O Amor em revisão

Capítulo 43 -Tudo que eu não preciso

A reabertura da oficina de certa forma estava me ajudando. Meu lado empreendedor meu lado empreendedor que tinha ficado meses adormecido, tinha reacendido a esperança de realizar o sonho do meu querido tio. Um sonho também meu e da minha irmã que voltou para me dar apoio, mesmo temendo reencontrar o passado que tinha deixado aqui.

Eu não podia fracassar eu não iria. Decidi não viver na dependência dele. Não, não era uma opção, pelo menos não enquanto eu ainda estivesse em condições de trabalhar e fazendo o que eu mais gostava que era lidar com automóveis; a única herança boa que ficou de meu pai. Eu, Tarsila e as meninas estávamos dado conta do trabalho. Mesmo com a concorrência dos cinco irmãos começamos a ter um movimento considerável.

—Acorda Mariane!

—Que foi Tarsila?

—Você parece distraída hoje, está legal?

—Sim estou bem. Apenas  estava pensando  um pouco na minha vida.

—Eu percebi, você não é de ficar assim desligada. Nem foi atender as clientes, pensei que talvez estivesse com enjoos, se não tiver legal, pode deixar que eu posso dar conta do trabalho.

—Não, maninha ainda falta muito para minha bebê nascer. Trabalhar até o obstetra determinar. Enquanto isso prefiro ficar aqui e ocupar a minha mente.

Eu tinha a certeza que ela daria bem conta da administração da oficina bem como Nolka e Ananda estava se saindo muito bem com a manutenção dos veículos que chegavam, com quase todo dia aparecendo uma cliente nova. Meu negócio estava se reerguendo, Nolka era a mais animada de nós. Funcionária dedicada e muito atenciosa com as clientes, ela sabia cativar a atenção e sempre recebia elogios de parte delas. Um dia a vi conversando com um dos rapazes da Officina cinco irmãos. Eu não gostei muito da cena, não parecia uma paquera nem um simples bate papo. Eu esperei até o rapaz se afastar para questioná-la.

—Aquele moço queria alguma coisa, Nolka?

—Bem Mari, ele na verdade veio me fazer uma proposta de trabalho —disse meio sem graça.

—Bem Nolka, minha situação ainda não é das melhores, mas fala sobre a proposta. Você é ótima funcionária, se te ofereceram mais, a gente pode analisar se há condição de cobrir.

—Não, que isso Mari?! Eu estou contente aqui e além disso a proposta nem é tão boa assim. Além disso não trocaria o ambiente que te temos aqui para ficar no meio daqueles machos todos. O que veio me procurar é até simpático, mas tem um outro, o qual acredito que manda mais me parece meio chatinho, passei uma vez por lá e o vi gritando com um funcionário, coisa que você nunca faz.

Toquei em seu ombro e sorrindo disse que ela era mais que ela e Ananda eram mais que funcionárias para mim e assim que nosso balanço estivesse estabilizado, discutiríamos um aumento e participação nos lucros. Seus olhos sorriram e ela disse que estava valendo, me pediu licença e foi atender uma cliente que estava entrando na oficina. Tentei voltar a meu trabalho, mas Tarsila não queria deixar fazer nada.

—Maninha, estou gravida e não doente, não bastava o Ricardo, agora você, assim vou me sentir uma imprestável.

—Mariane eu não entendo de mecânica como você, mas posso ajudar as meninas a carregar as coisas, você pode não precisa levantar nenhum peso.

—Nada disso, sua parte é administração e compras, por falar nisso precisamos repor o estoque de peças. O fornecedor não está atendo, poderia cuidar disso enquanto eu vejo aquele carro que está entrando.

Tarsila assentiu e foi até o telefone fixo ligar porá nosso fornecedor, eu fui atender um uma cliente que tinha chegado em um polo Classic que pelo barulho pude reconhecer estar precisando trocar lona e pastilhas de freio. Comecei a verificar o veiculo para fazer o orçamento quando um Corolla prata estacionou atrás do Polo. A motorista desceu, apesar da máscara a reconheci por seus cabelos e sua altura. Ela veio até mim com um olhar expressando alegria. Eu lhe cumprimentei cordialmente tentando mostrar simpatia para não dar bandeira que eu sabia quem ela era.