Capítulo 5

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— Merda. – Suna sussurrou irritado, fazendo um estalo com a língua enquanto mandava o último comprimido do pacotinho para dentro. Ele não deveria ter os tomado tão rápido.

Encarando a própria feição no espelho, sentiu quase repulsa, um embrulho no estômago ao encarar o desconhecido no reflexo. Mas logo passaria, em questão de minutos, o remédio faria efeito e ele ficaria bem consigo mesmo de novo, por pelo menos, algumas horas, era o suficiente.

Destrancou a porta do banheiro, você ainda dormia desde a hora que se deitaram e já era pouco mais de nove da manhã. Suna se sentia aliviado de você estar melhor, por ora. Enquanto preparava seu café, mesmo levemente letárgico e com seus movimentos atrapalhados pela droga, pensava no que faria com você.

Era claro que havia sido um episódio depressivo e ele ficava péssimo em saber que não tinha ideia em como te ajudar a superar. Mas decidiu que falaria com você depois que acordasse e apenas se estivesse melhor.

Com o sol batendo diretamente no seu rosto, você não teve outra escolha a não ser acordar, por mais cedo que fosse. Soltou um suspiro cansado, esfregando os olhos e se levantando com um pouco de dificuldade, sentia-se tonta pela falta de comida. Foi ao banheiro, fazendo o que precisava e seguiu até a cozinha, sentindo um sorriso nascer no rosto ao ver Suna arrumando a mesa.

— Bom dia. – ele disse sorridente. – Tá melhor? – se aproximou, você o abraçou quando já estava perto.

— Uhum. – murmurou, sentindo as mãos dele acariciarem suas costas. – Acho que sim.

— Ótimo. – ele sorriu, se afastando e segurando gentilmente seu rosto, te dando um selinho demorado. – Fiz seu café e eu não aceito desculpas, vai comer.

Você não contestou, apenas o seguiu até a cozinha e se sentou, vendo o prato já feito com o café. Suna comeu com você, dividiram o mesmo prato já que você não conseguiria comer tudo, pelo menos, não agora.

— Eu adiantei minhas férias. – ele disse, enquanto lavava louça. – Assim eu fico mais tempo com você.

— Não precisava, Rin. Eu consigo ficar bem até você voltar do trabalho.

— Eu sei que consegue. – ele sorriu. – Mas eu quero passar mais tempo com você e já aproveito que tá de férias também. – deu de ombros, você apenas o respondeu com um sorriso. – Você não quer conversar com alguém? – perguntou sutilmente, com a voz serena.

— Como assim?

— Com um profissional. Você sabe que precisa.

— Não, não quero não. Foi só um fim de semana ruim, não é preocupante.

— Claro que é. – ele terminou de colocar a louça do escorredor, enxugando as mãos. – Você não conseguia sair da cama, [Nome], como isso não é preocupante?

— É passageiro, todo mundo tem um dia ruim. – o respondeu, já ficando farta desse assunto.

— Mas isso não foi só um dia ruim! Você é mais esperta do que isso, amor, qual é, sabe bem o que aconteceu. – ele se sentou na cadeira ao seu lado, de frente para você, colocando uma mão na sua coxa, acariciando a pele exposta.

— Não sei do quê você tá falando. – desviou o olhar, só queria ele parasse de falar sobre.

— [Nome]... – ele respirou fundo, levando a mão até seu rosto e o virando lentamente até você o encarar mais uma vez. – É sério, você precisa de ajuda.

— Para. – você se levantou. – Para de falar. – pediu de novo, indo em direção ao seu quarto. Suna soltou um longo suspiro, vendo você se afastar e fechar a porta quando entrou. Ele apoiou os cotovelos em cima da mesa, segurando a cabeça com as mãos, respirando fundo algumas vezes.

Você nunca foi tão teimosa assim, ele sabia disso, se não queria falar sobre o assunto, ele tinha que saber melhor, era algo que realmente te incomodava. Passado alguns minutos, ele tomou coragem para se levantar e ir até o quarto, batendo na porta e entrando. Você estava deitada de novo, encarando a vista da janela.

— Desculpa. Eu sei que você tá preocupado.

— É claro que estou. – ele se sentou ao seu lado, te puxando, fazendo você usar suas coxas como travesseiro. – Vou te levar pra almoçar fora hoje, comida chinesa.

— Quem gosta de comida chinesa é você.

— Você também, nem vem. – ele deu risada. – Depois a gente vai dar uma volta de carro por aí, você precisa tomar um ar. E de noite... Hmm... A gente decide até lá.

— Já decidiu o nosso dia todo e nem falou comigo?

— Sim. – ele deu de ombros. – Alguma objeção, por acaso?

— Não, claro que não. – deu risada, bocejando e voltando a se sentar, agora no meio das pernas dele, com as costas apoiadas em seu peitoral.

Passaram a manhã conversando, trocando alguns carinhos e Suna fazia de tudo pra te manter ocupada, você o agradecia por isso. Na hora do almoço, fizeram como ele havia dito, almoçaram no restaurante que ele mais gostava, claro, o dia era supostamente sobre você, mas você não ligou de comer a comida favorita dele, a feição feliz do moreno enquanto degustava do seu prato preferido fez valer a pena.

E agora ele dirigia sem rumo, como havia dito. Só metade da sua janela estava abaixada, o dia estava frio e acinzentado, com certeza choveria depois, mas o vento gelado batendo diretamente contra o seu rosto era agradável, seus pulmões agradeciam. Nothing's Gonna Hurt You Baby, Cigarrettes After Sex, tocava em um volume moderado, você apenas a ouvia enquanto apreciava a paisagem das árvores e a estrada vazia.

Quando ele estacionou, você reconheceu o lugar de primeira. Fazia anos que não ia ali. O mesmo mirante qual tiveram sua primeira vez, com a vista bonita da cidade e tão apreciada por Rintarou.

Mesmo que você percebesse que ele estava um pouco diferente, ficava calado mais do que o normal e muitas vezes, parecia quase em outro mundo, você precisava chama-lo umas três vezes até ele voltar a realidade, coisas como essa, te tranquilizavam e te faziam ter certeza, que por mais diferente que ele estivesse, o Suna o qual você amava ainda estava ali.

Mas você sabia que não importava o tanto que ele mudasse, você amaria todas as suas versões.

— De noite é mais bonito. – ele disse, se deitando em cima de você, ainda dentro do carro, não parecia tão confortável, mas ele só queria ficar perto. – Mas estar com você é o que importa aqui. – você sorriu ao ouvir.

— Acho que eu nunca vou me sentir tão bem com outra pessoa igual eu me sinto com você. – sua voz saiu mais baixa do que esperava, mas não se importou, só começou a passar os dedos pelos fios escuros.

— Você não precisa mais pensar em como vai se sentir com outra pessoa. – ele respondeu. – Nunca mais vou sair do seu lado, já te disse.

Você soltou um riso fraco, concordando com ele. Não conversaram mais, só a presença um do outro bastava agora, na verdade, Suna praticamente dormia em cima de você. Com os pingos grossos da chuva começando a cair no carro, ele abriu os olhos, prestando atenção nas gotas que escorriam no vidro.

— Vem cá. – ele se levantou, abrindo a porta e saindo do carro. Você o olhou confusa, o vendo dar a volta do carro e abrir a porta pra você. – Vem! – te puxou para fora, antes, aumentando o som do carro.

— O que você vai fazer?! A chuva só aumenta, Rin, não inventa. – revirou os olhos, sentindo um arrepio no corpo quando as gotas geladas caíram sobre você.

— Eu... – começou a dizer enquanto mexia no celular. – Vou dançar com você.

Apocalypse, começou a tocar, vindo de dentro do carro. Suna sorriu, bloqueando o celular e o colocando no bolso do moletom, te puxando para um abraço apertado e movendo seus corpos lentamente. Você deu risada, o abraçando pela cintura e não resistindo, por mais que estivesse frio e vocês estivessem se molhando mais devido à chuva que só aumentava, não tinham vontade de sair dali.

Naquele momento, você se sentia segura, mais do que nunca, sabendo que nunca mais sairia dos braços dele de novo.

𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 𝐈𝐍 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓, suna rintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora