A dor que sentia na minha cabeça era extrema, quase como se tivesse uns trinta sinos a tocar descontroladamente dentro do meu cérebro.
Não consegui abrir ainda os olhos, porque consegui perceber que estava demasiada luz no quarto para os abrir. Só iria piorar a minha dor de cabeça.
Tenho de deixar de beber tanto, ontem foi um exagero, acho que nem nunca tinha ficado tão bêbeda assim.
Tentei mover-me na cama até encontrar uma posição mais confortável para o meu corpo dorido. Mas sem sucesso. Tinha algo a prender-me as pernas e a cintura. Ou alguém.
- Liv, por amor de Deus, saí de cima de mim - pedi-lhe com uma voz sonolenta e a tentar tirar todo aquele peso de cima de mim.
Não se mexeu um centímetro.
Abri os olhos para perceber o porquê de ela não se mexer e o motivo ter ficado subitamente tão pesada.
- Mas que merda! - não era a Liv que estava na cama comigo, mas sim Daniel - que caralho se passou ontem?
Mesmo com os meus gritos, Daniel continuava a dormir sereno. Tínhamos as nossas pernas entrelaçadas e os seus braços estavam a rodear a minha cintura. A dor que sentia em todo o meu corpo impediu-me de continuar a lutar com o corpo dele.
Voltei a poisar a minha cabeça na almofada e lentamente rodei o pescoço para o poder observar. O seu rosto estava sem expressão alguma, estava relaxado, dando-me oportunidade de analisar todos os seus traços. Os seus belos lábios, as sobrancelhas descuidadas e despenteadas, o seu nariz e a sua barba que não era desfeita a talvez uns dois dias.
Passei com o polegar na barba que tinha junto ao queixo e ele estremece com o meu toque.
O que raio estou eu a fazer?
- Daniel, acorda - tento abanar o corpo do piloto para que ele acorde - Danny, acorda! Estou a ficar com o corpo dormente.
Olho para ele e o rosto que a pouco não tinha qualquer expressão tem agora um sorriso.
- Consigo ver que estas a rir - digo-lhe enquanto lhe dou um abanão no ombro - sei que estás acordado.
- Bom dia alegria - diz abrindo os olhos e alargando o seu característico sorriso.
- Só se for para ti, não consigo sentir o meu corpo.
- Alguém acorda bem-disposta logo de manhã - diz com ironia enquanto solta o meu corpo para se espreguiçar.
Reviro os olhos enquanto me sento na beira da cama com alguma lentidão. Fico algum tempo parada numa tentativa de aliviar a dor de cabeça, o que não acontece.
Movo o meu corpo para ficar virada para ele, estava a observar-me, deitado com uma mão entre a almofada e a cabeça e outra sobre o peito.
- O que aconteceu ontem? - pergunto-lhe com alguma urgência na minha voz.
- Nada de mais, pedi ajuda a Olívia para te surpreender, quando te encontrei ontem já estavas bêbeda e achei melhor trazer-te para aqui - o piloto faz uma pausa enquanto se senta na cama - depois de já estares deitada tentei ir embora e tu não me deixaste.
Demasiada informação para o meu cérebro ressacado processar.
- Vamos por partes - digo-lhe enquanto levo a mão direita à cabeça - a Liv ajudou-te a fazer o que?
Daniel levou algum tempo a explicar que desde que partira para Barcelona queria voltar a estar comigo, e que conseguiu contactar a Olívia através do Instagram para obter a ajuda da morena na realização desse desejo. Explicou também que o fez neste fim de semana porque não haveria corrida, estando assim com a sua agenda menos preenchida.
- O objetivo era chegar a tempo de aproveitar a noite contigo na discoteca, mas cheguei tarde de mais - faz uma pausa para coçar o pescoço - quando cheguei já estavas a cair de bêbeda e acompanhada - levanta-se e começa a andar na minha direção - como é que ele se chama? Não mo chegaste a apresentar.
Tenho poucas memorias do que aconteceu ontem a noite, mas se há um momento de que me lembro foi quando o meu olhar se cruzou com o dele. Nesse mesmo momento em que tudo a minha volta tinha desaparecido e eramos só nós os dois. Talvez por causa disso não os tenha apresentado.
Levantei-me da cama e aproximei-me dele. Levantei ligeiramente a cabeça para lhe poder olhar nos seus olhos castanhos.
- Daniel Ricciardo - disse lentamente - estás com ciúmes? - comecei a sorrir e lentamente mordi o meu lábio inferior para o provocar.
- Não faças isso - diz enquanto afasta uns fios de cabelo do meu rosto.
- O que? - pergunto a fingir ser inocente.
- Isso - diz enquanto muda a atenção do seu olhar para os meus lábios - sou capaz de terminar o que começamos em Portimão.
Engulo em seco ao relembrar-me de que quase nos beijamos depois da corrida. Eu gosto imenso de provocar as pessoas, mas depois esqueço-me de que pode haver consequências.
- O nome dele é Matheus e sinceramente acho que é a única coisa que sei sobre ele.
Volto a sentar-me na cama, as dores que tenho pelo corpo todo não me permitem ficar muito tempo de pé.
- Ontem a noite - faz uma pausa para poder organizar os seus pensamentos - disseste que achavas que eu não te queira voltar a ver, lembras-te?
Nego com a cabeça. Não me lembrava de o dizer, mas lembrava-me de o sentir.
- No aeroporto em Portimão, na despedida. Não te consigo explicar o motivo, mas realmente achei que não me querias voltar a ver - baixei os olhos para o chão - tu és um piloto de formula 1, um homem que consegue ter tudo o que quer, porque motivo me quererias a mim?
- Val, posso te chamar assim? - acenei ainda com os olhos colados no chão - não deixes que a tua autoestima fale mais alto que as minhas ações. Tu és tão bonita Val. Qualquer homem neste mundo quereria ficar contigo. Uma prova disso mesmo é que Matheus ontem não tirou os olhos de ti por um segundo. A outra prova é que eu viajei do Mónaco até aqui para poder estar contigo.
Em parte, aquilo que o piloto fazia sentido, mas ainda era difícil de eu acreditar que houvesse alguém com interesse em mim.
Precisava de trabalhar a minha autoestima para conseguir criar relações novas, com quem quer que fosse. Independentemente de ser uma relação amorosa ou não.
- Preciso de um banho.
Preparei tudo o que precisava e fui até a casa de banho, estava mesmo a necessitar de um bom banho, mas também de algum tempo sozinha para organizar as ideias.
Quando voltei ao quarto já a cama estava feita e havia um bilhete em cima da cama.
"Considerei que era melhor dar-te algum tempo para processares o que aconteceu ontem, mas não penses que te livras de mim assim tão facilmente. Hoje às 20.00h vou passar por aqui para te levar a jantar. Danny Ricc"
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O meu mundo de formula 1 - Livro I
FanfictionValentina tem 23 anos e está quase a tornar-se enfermeira. Neste verão decidiu realizar um sonho antigo e viajar sozinha, para as mais bonitas praias do seu país. Foi durante uma das suas caminhadas que o conheceu. Daniel Ricciardo, piloto de formu...