Capítulo 9

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Capítulo 9
*Sem revisão

Sentada na beira da piscina, observando as estrelas, me peguei pensando se tudo não passava de uma brincadeira do destino. Um dia, o garoto prometeu que eu seria dele, mesmo que não tenha completado a frase, no íntimo dele a promessa foi selada. No entanto, o garoto tinha se tornado um homem. O tempo passou e estava custando a acreditar que aquele sentimento ainda permanecia intacto. Eu estava tão confusa...
— Meu reino por seus pensamentos... — ao escutar a voz de Salvatore, os pelos do meu corpo de arrepiaram — está com frio? — ele não esperou eu responder, já foi tirando o terno e colocando sobre os meus ombros. O perfume dele era delicioso, mas parecia tão errado eu aceitar aquele gesto.
— Obrigada... — não o encarei nos olhos, fiquei apenas balançando minhas pernas dentro da água, com as mãos apoiadas na borda.
— Desculpa se eu a assustei quando expliquei... Você sabe... — vi quando ele tirou os sapatos e levantou a barra da calça e sentou ao meu lado. Senti a mão dele ao lado da minha, se eu deixasse a mão perto demais, ele poderia pensa que teria alguma chance, então afastei a mão e terminei de vestir seu terno como se estivesse sentindo muito frio.
— Não precisa pedi desculpas. Eu só tenho que me acostumar com o meu novo mundo. — dei de ombros como se tudo fosse se resolver.
— Se fosse outra pessoa, estaria surtando com tudo isso... — finalmente o encarei e ele estava olhando atento para mim.
— Se eu surtar, vai mudar alguma coisa? Eu vou deixar de ser filha de Enzo Mazzini?
— Você é bem diferente das mulheres que circulam o meu mundo. Talvez por não ter nascido dentro do máfia. Nunca conheci alguém como você, Ana... — em outro momento, eu teria me deixado levar por aquelas palavras, mas tudo que eu conseguia pensar era nas palavras de Vince para mim.
— Bom, eu tenho que ir. O dia foi estressante e me sinto cansada — falei já me afastando dele e ficando de pé. Tirei o terno dele e o entreguei — obrigada, Salvatore. Boa noite.
— Boa noite, Ana — não sei se ele entendeu a forma como me afastei. Só queria que ele ficasse no canto dele e eu no meu, pois já tinha problemas o suficiente para uma vida.
Uma das minhas maiores preocupações era saber como Franz iria convencer meu pai, Enzo, a me liberar da função de sucessora da família. Os dias estavam se passando e ainda não tinha recebido notícias da minha mãe e irmã. Queria tanto escutar a voz dela e poder pedir conselhos sobre o que estava acontecendo... E mesmo que não fossemos melhores irmãs, queria saber como Lolla tem passado.
Será que Enzo Mazzini não se dava conta do que estava fazendo com a minha família? Eu não tinha culpa do acordo absurdo deles! Em parte, isso me deixava muito irritada. Saber que eu estava sendo conduzida o tempo todo para assumir algo que não queria, era angustiante. Uma coisa era eu não gostar de cozinhar, mas ainda assim ter o dom e fazer isso com uma gota de vontade. Outra coisa totalmente diferente, era eu administrar os negócios de um pai que nunca foi presente ou se fez presente na minha vida.
Como eu não tinha jantado, segui direto para cozinha. O ronco da barriga foi assustador, quando peguei a lasanha de carne que Atlas havia guardado na geladeira: um deposito etiquetado com data, hora e sabor. Abri a tampa apenas para sentir o cheiro, que estava espetacular. Coloquei dentro micro-ondas e liguei o time. Em um copo botei o suco de uva, enquanto esperava o tempo passar com paciência...
— No que ele pensou, quando me falou aquelas coisas... — falei para mim, no meu monólogo existencial — ele não pode me fazer isso.
O micro-ondas avisou que o tempo havia terminado e fui retirar o depósito de dentro.
— Eu pensei que você iria me escutar... — das sombras dos quintos dos infernos, surge Vince para perturbar a minha paz e o meu jantar. Por pouco não derrubei a lasanha no chão com o susto que levei.
— Você sempre aparece como satanás, para infernizar meu juízo? — respirei fundo, botando o depósito em cima da bancada, tomando fôlego para pode encarar ele.
— Que eu saiba, é você quem faz isso. Aparece do nada no meu quarto... Faz a boa moça, eu falo o que se passou no passado e foge logo em seguida — Vince conseguia ser irônico e ao mesmo tempo, irritante. Um filho da puta presunçoso, mas gostoso.
— Eu escutei sim. Só disse não a tudo... — olhei para ele, que estava parado na entrada da cozinha, encostado na porta de braços cruzados. Ele não deveria estar ali. Deveria estar deitado, repousando. O que Vince tinha passado, não era grave, porém precisava de descanso — o que você está fazendo aqui?
— Preocupada? — arqueou a sobrancelha para mim, me desafiando a entrar no jogo dele. Se eu entrasse, não teria mais volta. No entanto, seria um jogo perigoso para nós dois.
— Eu já disse que é provável eu ter um casamento arranjado, Vince. Se isso for para manter a minha família segura, não vou pensar duas vezes antes de escolher de que lado vou ficar...
— Não pediria para você escolher entre sua família e eu, Ana... — falou descruzando os braços, vindo na minha direção. Eu não deveria ter deixado ele se aproximar, porém foi mais forte. Suas mãos estavam segurando meus braços e ele olhando os meus olhos. Havia tanta sinceridade neles, que a vontade de chorar brotou dentro de mim, mas me segurei para isso não acontecer.
— Se eu começar a amar você, como vou fazer para esquecer? Não quero passar pelo mesmo que a minha mãe...
— Você sabe o motivo da sua mãe não ter casado com o meu pai? — perguntou ainda olhando para mim.
— Vince, isso me parece tão particular deles, que...
— Foi culpa minha.
Como assim culpa dele? Do que eles estava falando?
— Na primeira oportunidade, meu pai amou loucamente a sua mãe. Mas as coisas não iam bem por causa do conselho da máfia. Inessa estava prometida a Enzo, mas amava outro homem.
— Então, como pode ser culpa sua? Tudo caminhava para que ela obedecesse as regras impostas.
— Se ele não tivesse aceitado a ordem do conselho e se casado com a minha mãe... Eu não teria nascido e nem atrapalhado o amor deles.
Que besteira ele estava falando?
— Que pensamento mais absurdo, Vince!
— Depois que a minha mãe faleceu, achei de verdade, que eles finalmente ficariam juntos... Mas Inessa não o quis.
— Talvez tenha sido por causa do acordo entre eles — tentei argumentar, pegando na sua mão — por isso você tinha aquele jeito sofrido, quando nos encontramos a primeira vez? Por achar que é sua culpa?
— Eu amo o meu pai, Ana. Mas acho que a vida dele já é ruim o suficiente. Me tornei alguém de quem não me orgulho muito.
— Não diga isso... — droga... Eu estava amolecendo.
— Sou uma versão dele, só que mais cruel.
— Cruel do tipo que mata gente e palita os dentes com os ossos? — encolhi os ombros e dei um sorriso sem graça para ele.
— Do tipo que nem os ossos sobram, Ana.
Engoli no seco.
— Só queria ter você ao meu lado, me mostrando a luz no final do túnel...
— Vince, eu não... — tentei me afastar dele, mas ele segurou a minha mão e me puxou para ficar meu próximo ao seu corpo.
— Temos poucos dias... Vamos aproveitar o tempo que ainda nos resta, para ficarmos juntos... — o calor do seu corpo dominava o meu.
— Vou ter que me preocupar com você e suas atividades extracurriculares, como aquela do escritório? — um sorriso largo foi aparecendo em sua boca perfeita.
Eu estava fodida duplamente.
— Enquanto não apareceu a certa, fui me divertindo com as erradas — tinha tanta expectativa em seu olhar, que me derreti por completo. Se eu o queria, não pensaria na merda que estava fazendo naquele momento. Se eu pensasse demais, acabaria fugindo como fiz mais cedo.
— Essa foi a resposta mais ordinária que já escutei na minha vida... — levei minha mão ate seu rosto e segurei-o.
— Prometo não fazer você escolher nada. Prometo ser somente seu, se assim quiser. Prometo ser um bom homem, apenas para você. E se alguém se meter no que temos, que Deus tenha piedade da alma desse pobre coitado... — não esperei ele terminar de fazer as várias promessas, o puxei para um beijo demorado, onde tudo pelo o quê eu estava passando, se esvaiu.

Mafioso Irresistível ( Em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora