Capítulo 16.

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Faith estava tensa.
Já passava da meia noite e sequer havia conseguido dormir. A profecia ainda ressoava em sua mente As palavras de Borte lhe atormentavam.
Não porque estava apaixonada por Lugh, deuses, com certeza não estava apaixonada por ele.
No entanto, ele era um homem bonito. Lindo para caralho, na verdade. Mas, valia a pena se agarrar e tirar a tensão de si caso aquele feérico ruivo raivoso estivesse certo?
Talvez.
Pelos deuses, estava mesmo cogitando aquilo?
É, estava sim. Afinal, que mal teria um pouco de beijos e toques?
Faith não estava se importando muito se ele era um babaca frio ou não, ja estivera com caras piores.
Mal se lembrava à quanto tempo estava naquele dilema, encarando o teto e sempre voltando às mesmas perguntas e as mesmas respostas.
Por fim, ela suspirou e se sentou na cama, que era tão macia quanto as de seu castelo.
De que material era feita? Provavelmente algum tipo refinado de espuma, claramente algo que somente a luxúria feérica poderia trazer.
A princesa se levantou e se decidiu por ler algum livro que trouxera da biblioteca, talvez algum romance fantástico.
Mas, duas batidas suaves na porta lhe chamaram a atenção.
Faith estava apenas com um vestido de ceda perolado, na altura dos joelhos.
O tecido lhe caia perfeitamente, evidenciando as curvas bem desenhadas, os seios fartos tanto quanto sua bunda. Não seria muito culto atender alguém com aquelas roupas, mas, se ficasse atrás da porta, ninguém veria mais do que ela realmente mostraria.
Ela não era uma santa, mas também jamais ultrapassara um certo limite.
Faith suspirou e caminhou até a porta, os dedos delicados tocando o metal frio pregado a madeira.
Ela girou a chave e puxou a porta com suavidade.
Ela com toda certeza não esperava de fato que ele fosse até ela.
— Lugh?
O feérico sorriu.
— Oi. Está ocupada?  — A voz dele estava bem mais acolhedora.
Era estranho que, sem mais nem menos, ele tenha resolvido a tratar bem.
— O que você quer?  — Perguntou ela, apenas parte de seu dorso aparecia, o restante a porta escondia bem.
— Conversar. Pedir desculpas por tê-la tratado mal.  —  seu rosto estava sereno, parecia haver sinceridade ali.
A princesa o encarou por poucos segundos, que mais pareceram uma eternidade, pensando se o desculparia ou não, se o chamaria para entrar, ou não.
No fim, ela fechou a porta.
Era uma idiota por perdoar tão facil.
Assim que vestiu um tipo de roupão, dessa vez de cetim e se envolveu com o tecido, ela abriu a porta.
Lugh ainda estava ali.
— Pensei que tivesse ido embora.
— Achei melhor esperar e ver se eu levaria mesmo um fora.
  Faith franziu as sobrancelhas.
— Não tinha vindo até aqui para se desculpar? — ela se recostou no batente da porta.
Lugh pareceu levemente desconcertado, sua mão direita esfregando a nuca enquanto seu olhar desviava para o chão.
— Sim. Isso também. Imagino que o Borte já tenha comentado, e que você já saiba.
Mais uma vez, Faith o encarou.
— Você é muito cara de pau. Entra. — ela abriu completamente a porta, dando a ele espaço para passar.
— Te deram um belo quarto. — comentou ele, adentrando o local e olhando ao redor.
— Ban e Nesryn são gentis, e receptivos.
— Com certeza são. — Lugh se voltou para ela, um sorriso de canto enfeitando os lábios bem desenhados e levemente carnudos. Desde que chegara, sempre se surpreendia com o quão exoticamente lindos os feéricos podiam ser. Chegava a ser injusto tamanha beleza. — Está linda assim, sabia?
Seu rosto esquentou, e nesse momento a princesa sabia que provavelmente estava corada.
Ela não sabia lidar com elogios.
— Obrigada. Senta ai. — ela apontou para a cama dela, o móvel mais próximo dos dois.
— Sabe, queria conhecer você melhor. — ele fez uma pequena pausa e se sentou na beira da cama. — uma princesa, humana, com tanta força de vontade de proteger o povo é algo raro de se ver.
— Não quando se é ensinada a fazer isso. — um sorriso suave curvou os lábios de Faith e ela se sentou. — Meus pais sempre me ensinaram a me preocupar e amar meu povo, desde sempre eu fui treinada para os defender.
— É admirável. Nós somos treinados desde pequenos para proteger Elyra e até mesmo a própria Avalon, embora a ilha tenha o costume de não precisar de defesa.
— É confuso que uma ilha tenha consciência própria.
Ela franziu o nariz.

Herdeiros das Cinzas (PAUSADO e em REESCRITA)Onde histórias criam vida. Descubra agora