Capítulo 18.

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Ela estava se recuperando bem, era o que as curandeiras costumavam dizer. Embora a dor não mais a incomodasse e sua única companhia fosse o cansaço, estar naquele quarto de repouso a deixava inquieta e frustrada. Faith queria voltar a treinar, estava preocupada com o tio que não dava notícias há dias, e tampouco sabia sobre seus amigos, Jason e Maya. Camelot estava se preparando para um possível ataque de Ereshkigal, a mulher que até mesmo Merlin teme pronunciar o nome.
Tudo ainda parecia apenas uma fantasia, um sonho — ou pesadelo — distante. Era como estar presa num mundo que não era o dela, algo completamente fictício e inexistente de fato. Ela se lembrou das palavras de Hayden sobre pesadelos e percebeu que estavam prestes a viver um de verdade e, pela primeira vez, se viu assustada. Estava tão imersa na ideia de melhorar seus conhecimentos, treinar e proteger Camelot que não pensou de fato em todo perigo que iria enfrentar e começou a questionar a própria coragem. Será que era capaz de lidar com alguém tão forte? Ereshkigal é a deusa Morte, como ela seria capaz de lidar com a Morte?
— Acho que é a primeira vez que te vejo com o rosto tão triste. — Aquela voz causou arrepios na espinha de Faith, mas não de uma jeito ruim.
Seus olhos se voltaram para a porta e para a pessoa encostada nela. Ele havia sido sorrateiro o bastante para que ela não percebesse quando ele entrou, ou, talvez, ela é que estava perdida demais na própria mente para reparar em sua presença.
Hayden era o tipo de pessoa que normalmente a irritava, mas nos últimos dias ela percebeu que ele não precisava de muito para a deixar encantada. Embora a princesa nunca tenha se importado de fato com romances, Hayden deixava seu coração acelerado e lhe causava sensações desconhecidas, mas era tão bom. Ela se pegava pensando nele desde o dia que o conheceu e só piorou desde que ele a ajudou com o pesadelo e dormiu em sua cama, respeitando completamente seu espaço. Faith achava errado querer beijá-lo, querer que ele a abraçasse e confortasse, principalmente depois do que aconteceu.
O que aconteceu... Ela havia dormido tanto que sua quase morte parecia uma ilusão. Seus olhos desviaram dos de Hayden e encontraram as faixas, os machucados que agora mal passavam de hematomas e sentiu sua garganta se fechar, o ar não mais agraciava seus pulmões. As lágrimas cairam em disparada por suas bochechas e suas mãos apertavam o corpo rumo ao coração.
Ela quase foi assassinada.
Assassinada. Ela iria morrer se não...
Mãos quentes e firmes seguraram as suas com tanto carinho que suas lágrimas apenas aumentaram. Ela ergueu o olhar e encontrou o profundo mar dos olhos dele, um azul safira tão intenso que ela sempre se perdia neles.
— Respira. — Novamente a voz dele inundou seus sentidos, era como uma carícia em seu desespero, como água jogada ao fogo. — Você está pegando fogo, princesa. Respire e se concentre em mim.
De fato ela estava em chamas, mesmo que de relance podia ver seu fogo crepitar. Ela olhou para as mãos dele, estavam a segurando com firmeza e... não queimavam. As mãos dele estavam envoltas pelas suas chamas e não queimavam.
Novamente ela o olhou, as lágrimas cessando aos poucos. Hayden começou a inspirar e expirar profundamente e Faith o imitou, tentando acalmar a mente bagunçada.
— Isso, está indo bem. — o sorriso dele pareceu iluminar todo o quarto. — continue assim.
Ela não via mais o fogo e tão pouco sentia as lágrimas, aquele peso e desespero presos em seu peito já não estavam mais incomodando. Estava se sentindo leve, em paz.
— Se sente melhor? — ele perguntou.
Ela balançou a cabeça e sorriu para ele, um sorriso de gratidão.
— Obrigada, Hayden.
— Não precisa agradecer. — ele deu de ombros. Ela gostava quando ele era uma pessoa prestável, quando era atencioso. — Estamos em trégua, lembra? Acho que faz parte eu vir te consolar e ajudar. — ele ofereceu um sorriso torto para ela.
— É, trégua. — confirmou ela, um sorriso pequeno nos lábios.
Faith encarou a parede a sua frente, pensando, embora estivesse cansada de fazê-lo.
— Parece preocupada.
Não havia nenhum resquício daquele príncipe arrogante e maroto que ela conheceu, embora ela soubesse que era parte dele, que sempre seria. E... e ela gostava. Deuses, ela gostava quando ele era ousado e não tinha um pingo de vergonha na cara, gostava quando ele a desafiava.
— Eu — ela hesitou por um momento, então, decidiu que valia a pena compartilhar aquilo com ele. — Estou com medo. — ela riu, dando de ombros. Era sua forma de esconder a vergonha por temer, por perder a coragem.
Por um momento, Hayden apenas a encarou. Com um rápido movimento ele sentou-se na cama de forma que ficasse mais confortável, aparentemente. Então, enquanto olhava pela janela, Faith pôde perceber que o brilho de seus olhos havia sumido.
— Eu também estou. — confessou ele. — tenho medo de não conseguir reerguer meu reino, de qualquer maneira que seja, e tenho medo de que... — o príncipe hesitou, suspirou e olhou para ela. — que um de nós acabe morto.
Aquilo a pegou de surpresa. Ele se importava com ela? Com sua segurança e o que poderia acontecer quando chegasse a hora do confronto?
— Não vamos morrer, Hayden. — ela levou a mão até a dele, segurando firme. Os olhos dele desviaram para ela, para os dedos que lhe seguravam. — Somos capazes, não somos?
Ela esperava que ele não sentisse a hesitação em sua voz. Ambos estavam com medo, ambos temiam não conseguir salvar seu povo. Hayden ainda mais, provavelmente, afinal já havia perdido o reino e os poucos sobreviventes de seu reino estavam espalhados pelo continente.
— Você gosta de bancar a durona, não é? — ele soltou uma risada baixa, abafada, e ajeitou sua mão na dela. — É corajosa.
— É só... uma máscara. Eu sou a futura Rainha de Camelot, eu preciso ser durona. — admitiu ela.
E era verdade. Bom, ela não negava ter uma personalidade forte, ser muitas vezes cabeça quente e impulsiva, mas a maior parte do tempo ser corajosa e bancar a durona era somente uma máscara.
— Acho que somos dois mentirosos, então. — ele riu baixinho, e algo bem la no fundo de Faith se iluminou e aqueceu.
— É. Mas pelo menos somos ótimos mentirosos. — ela soltou uma risada e balançou a cabeça em concordância. — todos acreditam que não estamos com medo.
— Deveríamos fazer teatro, quem sabe. Uma bela e dramática cena, onde todos que estarão vendo vão chorar com a morte de dois heróis. — ele estendeu a mão livre no ar, a palma aberta, e a deslizou pelo espaço como se insinuasse onde ficaria a plateia, seus olhos seguindo a própria mão. — Um fim trágico, mas magnífico. — ele voltou a olhar para ela e aquele brilho estava presente ali novamente, deixando os olhos dele ainda mais bonitos.
— Hayden. — chamou ela, apesar de não precisar que ele prestasse atenção, já que as íris azul-safira ja estavam fixas no violeta das dela. — Seus olhos, eles ficam vermelhos quando você está nervoso, sabia?
Ele piscou, parecendo surpreso e franziu o cenho.
— Sério?
Ela assentiu positivamente com a cabeça.
— Que estranho. — ele passou a mão na nuca. Ela sabia que eles ainda seguravam a mão um do outro, e ele parecia perceber também. No entanto, nenhum dos dois as afastou. — Quando você ficou nervosa comigo, aquele dia no escritório de Ban, o arco dourado na sua pupila pareceu fogo vivo, confesso que me intimidou bastante. — ele sorriu de lado. — mas não deixe meu ego saber disso, ele vai detestar.
Outra risada irrompeu dela.
— Sabe, não acha nossos poderes curiosos? Quer dizer, você é gelo, eu sou fogo, mas ainda sim parece ser somente o começo, não parece? Sente como se, quando sua magia se libertasse, fosse como olhar da fechadura?
Ela finalmente soltou a mão dele e a falta daquele calor a incomodou por um instante.
Ela estendeu a palma da mão e uma pequena chama flutuou ali, dançando.
Hayden fez o mesmo, e vários cristais de gelo se juntaram a dança, bem acima da palma dele.
— Acho. Quer dizer, eu não sabia que tinha esse poder até chegar aqui. — seus olhos estavam fixos em sua magia. — Eu me lembro de haver muito gelo no dia do ataque, assim como me lembro de não ter começado a nevar ainda. Era início de inverno, sim, mas não o bastante para que houvesse gelo sólido e neve.
Faith o viu se distanciar, viu em seus olhos que sua mente vagava de volta para aquele dia. O dia em que ele perdeu tudo.
— Acho que fui eu. Sem perceber. — aquelas íris a encararam novamente. — Acho que estava com tanta raiva, tão perdido naquele inferno que nem percebi.
O gelo desapareceu e ele decidiu que encarar a chama dela parecia mais interessante.
Faith se lembrou de quando contou a ele na biblioteca sobre o que aconteceu com seus pais, como estava cercada de fogo. Não havia parado para pensar naquele evento desde que seu poder realmente despertara, mas agora fazia todo sentido.
— Lembra quando eu te contei sobre o que aconteceu com meus pais? — ele fez que sim com a cabeça — Acho que é a mesma coisa que aconteceu com você, acho que também fui tomada pelas minhas emoções. — admitiu, embora ainda fosse muito difícil falar sobre isso. Hayden estava atento, e como se soubesse que ela não havia acabado permaneceu calado. — Eu não me lembro de muito, somente de o fogo ser confortável e apaziguador, como se pudesse queimar aquela imagem da minha mente e quando o fizesse, meus pais estariam vivos e se perguntando como o quarto havia pegado fogo. —ela sorriu suavemente, lembrando-se do pouco que restara sobre as personalidades de seus pais. — Meu tio diz que somente onde eu e onde meus pais estavam é que ficou intacto, intocado pelo fogo. Ele não sabia de onde vinha, se era de mim, ou de algum tipo de magia que meus pais exalaram quando morreram. — ela balançou a cabeça.— Eu era só uma criança e consegui fazer algo assim.
— Eu sinto muito, Faith. — havia uma sinceridade tão profunda e carinhosa naquela frase que Faith quase desabou novamente.
— Está tudo bem. De verdade. Já te contei sobre isso antes. — hesitante, ela o encarou e não acreditou nas palavras que saíram de sua boca. — se importaria de dormir aqui, comigo?
Aparentemente até mesmo ele não acreditou no que ela havia dito. O príncipe piscou uma, duas vezes e então sorriu.
— Eu jamais perderia a chance de dormir com uma mulher bonita.
Ela ergueu a sobrancelha.
— Ah, você estava tão bonitinho sendo todo compreensivo. — seu sorriso se espalhou pelos lábios.
Os cabelos negros dele bagunçaram quando ele jogou a cabeça para trás, gargalhando.
— Eu não posso perder a oportunidade.
— Eu vou te matar. — disse ela, pegando um travesseiro.
— Um travesseiro? — a voz dele ficou brincalhona, colocou as mãos a frente do rosto e fez um gesto como quem pede misericórdia. — Por favor, não! Travesseiros são meu ponto fraco.
Ela até tentou não rir, mas foi em vão. Estava gargalhando no segundo seguinte enquanto ele sorria, aparentemente satisfeito por tê-la feito rir mais uma vez.
No entanto, a expressão dele mudou.
— Na verdade, Faith, vim aqui para te dar uma notícia também, além de ver como você estava. — sua voz era estranhamente séria.
Por um momento, o coração da princesa errou as batidas e sua mente já estava pensando que algo havia acontecido com seu tio.
— Tem duas pessoas aqui que querem te ver. É uma garota que estava bastante ferida, acho que chama Maya, e um loiro todo musculoso chamado Jason.
Seu coração acelerou, e ela quase pulou da cama. Tudo que ouviu foi que Maya havia sido ferida. Só percebeu que estava sem forças quando Hayden evitou que sua cara deixasse uma marca no chão, segurando-a pelos ombros com o braço.
— Eu preciso vê-los! O que aconteceu? — ela sabia que havia desespero em sua voz, mas não se importou.
— Primeiro, sente-se e se acalme, tá bom? — Os olhos dele eram firmes, ele não recuaria mesmo que ela tentasse escapar dele. E também, se não tinha forças para andar, não conseguiria mesmo se desvencilhar dele.
Sem uma opção melhor, Faith se sentou e antes mesmo que fizesse mais perguntas — ou a mesma que acabou de fazer —, Hayden já estava falando.
— Ela chegou aqui com um corte na barriga, e com veneno no corpo, mas está bem agora. Não se preocupe, tá bom?
Um alívio percorreu o corpo da princesa de forma quase instantânea. Foi preciso muito autocontrole para que não chorasse novamente.
— Se quiser, posso te levar até eles.
Ela fez que sim com a cabeça.
— Acha que consegue andar se apoiando em mim?
— Consigo. Consigo sim. Obrigada.
Hayden sorriu e curvou suavemente os ombros.
— Você precisa ser menos imprudente.
— O sujo falando do mal lavado. — retrucou ela com um leve sorriso no rosto enquanto eles passavam pela porta e seguiam caminho pelo corredor.
Hayden evitou uma risada e balançou a cabeça.
Faith se deu conta de que gostava do sorriso dele, era bonito. Muito bonito. E causava nela uma sensação estranha e muito boa.
Desviando o olhar do rosto dele para o corredor, ela perguntou.
— O que aconteceu exatamente enquanto eu estive... apagada?
Os olhos dele pareceram distantes assim que ela fez a pergunta. O rosto também mudou, parecendo mais sério e menos convidativo à diálogo que antes.
— Não quero falar sobre isso agora. — disse ele, o olhar fixo no corredor. — e você já tem coisas demais para pensar no momento. Na próxima eu conto.
Apesar do tom suave e calmo, Faith sabia que Hayden estava evitando aquele assunto por algum outro motivo. No entanto, estava cansada demais para insistir.
— Tudo bem.
O silêncio perpetuou por alguns momentos até finalmente chegarem na enfermaria. Quando chegaram a porta Asterin os recebeu com um olhar alegre e um semblante pacífico.
— Faith! Você acordou. Isso é ótimo! — ela se aproximou e apoiou uma das mãos no ombro da princesa. — Como está se sentindo? Hayden não a incomodou, né? — os lindos olhos da Feérica se estreitaram na direção do príncipe, que fez questão de retribuir o olhar.
— Não. Na verdade ele me animou bastante.
Asterin pareceu surpresa.
— Que estranho. Achei que vocês não se suportassem.
— Declaramos trégua nas ameaças de morte. — Hayden comentou e ajudou Faith a se endireitar melhor.
Naquele momento Asterin pareceu ainda mais surpresa, embora não parecesse ser pelo comentário do príncipe.
— Bom, está aqui para ver seus amigos? — perguntou ela, novamente olhando para a princesa.
— Sim. Hayden me disse que estão bem, mas eu queria muito os ver.
— E te trouxe aqui. — um pequeno sorriso surgiu nos lábios dela. — Venham. Maya está acordada e Jason também.
A capitã abriu a porta e revelou finalmente a enfermaria. Não haviam feridos além dos dois.
Os cabelos ruivos de Jason ainda estavam do mesmo tamanho, quase na altura dos ombros. Ele estava de costas para eles e uma faixa envolvia quase todo seu peitoral.
Maya olhava para ele e ria de qualquer coisa que ele estivesse dizendo a ela. A amiga estava pálida, a pele constrastando ainda mais com o cabelo.
— Eu juro que quando sair dessa cama, vou quebrar seus dentes Jason. — disse ela ainda rindo. — estou morrendo de dor e você fica me fazendo rir, é maldade.
— Maldade seria te fazer chorar, não seja ingrata! — o dedo indicador dele tocou a ponto do nariz de Maya, que tentou mordê-lo. — Ei! Pare de ser tão agressiva.
— Ela jamais vai deixar de ser, principalmente com você. — disse Faith enquanto de aproximava.
Sua voz os fez olhar para ela imediatamente. Os rostos que ja estavam alegres ganharam mais brilho, até mesmo o rosto de Maya pareceu ganhar mais cor.
Jason se levantou fazendo menção de abraçá-la e só então percebeu que a princesa só se mantinha completamente de pé graças ao homem que a segurava.
— Quem é esse cara? — foi Maya quem perguntou, uma expressão confusa.
— Você está toda ferrada e está perguntando quem é ele? — Faith curvou as sobrancelhas e sorriu de lado.
— É meio automático fazer essa pergunta. — Dessa vez foi Jason quem respondeu, encarando Hayden.
— Podemos dizer que ele é um inimigo que se tornou um aliado.
— Eu nunca fui um inimigo de fato, mas tudo bem. — disse Hayden, dando de ombros.
Jason continuou o encarando com um olhar que a princesa conhecia bem. Era o típico olhar predatório que o capitão tinha quando não gostava de alguém. Aparentemente ele não havia gostado de Hayden.
Faith olhou para o príncipe e o viu encarando seu amigo de volta. Ótimo, dois idiotas.
— Vão parar de se encarar ou não? — comentou e cutucou Hayden, chamando sua atenção.
— Não me lembro de você ser tão descuidada a ponto de deixar um cara que, como você disse, era um inimigo, ficar tão próximo assim de você. — disparou Jason, agora fitando-a com um olhar que ela não soube bem como decifrar. — Na verdade, não me lembro de cara nenhum estar tão próximo assim de você.
— Jason... — alertou Maya.
— O cãozinho está com ciúmes? — Hayden provocou.
— Calem a boca. Se querem bancar os machos alfas, que façam isso longe de mim.
O comentário de Faith fez com que ambos a olhassem e, por senso, parassem com as alfinetadas.
— Pelos deuses, era só o que me faltava. — ela revirou os olhos e viu que Maya só não se intrometera por puro cansaço.— Vim aqui ver como vocês estão e a primeira coisa que o Jason faz é implicar com alguém.
O ruivo abriu a boca para falar, mas Hayden o cortou ao olhar para Faith e se pronunciar.
— Quer se sentar?
Faith fez um simples gesto positivo com a cabeça como resposta e Hayden a ajudou a se sentar na cadeira mais próxima a Maya com tamanha delicadeza que ela até mesmo estranhou.
Maya, por outro lado, olhava dela para Hayden com um olhar que a princesa conhecia bem, mas preferiu não comentar.
— Maya — pegando a mão da amiga, Faith se inclinou o máximo que conseguia. — Está se sentindo melhor? — Ela olhou para Jason também. — E você, Jason? Eu não soube da história toda.
— Bom, a história é um pouquinho longa. — cruzando os braços, Jason se recostou na cama na qual Maya estava deitada.
— Mas estamos bem. De verdade. A cura dos Feéricos é tão impressionante! — apesar de estar claramente detonada e ainda sob efeito de qualquer que fosse o remédio que as curandeiras tivessem lhe dado, Maya ainda tentava manter o bom humor. — Os ferimentos do Jason, que foram mais leves que os meus já estão praticamente curados. O meu também, mas como sofri com o veneno ficarei aqui mais um ou dois dias para terminarem por complexo a desintoxicação.
— Fico feliz. Muito feliz! Eu não sei se aguentaria perder vocês dois. — sua garganta apertou por um momento, mas Faith manteve as lágrimas presas.
— Não morreríamos tão fácil, você sabe. Somos durões demais pra isso. — Jason sorriu para a amiga e finalmente se sentou, ocupando a cadeira do outro lado da cama.
A mão de Hayden repousou no ombro de Faith, hesitante.
— Vou deixar vocês a sós.
Ele não precisou dizer mais nada, a princesa entendeu o que havia ficado implícito. Se precisasse dele, era só chamar que ele viria. E gestos como aquele era algo no qual a princesa ainda estava se acostumando desde que declararam trégua.
— Certo.
E ela o acompanhou com o olhar até que Hayden não estivesse mais no cômodo. Seu olhar se voltou para Maya, que sorria.
— Não. Nem começa com esse papo.
Jason pareceu confuso, então apenas observou.
— É ele? O rapaz da floresta?
— É, sim.
— Ele é muito mais bonito do que eu imaginei. Sério mesmo que se declararam inimigos? Ele não parecia nenhum pouco com alguém que quer ser seu inimigo.
— Maya...
— Ele parece muito preocupado com você.
— Você vê coisas onde não tem. — comentou Jason. — Ele tem... uma sombra no olhar que não me agrada.
— Não vamos falar do Hayden, tá bom? Vamos falar de vocês. Me contem o que aconteceu.

(...)

— Majestade! — gritou um dos cavaleiros, o vento quase a abafando por completo mesmo estando próximo ao rei. — Há uma caverna logo ali. — apontou. — deveríamos montar acampamento lá.
A tempestade estava derramando neles toda a sua fúria, raios cortavam os céus e os ventos eram fortes e inconstantes, indo e vindo.
— Vamos parar nesta caverna está noite! — Joseph gritou. — Chegamos ao nosso destino ao meio dia, caso a tempestade pare antes do amanhecer.
Conduzindo seu cavalo o rei guiou o grupo até a caverna, onde desceram dos cavalos e acenderam tochas graças ao manipulador do fogo que estava no grupo.
O lugar não estava úmido mesmo com a chuva intensa do lado de fora. O que era muito bom, assim não passariam frio durante a noite e não molhariam os cobertores que haviam trago na viagem.
— Alguém está com fome? — perguntou ele, olhando para seus soldados. — Temos carne seca com pão e pão com carne seca. — o rei sorriu e observou os cavaleiros se sentarem em roda.
Um deles criou um conjunto de madeira no meio do círculo que haviam formado e o outro ateou fogo na madeira. Aquela seria a fogueira que os material aquecidos enquanto as tochas os mantinham iluminados na escuridão da noite que já caia.
O que eles não esperavam era a voz que ecoou na caverna.
— Ora, ora, parece que recebi um presente esta noite.

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⏰ Última atualização: May 13 ⏰

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Herdeiros das Cinzas (PAUSADO e em REESCRITA)Onde histórias criam vida. Descubra agora