Depois de ter estado com Daniel durante o final da tarde as minhas preocupações iniciais de quais seriam as suas intenções ao querer que eu vá com ele ao Paddock tinham diminuído. Nunca terei a certeza das intenções dele se não lhe der uma hipótese, talvez este meu medo daquilo que possam ser as intenções dos outros foi o que me fez ficar solteira durante todos estes anos. Vou dar ao Daniel essa oportunidade. Porque ao Daniel? Não sei. É apenas a segunda vez que estou com ele, talvez seja a maneira leve e divertida com que ele lida com a vida que me faz dar-lhe este pedacinho de mim. A minha confiança.
- Sim - disse baixinho, por estar algo envergonhada e também com algum receio de me poder vir arrepender desta escolha.
- Não precisas de estar com vergonha - disse o piloto a tentar encontrar os meus olhos com os seus e com um leve sorriso nos lábios - fico feliz que essa tenha sido a tua escolha. - ficámos algum tempo a contemplar as ondas à luz da lua até que eu decido interromper o silêncio.
- Se não fosses piloto o que gostarias de estar a fazer agora?
- Boa pergunta - diz enquanto baixa a cabeça e brinca na areia com o indicador direito - talvez dedicasse os meus dias numa quinta que tenho na Austrália.
- Tu tens uma quinta? Que incrível, nunca pensei que tivesses uma quinta - fiquei realmente admirada com este facto sobre ele. Sempre vivi numa pequena aldeia junto à cidade de Coimbra e sempre reparei que os meus amigos da cidade não sabiam praticamente nada sobre o campo e por isso assumi que ele era só mais um rapaz citadino.
- É assim tão estranho para ti o facto de eu ter uma quinta? - disse o piloto olhando para mim.
- Sei que não é correto julgar os outros antes de os conhecer, mas a verdade é que pensei que os pilotos de formula 1, com toda a sua vida cheia de luxos, não gostassem da vida mais rural - olhei para ele assim que terminei de falar e ele retribui o olhar com um ligeiro sorriso no rosto.
- Mas eu sou especial - diz dando uma grande gargalhada - já devias saber que sou o melhor piloto.
Assim que Daniel acaba de falar já estou a revirar os olhos em protesto com a sua extrema presunção. Não sei se ele realmente tem um imenso amor próprio ou se apenas usa isto como um escudo para se proteger dos outros, na minha inocência, achava impossível alguém ser assim tão convencido. Talvez também pense isto porque desde sempre tive problemas com autoestima e às vezes chego a pensar que o problema é meu e que ele é que esta certo em depositar tanta confiança em si mesmo.
- Não consigo perceber como é que consegues ser assim tão convencido - admito enquanto junto os joelhos ao peito para poder pousar a cabeça e para tentar ficar mais aquecida - não te quero criticar, simplesmente nunca tive muita autoestima e é difícil para mim perceber quem se consegue amar assim tanto.
- Não consigo perceber como é que é possível tu cresceres sem autoestima - ele admite perdendo um pouco do seu sorriso e dando um ar mais sério ao tema - estás com frio?
Baixo o olhar para os meus pés numa tentativa de ele deixar o tema de lado, uma vez que, ainda é um assunto que mexe muito comigo e com a qual não consigo lidar muito bem. Apesar de ter ouvido a pergunta do piloto o meu cérebro criou um bloqueio no tema da autoestima impossibilitando-me de responder e sem perceber começo a tremer com o frio que se fazia sentir. O australiano coloca as mão no chão como forma de impulso para que se consiga chegar mais perto de mim.
-Importas-te que coloque o meu braço a tua volta para te tentar aquecer? - Daniel pergunta inclinando a cabeça para que me pudesse olhar nos olhos. Digo que sim mas num tom tão baixinho que mal foi percetível. Ele dá um ligeiro sorriso e coloca o seu braço direito nos meus ombros e encosta a cabeça junto da minha, numa tentativa de diminuir o espaço entre nós e consequentemente tentar um aumento do calor dos nossos corpos.
Ficámos assim cerca de meia hora até eu quase adormeci e ele se ofereceu para me levar até ao hotel. Aceitei a proposta, uma vez que estava cansada e tinha algum receio de não conseguir chegar até ao quarto. O australiano deixou-me à porta do hotel e eu rapidamente subi para poder tirar a roupa e deitar-me na cama.
Amanheceu mais um dia ensolarado em Portimão e eu estou bastante entusiasmada para os planos do dia hoje. Tenho uma marcação para fazer uma viagem de barco pela famosa caverna de Benagil.
Amarrei o meu castanho e encaracolado cabelo num coque, coloquei um vestido branco, calcei umas sandálias das Havaianas e coloquei os meus pertences numa pequena carteira á prova de água. Mais tarde desci para conseguir comer antes de ir para o cais apanhar o barco.
A viagem de duas horas pelas águas claras de Portimão foi magnifica e valeu cada cêntimo que investi. Após o passeio almocei num restaurante que há junto ao cais e depois fui dar uns bons mergulhos na praia.
O resto da semana fui visitando as várias praias que há junto ao hotel e acabei por ir acompanhando os treinos e a qualificação da formula 1 pelo telemóvel. Daniel ficou em quarta posição para começar a corrida de amanhã.
Amanhã irei com Daniel para o Paddock e antes de dormir deixei já tudo organizado para não correr o risco de adormecer e de me atrasar. Deixei no cadeirão que está junto à televisão umas mom jeans, uma t-shirt cinzenta básica, as all stars brancas, uns pequenos brincos dourados e um colar com uma pequena medalha também dourada.
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O meu mundo de formula 1 - Livro I
FanfictionValentina tem 23 anos e está quase a tornar-se enfermeira. Neste verão decidiu realizar um sonho antigo e viajar sozinha, para as mais bonitas praias do seu país. Foi durante uma das suas caminhadas que o conheceu. Daniel Ricciardo, piloto de formu...