City Of The Dead

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                 XXXI

   A Bíblia descreve o inferno como um lugar rodeado por fogo.

E eu sentia cada parte de meu corpo queimando.

Logo cheguei a conclusão de que havia morrido, e que me encontrava neste momento em meio ao fogo.

Eu queria me soltar mas sentia como se estivesse preso, queria gritar mas minha garganta queimava e duvidava que alguém me ouviria.

Mas, nem mesmo todo o fogo que corria em minhas veias, fazendo meus olhos queimarem ao ponto de eu achar que estavam derretendo, me fazia arrepender-me de ter me apaixonado por Jimin.

 Ah, esse era outro fator, eu queria lembrar-me de seu sorriso, de seus olhos, seu cheiro, mas meu cérebro parecia ter esquecido totalmente dele, ou de qualquer outro que um dia houvesse feito parte de minha vida.

Meus sentidos estavam bagunçados, meus ouvidos sensíveis, os cheiros se misturavam, cheguei a cogitar em pedir para morrer, mas eu já estava morto, não estava?

Não sei quanto tempo havia passado, mas em algum momento senti como se tudo tivesse parado. De uma hora para outra, tudo cessou, não ouvia, não sentia, não via nada, minha mente parecia pesar toneladas como se algo estivesse sobre ela.

Logo percebi imagens dançando em minha frente, então julguei estar no purgatório, só que as imagens não eram lembranças minhas. Pareciam ser de outra pessoa e que eu estivesse as assistindo de fora.

Até que…

— Jungkook! Não corra menino, vai cair e se machuc-

A voz foi interrompida por um choro, olhei e minha boca se abriu, aquele era eu, uma versão menor mas ainda assim, sabia que era eu, não só pelo fato de ouvir meu nome, mas tudo naquele garotinho pertencia a mim.

— Viu só! Te falei para não correr, deixe-me ver isso.

Reconheço a mulher que analisava meu joelho ralado, era irmã Lorena, um sorriso automaticamente surgiu em meus lábios, ela sempre esteve lá por mim.

— O que houve aqui?

Senti meu coração acelerar, aquela voz… eu a conhecia, embora tenha sido ouvida por mim apenas uma vez.

—Oh, meu pequeno. Onde estava indo com tanta pressa?

— Presente… Mamãe…

Senti meus olhos arderem, e então a cena mudou,e novamente,como uma enxurrada de imagens e em todas elas, Ela estava presente.

Minha mãe...ela também estava lá em todos os meus momentos, nas noites em que pensei estar sozinho, ela esteve comigo, velando meu sono enquanto cantava canções para eu dormir.

Eu queria gritar, porque o buraco que se abriu em meu peito doía muito mais que o fogo que consumia meu corpo a algum tempo atrás. Eu queria correr até ela, a abraçar, eu tinha tantas perguntas…

Mas então fui puxado novamente para um lugar escuro,e sem aviso senti como se meus ossos estivessem sendo quebrados todos de uma só vez.

Certamente eu estava no inferno, onde mais eu seria torturado de tal forma?

 Mas nem mesmo toda tortura, mudaria minha resposta.

Se me perguntassem, não saberia falar quanto tempo fiquei naquele ciclo de queimar, lembrar e sentir meus ossos serem quebrados. Só que em determinado momento, meu coração parecia que iria sair de meu corpo e então tudo escureceu, e silenciou, quando enfim, meu coração parou.

Bloody Sins               🍒Jikook🍒Onde histórias criam vida. Descubra agora