Capítulo 2 Em via pública

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Cheguei na oficina Gonzales pouco antes das 18 horas, eu fui entrando no recinto e meus olhos procuravam por Mariane. Mas dessa vez quem me recebeu foi Tarsila, a irmã mais nova dela.

—Boia noite moço, desculpe, mas a gente já está fechando.

Eu fiquei desapontado, já me preparava para dar ré no carro e sair, porem Mariane apareceu por de trás da porta de uma saleta e falou com a irmã.

—Pode deixar maninha, eu vou atender ele, o senhor Rick já é nosso cliente.

—Eu não posso ficar mais Mariane, tenho que ir direto pra faculdade, pois hoje tem apresentação do seminário do meu grupo.

—Olha tudo bem, eu volto outra hora.

—Não, faço que questão de te atender, já que foi tão prestativo com a gente ontem, depois nossos clientes fixos tem preferência.

Ela se dirigiu a irmã, elas conversaram algo que não entendi e a mais nova se despediu e saiu com o carro delas, então ela se aproximou de mim e me perguntou:

—Deu algum problema, nosso serviço não ficou bem feito Senhor Rick?

—Não moça, o serviço ficou ótimo, mas é que passei por um buraco, sabe como ficam as estradas dessa cidade quando ainda está longe das eleições, buraco por toda parte, eu me distrai, passei com tudo, depois o carro ficou apresentando um barulho esquisito.

—Pode deixar que eu já vejo.

Ela levou o carro para a plataforma, ligou um aparelho e alguns minutos veio até mim.

—Acho que não quebrou nada, mas vou ter que alinhar novamente, pode aguardar na recepção, não temos mais café e suco nessas horas, mas fique à vontade.

—Bem, posso observar seu trabalho?

—Claro, fique à vontade.

Droga eu tinha ido com tanto entusiasmo a oficina e agora não sabia o fazer, estava encantado pela beleza e educação de Mariane, se tivesse a conhecido em outro lugar não deduziria que ela exercia uma profissão como aquela, porém parecia entender muito bem, enquanto eu nunca aprendi nada sobre mecânica, quando muito trocar um pneu quando fura na estrada.

Terminado o serviço ela me entregou o carro e pediu licença para fechar a oficina, eu então perguntei quanto tinha ficado o serviço.

—Não precisa, o senhor esteve aqui ontem, esse fica como bônus da casa.

Eu tentei insisti, mas ela foi bem objetiva, então meio que sem jeito perguntei onde ela estava indo, me respondeu que ia para o bairro Sonia Maria:

—Olha, acho que fiz você perder a carona com sua irmã, gostaria que aceitasse uma carona minha, assim fico de consciência tranquila.

—Não eu posso pegar um ônibus.

—Por favor, faço questão, quer dizer se for te incomodar, eu nem perguntei se você por acaso tem um namorado ciumento ou coisa assim. —Desculpe acho que estou sendo indiscreto.

—Não, tudo bem, eu aceito sua carona.

Dessa vez ela permaneceu mais sociável dentro do carro, pelo caminho contou de sua vida e da irmã, de como herdaram a borracharia após o tio ficar doente e falecer, também falou das expectativas a respeito do negócio e do preconceito que enfrentaram da antiga clientela do Gonzales que simplesmente desapareceu depois que elas assumiram.

—Simplesmente sumiram?

No iniciam não, mas a maioria dos clientes viam com cantadas grosseiras, quando percebiam que eu e Tarsila não dávamos ousadia para eles, foram deixando de vir, daí tivemos a ideia de fazer as modificações no ambiente para atrair um outro público

O Amor em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora