𝙫𝙞𝙣𝙘𝙚𝙣𝙩 𝙘𝙤𝙡𝙚 Ⅰ ❝Eu te amo Nixie,te amo muito,e quero passar o resto dos meus dias ao seu lado. Quero que saiba que você é a garota mais linda,especial e teimosa que eu conheço❞
𝙊𝙉𝘿𝙀 todos que odeiam a família real, a monarquia, e os...
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Um dia antes do casamento
O som das batidas apressadas ecoou na madeira pesada da porta. Eu mal havia despertado do sono profundo quando ela se abriu com violência, e cinco guardas armados invadiram o quarto.
— Majestades! Precisam acordar, agora! É urgente! — a voz do primeiro deles estava trêmula, tomada pelo pânico.
A luz fraca da madrugada pintava sombras nas paredes. Meus olhos ainda pesavam, e o corpo parecia flutuar entre sonho e realidade. Senti mãos me cobrindo com uma manta enquanto o frio me cortava como uma navalha.
— O que está acontecendo?! — Vinnie rugiu, levantando-se de súbito da cama, seus olhos ainda turvos de sono, mas o instinto protetor já aceso como fogo. Ele se colocou entre mim e os guardas, meio nu, o peito arfando, os músculos tensos, prontos para agir.
— Invasores! — um dos soldados respondeu, ofegante. — Eles conseguiram entrar, não sabemos como... precisam sair do castelo imediatamente!
O olhar de Vinnie se voltou para mim, e no instante em que nossos olhos se encontraram, todo o medo, toda a dúvida, desapareceu. Havia apenas a urgência. E a promessa silenciosa de que ele me protegeria com a própria vida.
— Vem, Nixie. Agora. — disse ele, com a voz baixa e firme, segurando minha mão com força. Antes que eu pudesse reagir, ele já me puxava da cama.
— Majestade! Pelo corredor isolado! Vão pela floresta dos fundos! — outro guarda gritou, já se afastando para enfrentar o caos nos corredores.
— Vinnie! A Maggie! — minha voz explodiu em pânico. — Ela sempre vem pro meu quarto de manhã! Se ela aparecer lá agora... Vinnie, eu preciso ir atrás dela!
Ele parou por um segundo. A hesitação brilhou em seus olhos. Mas logo se apagou.
— Nixie, a gente não tem tempo. Ela vai ficar bem. Eu prometo.
— Não! — soltei meu braço de sua mão com força, as lágrimas já subindo, o desespero se infiltrando no peito. — Eles vão matar ela! Por favor, Vinnie! Não me deixa perder ela também!
Sem dizer uma única palavra, ele passou o braço pelo meu corpo e me ergueu no ombro como se eu fosse leve como uma pluma.
— Vinnie, me solta! Me escuta! Vinnie! — bati em suas costas, gritei, esperneei, mas ele corria pelos corredores, os pés descalços batendo no chão frio de pedra, o corpo quente ofegando contra minha pele.
— Escuta! — ele me colocou no chão, de súbito, o rosto muito próximo do meu, as mãos apertando meus braços com uma força controlada. Seus olhos estavam arregalados, carregados de terror. — Se voltarmos, nós morremos. Você entende isso? Não dá pra ser heroína agora. Não com eles. Eles são monstros, Nixie. Vieram pra matar.
— Quem são eles? — sussurrei, a garganta apertada, as palavras saindo como soluços.
— Eu não sei. Mas quem odeia meu avô... odeia o que estamos prestes a construir. Querem impedir o casamento. Querem destruir tudo. — sua voz se partiu ao final da frase.
A floresta se abriu diante de nós, escura, úmida e silenciosa, como um túmulo. As árvores altas cobriam o céu, e o vento frio cortava nossos rostos. Corremos. Corríamos como fugitivos, como duas crianças arrancadas de um lar em chamas.
— Vamos ficar aqui? — perguntei, com os dentes batendo, a voz se perdendo entre os galhos.
— Sim. Por agora, é tudo o que temos. — respondeu ele, o olhar perdido, tentando ouvir além do silêncio.
A lembrança do nosso quarto, das flores preparadas para o casamento, do vestido... tudo parecia uma memória distante, frágil. Um conto de fadas dilacerado em poucas horas.
Me sentei no chão coberto de folhas úmidas. As lágrimas caíam, quentes contra o frio da madrugada. Vinnie se ajoelhou diante de mim, puxando-me para os braços.
— Vai ficar tudo bem, Nix... vamos resolver isso. Eu prometo. Juntos. Como sempre.
Mas então... ele caiu.
O som foi seco. Um baque surdo, como um tronco despencando.
Ele caiu.
O som foi seco, brutal. Um baque que me rasgou por dentro.
— Vinnie?! — chamei, e o mundo pareceu parar.
Ele estava de joelhos, o corpo oscilando como se o peso da dor o puxasse para o chão. Atrás dele, o cabo de uma lança tremia, cravado fundo entre suas costelas. O sangue escorria lentamente pelas costas, tingindo sua pele como tinta viva. O vermelho parecia gritar.
Corri até ele, meus joelhos afundando no chão encharcado de folhas.
— Não, não, não... fica comigo. Por favor, fica comigo. — meus braços o envolveram, e ele tombou contra mim, mole, quente, arfando.
— Nixie... — sua voz era um sussurro quebrado, como se o ar lutasse para sair dos pulmões. — Você... você está bem...?
— Não me pergunta isso.... Olha pra você, Meu Deus, você está... Vinnie, você está sangrando muito. — minhas mãos tremiam, tentando estancar o sangue, mas era inútil. Eu mal conseguia respirar. — Acorda, amor. Olha pra mim. Não fecha os olhos. Não agora.
Ele sorriu. Um sorriso fraco, doído, que quase me destruiu.
— Você sempre chora... quando está com raiva de mim... — murmurou, a boca suja de sangue.
— E você sempre faz algo idiota pra me fazer chorar. — respondi, tentando sorrir por entre as lágrimas, mas era inútil. Meu rosto se contorcia em desespero. — Mas você vai ficar bem. Você vai casar comigo amanhã, lembra? Nós prometemos. Você não vai me deixar sozinha.
— Prometemos... — ele fechou os olhos por um instante e seu corpo pesou mais. — Tem tanta coisa... que eu ainda queria te dizer...
— Então diz. Mas diz respirando. Diz aqui, comigo, vivo. — minhas mãos seguraram seu rosto. — Você vai conhecer nosso filho. Vai ensinar ele a nadar, a brigar... a me irritar. Vai rir quando ele puxar sua teimosia. Mas você tem que ficar, Vinnie. Pelo amor que você tem por mim... pelo amor que eu tenho por você.
Ele tossiu, e sangue escorreu pelos lábios. Mas mesmo assim, ele tentou falar.
— É... um menino...?
— Não sei ainda. Mas ele vai ter o seu sorriso. — uma lágrima escorreu pela minha bochecha e caiu em seu rosto. — Ele vai crescer sabendo o quanto você lutou pra proteger a gente.
— Eu te amo, Nix... desde o primeiro dia. Desde antes mesmo de saber que era amor. — sua voz se tornou um sopro. — Se eu... se eu não conseguir...
— Não fala isso. Não se despede. — minha voz partiu. — Você vai ficar. Eu não sobrevivo sem você. Eu juro por tudo o que sou... se você for, me leva junto.
Passos. Vozes. O som das árvores sendo quebradas por pressa.
— Aqui! A majestade está aqui! — alguém gritou.
Eles vieram. Guardas, soldados. Quatro deles correram até nós, e eu senti mãos tentando me afastar dele.
— Tenham Cuidado... por favor...
Com delicadeza, eles o ergueram, e Vinnie gemeu, fraco, entre a inconsciência e a dor. Um dos guardas me cobriu com um manto quente, mas eu não sentia nada. Só o vazio, só a urgência.
— Majestade, precisamos levá-lo agora. Ele está muito instável. — disse um deles.
Eu fui com eles, correndo ao lado da maca improvisada, o sangue ainda em minhas mãos, no meu vestido, no meu corpo. Parte dele em mim, como uma marca que nunca sairia.
E dentro do meu peito, uma promessa... Quem tentou matá-lo... vai desejar nunca ter nascido.