Capítulo 19
Precisei de muita coragem para partir. Me despedi da minha mãe, sabendo que talvez eu não fosse voltar mais. Enzo Mazzini poderia me prender contra a minha vontade e eu nunca mais veria a luz do sol. Parecia exagero da minha parte, nas não era. Do meu lado, dirigindo, estava Vince. Jamais pensei que chegaria a este ponto, no entanto, aqui estava eu, indo de encontro ao meu possível carrasco. Seria muito ilusão achar que ele, o meu pai, me escutaria mesmo sem nunca ter tido qualquer contato comigo? Eu não deveria deixar esses questionamentos flutuarem na minha mente, isso só faria com que eu tivesse medo. E medo não era uma opção naquele momento. Ainda tinha a questão da minha irmã ter sumido, aquela irresponsável não tinha ideia do perigo que estava correndo.
Lolla não pensou na nossa mãe ou no fato de estarmos em conflitos familiares, e eu poderia até tentar entender o lado dela, já que ela sempre foi a mais aventureira da família. Porém, ela já era uma mulher adulta e deveria tomar para si, as consequências de seus atos, já que ela sempre deixava um rastro de destruição emocional por onde passava. Até perece que ela nunca saiu da fase adolescente, estava sempre querendo aparecer ou ser melhor que alguma colega com a vida financeira boa.
Eu amava a minha irmã, mas ela tinha que parar de pensar apenas no umbigo dela e pensar na nossa família, e seria ótimo que ela fosse uma fosse uma pessoa melhor, menos rancorosa ou cheia de inveja. Talvez eu estivesse irritada demais e pensando demais nos defeitos dela, ou não. Talvez ela sempre tenha sido assim, e nós, como uma boa família que somos, passamos a mão na cabeça dela, achando que tudo não passava de uma fase e que logo iria se resolver: não foi bem assim que aconteceu.
— Você está bem, Ana? — Vince quis saber. Mesmo de olho na estrada, sabia quando eu não estava bem.
— Só pensando na inconsequente da minha irmã... — resmunguei suspirando e tentando não surtar com tudo.
— Se serve de consolo, meu primo, o que o meu pai confiava para me monitorar e administrar os negócios, tentou nos matar — eu não consegui segurar a risada alta. Se não fosse tão trágico, seria realmente engraçado — e ainda tinha uma queda pela mulher que eu amo, você acredita? — de repente, Vince se tornou a tia velha fofoqueira, e eu gostei. Pois mesmo que tudo estivesse difícil, ele estava ali ao meu lado para me apoiar, deixando o ar menos pesado.
— Eu jamais ficaria com ele — eu disse com o sorriso menos alegre.
— Ele se apaixonou por você, Ana — não seria bem uma revelação, mas fiquei um pouco em choque com Vince falando aquilo. Ele era a última pessoa que eu imaginaria falando tal coisa — afinal, que homem não se apaixonaria por você? Uma mulher encantadora, engraçado, gostosa e o melhor de tudo, inteligente. Eu amo o seu cérebro, claro, amo o seu corpo também... Mas você é única. Não deixa ninguém falar como deve ser a sua vida, mesmo com tudo que está acontecendo. E nem vou falar do fato de você estar indo enfrentar o seu pai... é corajosa e eu amo tudo em você.
— Você falando assim, até parece que eu sou outra pessoa. Mas me tornei outra pessoa, quando tudo isso começou e o meu coração já tinha sido ganho por outro — olhei de soslaio para vê a reação dele, e lá estava o sorriso que eu pagaria bilhões — ele era um safado, metido a rico, que agora eu vejo o tamanho do seu coração.
— Agora sou um safado só seu e quanto ao rico, ele nunca moldou quem eu sou por dentro — Vince disse e continuou a falar — eu me apaixonei assim que a vi, com aquele ar de superioridade em saber lavar pratos então... — Vince estava animado com a nossa conversa, enquanto dirigia e seguia o trânsito fluente já próximo ao nosso destino. Faltavam apenas alguns minutos e aproveitamos da melhor forma possível.
— Se tudo der certo, eu queria pedir algo a você — eu estava meio que incerta em como pedir, mas certa sobre o que queria.
— Eu não vou desistir de você, Ana — disse ele rapidamente, já ficando sério. O sinal fechou e foi a minha vez de falar:
— Você casa comigo, se a gente não morrer hoje? —Vince virou a cabeça para olhar para mim rápido, e me encarou com os olhos arregalados de surpresa.
— Por Deus, mulher... — as palavras saíram da sua boca quase esganiçada — não dava para esperar eu fazer isso? Imaginei um monte de coisa melosa... — as buzinas dos carros atrás, fizeram ele parar de falar e seguir o caminho.
— Não preciso de coisas melosas. Eu preciso do seu sim e que fique comigo e me proteja, assim como eu farei com você — expliquei.
— A minha resposta eu dou quando você sair da mansão do seu pai — ele ainda parecia bem impressionado com a minha atitude.
— A sua resposta é sim. Para quê prolongar isso? — questionei fingindo estar aborrecida.
— Me recuso a responder — respondeu estacionando em frente a um portão de ferro preto enorme. Nele, tinha o brasão da família, e Deus, como aquela mansão era grande — uma coisa de cada vez, certo?
— Certo — a parte mais difícil seria aquela: me despedir dele sem saber o que iria acontecer em seguida. Infelizmente eu não tinha uma bola de cristal e nem era medium.
Ele se ajeitou no banco, ficando de frente para mim e pegou as minhas mãos. Como era bom sentir o calor do seu toque.— Amo você, Ana — disse com sinceridade, dava para perceber cada emoção direcionada à mim, com o seu toque e seu olhar — lá dentro não vai ser fácil. Tomos um conselho rígido quanto a abrir exceções dentro das famílias, pois envolve muito dinheiro.
— A duas únicas coisas que eu quero são a minha liberdade e você, apenas isso. Não vou me negar a administrar nada, mas quero a liberdade de poder ficar com quem eu amo de verdade... — expliquei, mesmo sabendo que ele já sabia de tudo aquilo que falei.
— Se eu pudesse entrar com você... — lamentou ele, com a voz triste e ao mesmo tempo, revoltado com o fato de não poder me acompanhar.
— Prometo que serei forte por nós dois — tentei tranquilizá-lo, apesar de que não estava dando certo.
— Não saio daqui até poder beijar você novamente, minha Ana — disse me tomando em seus braços e me beijando como se aquele fosse o nosso último beijo. E foi tão bom, que eu não queria que acabasse. Queria que fosse eterno.
— E eu só volto quando puder amar você livremente — falei quando voltamos a nos olhar.
Sabe quando você conhece uma pessoa e sente que ela vai ser o amor da sua vida, mesmo que tudo esteja uma completa meda? Ele era aquela pessoa. Neguei isso por algum tempo, até entender que Vince Castello seria o homem que eu teria meus filhos, netos e envelheceria ao seu lado. Eu não era bem uma romântica, mas tinha lá os meus momentos. A ideia de ter alguém para quem voltar no final do dia, ou até mesmo acordar ao lado, me deixava confortável. Claro, em vários momentos curti a solitude, no entanto, eu queria mais. Compreendia que não teria uma casa de cercas brancas, uma van na garagem e nem uma família normal, mas no final, teríamos um ao outro, e estava muito bom pensar assim.
Sai do carro e deu uma última olhada para trás antes de entrar.
Deixei para trás a minha família e o amor da minha vida, mas esperava que tudo se resolvesse. Meu pai me devia e eu iria cobrar por toda a raiva que eu estava sentindo naquele momento, com toda aquela merda de acordos.
Gostou? Comenta e me segue no insta @debbyscar_
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mafioso Irresistível ( Em andamento)
RomanceNÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS! (Contém cenas eróticas, linguagem explícita e violência). Ela já estava destinada. Sua vida era uma completa mentira até que o passado da sua família foi revelado. Ana sempre quis vivenciar algo diferente, al...