Capítulo 22
Finalmente a porta se abriu. Os olhares estavam direcionados para nós dois e ali, naquele momento, eu soube que seria difícil. Assim que entramos, foi fácil saber quem era Sophia Ferrara. Éramos as únicas mulheres presentes no ambiente e pude vê o quão linda ela era. Uma loira belíssima de olhos castanhos, com o corpo estonteante e bem vestida, em seu vestido vermelho elegante, com um decote sutil, porém, convidativo. Não era para eu estar reparando nessas coisas, mas foi inevitável não babar por ela. Eu só tinha que colocar na minha cabeça que ela era a minha rival e estaria tudo resolvido.
— Vincenzo — todos estavam em silêncio, quando ela pronunciou o nome dele — então é você. O vi por fotos e a sua beleza é ainda mais incrível pessoalmente. Imaginei os nossos filhos... — suspirou ela de forma teatral.
— Sophia, correto? — Vince perguntou, mesmo sabendo o nome dela.
— Sim — ela respondeu, curiosa.
— Não quero ser grosso, mas não pretendo casar ou ter filhos com outra mulher, que não seja a que está ao meu lado — ele explicou de forma tranquila e firme. Até então, eu estava sob os olhares julgadores dos outros integrantes.
— Entendo... — disse saindo de perto de um dos mafiosos, que pela forma que me encarava, só poderia ser o pai dela. Ela andou até nós, e parou faltando pouco centímetros de Vince. Ela o olhou por alguns minutos em silêncio e parecia estar planejando algo. Ele mantinha o olhar distante, em algum ponto da sala, sem manter contato visual com ela.
— E você deve ser a escolhida — indagou Sophia, desviando o olhar para me escanear.
— Eu mesma — eu não iria baixar a mina cabeça por nada no mundo, mas que ela era intimidadora, ela era.
— Me diga, estaria disposta a fazer qualquer coisa para tê-lo? Veja bem... — ela começou a explicar, ainda no mesmo lugar — eu não sou do tipo que abre mão das coisas que eu quero, sem que se haja um pagamento por isso...
— Certo. Imaginei que não — retruquei, sentindo que algo ruim estava por vim.
— Eu só preciso de um filho do seu amado. Uma semana com ele e estamos quites — ela estava louca?! Jamais deixaria Vince ter qualquer envolvimento com aquela mulher. As leis deveriam servir naquele caso também.
— Se você encostar nele... — eu praticamente rosnei na cara dela.
— Não posso fazer isso. Jamais deitaria com você por essa razão ou em qualquer outra circunstância — rebateu ele, dando um passo para trás — eu não posso, pois fiz cirurgia. Se quiser um filho meu, basta ir ao banco, onde congelei o meu material e o seu pedido estará atendido. Se duvida, pode entrar em contato com o meu médico.
— Então nada de sentar em cima de você? Que pena... — Sophia ironizou, com um sorriso maroto — bom, espero que tenha material o suficiente.
Aquela vadia estava achando que a minha paciência tinha sido achava no lixo?
— Provavelmente, vocês estão do lado dessa moça, afinal, ela nasceu e foi criada para ser uma chefe de sua família — comecei a falar, ignorando ela e a cara que ela fez de raiva — mas adivinhem? Eu também fui criada, mesmo que de modo diferente. No meu sangue não corre apenas os Delmondes, mas também, o do Mazzini. Isso me faz ser a única herdeira dele, que por consequência, a futura chefe. A única coisa que eu pedi ao meu pai, foi a liberdade de poder ter o amor do homem ao meu lado — eu discursava com firmeza, olhando para cada um daquela sala, inclusive o meu pai, que parecia orgulhoso — não estou aqui para pedir a permissão de vocês... E nem a dela.
— Você sabe com quais pessoas está falando, mocinha? — Sophia quis me repreender, mas o homem que julguei ser pai dela chamou a sua atenção.
— Já chega, Sophia! — ele devia ter a mesma idade do meu pai. Ele ficou de pé e um burburinho se formou na sala — silêncio, senhores! — bastou apenas um pedido e todos se calaram — e pelo amor de Deus, deixe o homem respirar, minha filha... — o senhor que era a cópia de Sophia, era sério, elegante e nitidamente sem paciência para uma discussão prolongada. Mesmo com raiva, Sophia andou de volta para ficar ao lado do seu pai, me queimando com o seu olhar, quando finalmente se pôs ao lado do pai.
— A sua filha pode ter qualquer pretendente, por quê ela quer ter logo um filho meu? — Vince quis saber.
— Ora, nada mais justo. Você não quer casar com a minha filha, então que me dê um neto — explicou ele — a propósito, sou Antony Ferrara.
— Mas o senhor entende que um filho também é uma ligação entre eles? — franzi o cenho ao questioná-lo.
— Ana, você sabe o poder que é ter um neto vindo dos Castello? Acho que não. Como você disse, não foi criada no meio, então não deve ter conhecimento sobre a situação...
— Do que ele está falando, Vince? — perguntei, sem desviar o olhar da jararaca Sophia blond.
— Seu namorado é a realeza da máfia, querida. Imagina o primeiro herdeiro entre a minha família e a dele? Iremos dominar tudo.
De repente, eu fiquei nauseada. Ela não queria um filho por ser um sonho dela, mas por pura questão de logística. Jamais compactuaria com aquilo.
— Então esse é o seu propósito... — Vince estava ficando muito irritado com aquela conversa — minha mãe fez uma promessa que não foi feita por mim. Não casarei com a sua filha e nem darei o filho que ela deseja. E se não gostam do que acabei de falar, vão todos...
— Meu filho não vai ceder aos caprichos da sua filha, Antony — Franzi entrou na sala como um furacão, acompanhado de Trix e outras cinco pessoas.
— A sua esposa deveria ter pensado... — Antony começou a urrar na sala, porém, logo teve que se calar.
— Não ouse falar nada da minha falecida esposa! Seu monte de bosta! — com a entrada com Franz Castello, o ambiente ficou mais pesado — ela morreu e com ela, a sua promessa. Ninguém tem a obrigação de cumpri-la! Se acha que eu estou brincando com você, Ferrara, olhe o seu celular.
Ferrara ficou pálido em segundos. Ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou de lá o seu celular. Desbloqueou a tela e começou a ler algo, precisando de apoio da sua filha para se sentar novamente.
— Você não fez isso... — disse Antony assustado.
— Fiz. E agora eu sou dono de setenta porcento das ações da sua empresa de fachada. Enquanto você atendia aos caprichos da sua filha mimada, não percebeu que o seu império se tornava meu. E tudo dentro das leis... Afinal, você estava vendendo legalmente as ações — Franz estava pisando na cabeça deles, e todos estavam assistindo um rei pisar com dignidade — só precisamos de tempo...
Tempo? Como assim, tempo? Espera...
— Você armou para mim, seu filho da... — Ferrara estava quase explodindo de raiva e a sua filha, que no início era imponente, se juntou ao pai.
— Veja bem o que vai falar! Você achou mesmo que o conselho iria se opor a união do meu filho com a filha do Mazzini? — Franz questionou andando pela sala, enquanto todos prestavam atenção nele — vão embora, pelo amor de Deus, antes que eu compre o resto da empresa deles e fiquem sem nada!
— Como você disse, eu sou a realeza da máfia, Sophia. Achou mesmo que iria conseguir alguma coisa da minha família? — Vince sorriu pela primeira vez.
Ele também parecia surpreso com a aparição do pai, mas não iria deixar que ninguém notasse.
Procurei pelo meu pai e ele apenas assistia a tudo, com um ar de satisfação. Algo aconteceu em meio a esse tempo que ele conversou com o pai de Vince, só restava saber o quê.
— Reunião encerrada, senhores. Na próxima, eu prometo charutos cubanos de altíssima qualidade — prometeu Mazzini, fazendo todos rirem e o burburinho voltar com força.
— O que está acontecendo? — perguntei quase sussurrando para Vince. Eu parecia uma barata tonta, naquele momento.
— Estou tão intrigado quanto você. Mas não deixem saber disso... — Vince, Franz, meu pai e todos que eram do nosso lado da história, ficamos observando todos irem embora. Antes de irem, eles iam apertar a mão do meu pai e do pai de Vince, para cumprimentá-los com uma genuína admiração.
Quando já estávamos apenas o nosso pessoal, eu os encarei.
— Comecem a explicar — impus assim que eles voltaram a sua atenção para Vince e eu.
— Descobri que o Antony não era tão fiel a causa. Ele andava conversando com outras famílias menores, para tomar o poder de outras. Não admitimos isso — explicou Franz, tirando duas armas da parte de trás da cintura e colocando em cima de uma mesa, para poder se sentar na cadeira.
— E agora vocês resolveram se tornar amigos? — foi a vez de Vince perguntar.
— Tudo pelos filhos — respondeu Mazzini pegando uma garrafa de uísque e dois copos, sentando de frente para o pai de Vince, se servindo e servindo a ele da melhor bebida que o dinheiro pode comprar.
— Uma hora dessas, anos atrás, estaríamos trocando tiros e brigando por causa da sua mãe, Ana — Franz esboçou um sorriso sarcástico.
— Agora somos sócios — informou meu pai, bebendo um pequeno gole da bebida âmbar de saber forte.
— Vocês não tinham como saber que iríamos ficar juntos... — eu resmunguei para os dois.
— Então, minha filha... — Enzo começou a explicar — as negociações vem de antes do relacionamento de vocês. Claro que quando fiquei sabendo, não gostei muito. Porém, o negócio com o pai de Vincenzo, sobre fundir alguns investimentos já tinha sido feito. E ele nem precisava fazer isso... E só tenho a fama de malvado agora.
— De repente, você virou um poodle? — Franz brincou com Mazzini, bebendo um gole generoso do uísque.
— Não confunda tratado de paz, com burrice, Castello. Eu sei o que estava em jogo, e não queria perder a oportunidade de conhecer a minha filha novamente — disse Enzo, terminando a sua bebida e deixando o copo de lado.
— E agora, tudo resolvido entre vocês e a minha mãe? — eu quis saber, ainda não acreditando na situação, que parecia mais um conto de fadas.
— A sua mãe aceitou casar comigo, Ana — tá, Franz tinha que saber que, antes de dar uma notícia dessas, primeiro você sente a pessoa que vai receber — Mazzini já tem o que ele queria, que é a filha dele...
— Isso é verdade. Amei a sua mãe, mas da maneira errada. Ela precisa ser feliz com quem ela gosta. Sem contar o fato de que, ela sempre amou o Franz e eu fiquei com fama de corno, depois... — Enzo de ombros, como se nada mais importasse — se eu soubesse o tempo que iria perder, longe de você, jamais teria feito o que fiz.
— Vocês têm tempo o suficiente, agora — Franz falou, se levantando e pegando as suas armas, colocando-as de volta na cintura — cuide tão bem dela, quanto eu fiz com a sua mãe.
— Ou eu mesmo arranco o seu intestino e jogo o seu corpo no mar — Enzo ameaçou Vince, ao se levantar também — bom, tenho outros assuntos para resolver. Fiquem o tempo que precisarem. E depois, quero trocar algumas palavras com a Ana.
— Tudo bem — respondemos ao mesmo tempo, e vimos ele sair da sala.
Trix me encarava com preocupação, e eu sabia que havia algo mais ali.
— Existe algo mais, não existe? — perguntei angustiada.
— Encontramos a sua irmã — informou Franz, quando o meu pai saiu da sala, deixando apenas os outros e eu.
— Quero vê-la — falei começando a ficar emocionada. Eu juro que daria um soco nela, se ela estivesse na minha frente, pela irresponsabilidade dela, depois de abraçá-la.
— Calma... — disse Trix, se aproximando com a permissão de Franz — acho que não é bem uma alegria saber onde ela está.
— Digam logo — pediu Vince, sem paciência.
— Lucca apareceu e nos disse o que houve com ele... Que por pouco não foi morto pelo próprio irmão, Ana — Trix começou a explicar — todo esse tempo, a sua irmã estava com o Salvatore.
— A sua mãe teve que mudar de esconderijo, pois, pelo jeito, eles podem usar ela contra você... — Franz olhou para mim ao falar e dava para notar a decepção que ele sentia do sobrinho.
— Eu não vou deixar que eles machuquem ninguém e nem a Ana — Vince prometeu, e dava para perceber o quanto ele estava arrasado com a situação.
Não poderia ser. Não... Não estava acreditando no que ela estava me revelando.
Só podia ser uma piada ruim.
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Mafioso Irresistível ( Em andamento)
RomanceNÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS! (Contém cenas eróticas, linguagem explícita e violência). Ela já estava destinada. Sua vida era uma completa mentira até que o passado da sua família foi revelado. Ana sempre quis vivenciar algo diferente, al...