeça.


— Vince! — eu gritei de felicidade e o abracei com força, quase o derrubando. Até ele ficou assustado com o meu repente, em alerta até.


— Desculpa... — eu me afastei com um pouco de receio e já fui me explicando — eu não consegui dormi...


— Mas você precisa descansar a mente, Ana — a forma como ele tinha falado, soava mais como uma repreensão, mas mesmo assim, ele se aproximou mais e me envolveu em seus braços, não com a mesma força e alegria com a qual eu tinha feito.


— Eu tentei. O que houve? — perguntei preocupada.


— A cada minuto que se passa, mais difícil ficam as coisas... — ele suspirou e afastou um pouco o corpo do meu, dando espaço para poder nos olhar — vamos ter que ir para outro esconderijo. Este não é mais seguro, Ana.


— Tudo bem. Se é preciso, eu vou para qualquer lugar com você — sorri um pouco sem jeito. Ser carinhosa, ficar preocupada e tentar controlar meus pensamentos não estava sendo nada fácil.


— Eu preciso que pegue suas coisas e tire o carro da garagem, está bem? — ele pediu com tanta calma, que mais parecia que Vince fazia aquele pedido para uma criança, e não para um mulher.


— Entendi — afirmei para ele balançando a cabeça.


Quando terminou de falar, Vince se afastou de mim seguiu em direção ao escritório e mesmo que ele não tenha pedido para que eu fosse rápida, subi as escadas correndo e entrei no quarto como um foguete. Peguei tudo o que era necessário para manter um nível de higiene no controle e as poucas roupas, estendi uma toalha de banho sobre a cama e joguei tudo em cima, fazendo uma trouxa com as poucas coisas que eu tinha.
Eu estava me sentindo ofegante, a adrenalina correria pelo meu corpo, quando abri o porta-malas e guardei as coisas, e só de imaginar o que me aguardava no futuro, já me dava dor de barriga. Tentando não pensar muito, dei a volta e peguei as chaves do carro, já abrindo a porta e entrando. Em outras circunstâncias, adoraria passar um tempo dirigindo, curtindo o vento batendo no meu rosto e deixando o meu cabelo um verdadeiro ninho de passarinho, mas naquele momento em que liguei o carro, antes apertando o pedal do freio e da embreagem, passando a marcha, aquela vontade de ser livre já não me pertencia mais.


Vince já estava do lado de fora, parado ao lado do carro que ele havia chegado. Estacionei o meu logo trás do dele e vi ele com o isqueiro na mão. De repente o vento bateu um pouco mais forte e o cheiro de gasolina surgiu. Só existia um motivo agora para ele queimar tudo, e estava tudo bem. Precisávamos eliminar qualquer coisa que o incriminasse ou qualquer outra forma de ajudar Salvatore de conseguir seus objetivos: dominar os negócios da família Castello.

Mafioso Irresistível ( Em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora