Capítulo 31 -O amor é paciente

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O toque afastou logo o meu sono, me apressei em esticar o braço para pegar o aparelho. Eu tinha a certeza que era Carol.

"Alô, Rick, tudo bem?

"Sim, tá tudo bem.

"Que bom, eu te liguei outro dia, uma mulher atendeu, era ela?

"Sim Brenda, foi Carol que atendeu daquela vez."

"Por favor me desculpe. Eu tive a intenção de te causar problemas. Achei que já estivesse em São Paulo."

"Não, eu ainda estou em Curitiba, mas volto para São Paulo amanhã."

"Eu vi você e Carol no noticiário, lamento o que aconteceu com sua amiga."

"Sim, foi algo realmente lamentável."

"Teve notícias dela?"

"Não, a polícia não encontrou pistas dos sequestradores."

"Eu gostaria muito de ajudar, as lobas do asfalto tem contato com muita gente, com outros clubes de motociclistas, jornalistas e até caminhoneiros. Se quiser podemos ajudar a procurar pela guria."

"Poxa, eu quero sim, não consegui me conformar."

Ela me pediu mais dados sobre Daniele. Eu passei tudo o que pode me lembrar. Não era muita coisa, mas eu precisava de uma esperança. A lembrança dela sendo forçada a entrar naquela van me perturbava. Me sentia culpado de não ter ido atrás dela, se eu pelo menos soubesse usar aquelas armas que tinha tomado dos traficantes. Mas eu não sabia, nunca tinha me preocupado em aprender a usar uma arma de fogo. Eu acreditava que minhas habilidades em artes marciais eram tudo que eu precisava para minha defesa.

Eu então disse a Brenda que sua ajuda seria muito bem vinda, eu ficaria mais alguns dias no Paraná para tentar fazer mais alguma coisa por Daniele, já que a polícia não demonstrava o menor empenho para saber do paradeiro dela. Afinal Daniele não era uma pessoa importante nem conhecida. Combinei que veria Brenda de manhã.

Despertei com o gerente do restaurante do hotel me chamando pelo interfone e perguntando se eu ia descer para tomar o café da manhã ou preferia que fosse servido no quarto. Eu disse que ia descer, alguns minutos depois fui até o recinto. Um senhor moreno, no início dos sessenta anos e altura mediana me recebeu, disse que já tinha passado o horário, mas arrumaria uma mesa e me traria o café. Era bem simpático, enquanto servia o café começou a puxar papo comigo. Seu nome era Geilson, era natural de Maceió. Tinha boa conversa e simpatizou comigo e logo estávamos conversando de maneira informal.

"O que trouxe a essa cidade vizinho, desculpe falar assim, mas é que me habituei ao jeito dos curitibanos de tratarem as pessoas."

"Sem problemas. Foi uma mulher."

"Ah não existe motivo melhor do que esse, eu mesmo vim para cá por causa de uma pequena polaca, que conheci em minha terra natal quando ela passava férias com os patrões."

"É uma história interessante, mas teve que vir pra cá para ficar com ela."

"Bem, eu e ela nos apaixonamos perdidamente quando nos conhecemos na praia da sereia. Porém as férias dos patrões terminaram e ele teve que voltar. Isso foi há quarenta e dois anos, as coisas não eram como hoje. Não era tão fácil manter o contato. A gente se comunicava por cartas e às vezes usava o telefone da patroa dela, que cobrava a conta da ligação. Seria tão bom se já existisse a praticidade do celular... Mesmo assim a gente se falava e fazíamos planos, mas eu sofri um acidente no trabalho, fiquei internado meses e quando sai tinha pedido o contato com ela."

O Amor em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora