— Merda. – Suna sussurrou irritado, fazendo um estalo com a língua enquanto mandava o último comprimido do pacotinho para dentro. Ele não deveria ter os tomado tão rápido.
Encarando a própria feição no espelho, sentiu quase repulsa, um embrulho no estômago ao encarar o desconhecido no reflexo. Mas logo passaria, em questão de minutos, o remédio faria efeito e ele ficaria bem consigo mesmo de novo, por pelo menos, algumas horas, era o suficiente.
Destrancou a porta do banheiro, você ainda dormia desde a hora que se deitaram e já era pouco mais de nove da manhã. Suna se sentia aliviado de você estar melhor, por ora. Enquanto preparava seu café, mesmo levemente letárgico e com seus movimentos atrapalhados pela droga, pensava no que faria com você.
Era claro que havia sido um episódio depressivo e ele ficava péssimo em saber que não tinha ideia em como te ajudar a superar. Mas decidiu que falaria com você depois que acordasse e apenas se estivesse melhor.
Com o sol batendo diretamente no seu rosto, você não teve outra escolha a não ser acordar, por mais cedo que fosse. Soltou um suspiro cansado, esfregando os olhos e se levantando com um pouco de dificuldade, sentia-se tonta pela falta de comida. Foi ao banheiro, fazendo o que precisava e seguiu até a cozinha, sentindo um sorriso nascer no rosto ao ver Suna arrumando a mesa.
— Bom dia. – ele disse sorridente. – Tá melhor? – se aproximou, você o abraçou quando já estava perto.
— Uhum. – murmurou, sentindo as mãos dele acariciarem suas costas. – Acho que sim.
— Ótimo. – ele sorriu, se afastando e segurando gentilmente seu rosto, te dando um selinho demorado. – Fiz seu café e eu não aceito desculpas, vai comer.
Você não contestou, apenas o seguiu até a cozinha e se sentou, vendo o prato já feito com o café. Suna comeu com você, dividiram o mesmo prato já que você não conseguiria comer tudo, pelo menos, não agora.
— Eu adiantei minhas férias. – ele disse, enquanto lavava louça. – Assim eu fico mais tempo com você.
— Não precisava, Rin. Eu consigo ficar bem até você voltar do trabalho.
— Eu sei que consegue. – ele sorriu. – Mas eu quero passar mais tempo com você e já aproveito que tá de férias também. – deu de ombros, você apenas o respondeu com um sorriso. – Você não quer conversar com alguém? – perguntou sutilmente, com a voz serena.
— Como assim?
— Com um profissional. Você sabe que precisa.
— Não, não quero não. Foi só um fim de semana ruim, não é preocupante.
— Claro que é. – ele terminou de colocar a louça do escorredor, enxugando as mãos. – Você não conseguia sair da cama, [Nome], como isso não é preocupante?
— É passageiro, todo mundo tem um dia ruim. – o respondeu, já ficando farta desse assunto.
— Mas isso não foi só um dia ruim! Você é mais esperta do que isso, amor, qual é, sabe bem o que aconteceu. – ele se sentou na cadeira ao seu lado, de frente para você, colocando uma mão na sua coxa, acariciando a pele exposta.
— Não sei do quê você tá falando. – desviou o olhar, só queria ele parasse de falar sobre.
— [Nome]... – ele respirou fundo, levando a mão até seu rosto e o virando lentamente até você o encarar mais uma vez. – É sério, você precisa de ajuda.
— Para. – você se levantou. – Para de falar. – pediu de novo, indo em direção ao seu quarto. Suna soltou um longo suspiro, vendo você se afastar e fechar a porta quando entrou. Ele apoiou os cotovelos em cima da mesa, segurando a cabeça com as mãos, respirando fundo algumas vezes.
Você nunca foi tão teimosa assim, ele sabia disso, se não queria falar sobre o assunto, ele tinha que saber melhor, era algo que realmente te incomodava. Passado alguns minutos, ele tomou coragem para se levantar e ir até o quarto, batendo na porta e entrando. Você estava deitada de novo, encarando a vista da janela.
— Desculpa. Eu sei que você tá preocupado.
— É claro que estou. – ele se sentou ao seu lado, te puxando, fazendo você usar suas coxas como travesseiro. – Vou te levar pra almoçar fora hoje, comida chinesa.
— Quem gosta de comida chinesa é você.
— Você também, nem vem. – ele deu risada. – Depois a gente vai dar uma volta de carro por aí, você precisa tomar um ar. E de noite... Hmm... A gente decide até lá.
— Já decidiu o nosso dia todo e nem falou comigo?
— Sim. – ele deu de ombros. – Alguma objeção, por acaso?
— Não, claro que não. – deu risada, bocejando e voltando a se sentar, agora no meio das pernas dele, com as costas apoiadas em seu peitoral.
Passaram a manhã conversando, trocando alguns carinhos e Suna fazia de tudo pra te manter ocupada, você o agradecia por isso. Na hora do almoço, fizeram como ele havia dito, almoçaram no restaurante que ele mais gostava, claro, o dia era supostamente sobre você, mas você não ligou de comer a comida favorita dele, a feição feliz do moreno enquanto degustava do seu prato preferido fez valer a pena.
E agora ele dirigia sem rumo, como havia dito. Só metade da sua janela estava abaixada, o dia estava frio e acinzentado, com certeza choveria depois, mas o vento gelado batendo diretamente contra o seu rosto era agradável, seus pulmões agradeciam. Nothing's Gonna Hurt You Baby, Cigarrettes After Sex, tocava em um volume moderado, você apenas a ouvia enquanto apreciava a paisagem das árvores e a estrada vazia.
Quando ele estacionou, você reconheceu o lugar de primeira. Fazia anos que não ia ali. O mesmo mirante qual tiveram sua primeira vez, com a vista bonita da cidade e tão apreciada por Rintarou.
Mesmo que você percebesse que ele estava um pouco diferente, ficava calado mais do que o normal e muitas vezes, parecia quase em outro mundo, você precisava chama-lo umas três vezes até ele voltar a realidade, coisas como essa, te tranquilizavam e te faziam ter certeza, que por mais diferente que ele estivesse, o Suna o qual você amava ainda estava ali.
Mas você sabia que não importava o tanto que ele mudasse, você amaria todas as suas versões.
— De noite é mais bonito. – ele disse, se deitando em cima de você, ainda dentro do carro, não parecia tão confortável, mas ele só queria ficar perto. – Mas estar com você é o que importa aqui. – você sorriu ao ouvir.
— Acho que eu nunca vou me sentir tão bem com outra pessoa igual eu me sinto com você. – sua voz saiu mais baixa do que esperava, mas não se importou, só começou a passar os dedos pelos fios escuros.
— Você não precisa mais pensar em como vai se sentir com outra pessoa. – ele respondeu. – Nunca mais vou sair do seu lado, já te disse.
Você soltou um riso fraco, concordando com ele. Não conversaram mais, só a presença um do outro bastava agora, na verdade, Suna praticamente dormia em cima de você. Com os pingos grossos da chuva começando a cair no carro, ele abriu os olhos, prestando atenção nas gotas que escorriam no vidro.
— Vem cá. – ele se levantou, abrindo a porta e saindo do carro. Você o olhou confusa, o vendo dar a volta do carro e abrir a porta pra você. – Vem! – te puxou para fora, antes, aumentando o som do carro.
— O que você vai fazer?! A chuva só aumenta, Rin, não inventa. – revirou os olhos, sentindo um arrepio no corpo quando as gotas geladas caíram sobre você.
— Eu... – começou a dizer enquanto mexia no celular. – Vou dançar com você.
Apocalypse, começou a tocar, vindo de dentro do carro. Suna sorriu, bloqueando o celular e o colocando no bolso do moletom, te puxando para um abraço apertado e movendo seus corpos lentamente. Você deu risada, o abraçando pela cintura e não resistindo, por mais que estivesse frio e vocês estivessem se molhando mais devido à chuva que só aumentava, não tinham vontade de sair dali.
Naquele momento, você se sentia segura, mais do que nunca, sabendo que nunca mais sairia dos braços dele de novo.
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𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 𝐈𝐍 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓, suna rintarou
Fanfictionart da capa @blaccmochi no twitter Mesmo vocês sendo os próprios culpados por seus corações quebrados, talvez não tivessem mais conserto. Algumas coisas foram feitas para serem passageiras e não permanentes.