O Amor em revisão

Capítulo 11 A aposta

3800 Palavras

No final do ano de 2020 o governo se viu em um dilema, as pessoas queriam realizar as tradicionais festas de final de ano, as famílias queriam se encontrar, trocar abraços e votos de felicidade. Eu planejei ir até São José do Rio Preto se confraternizar com minha família, porém Mariane me convenceu a não fazer a viajem e acabamos passando natal e ano novo sozinhos.

—Melhor assim querido, pensa em tua mãe e teus tios, você e principalmente eu, vivemos no epicentro dessa pandemia. Não quero me sentir culpada por transmitir essa coisa para mais ninguém.

Eu compreendi que ela tinha razão, confraternizamos com nossas famílias apenas pela internet, porém não foi o que a maioria da população fez. Os primeiros dias de 2021, logo mostrariam os resultados, a região metropolitana de São Paulo já não era o epicentro, porém os casos voltaram a aumentar e o governo começou a discutir novas medidas de restrições.

—O governador está querendo fechar tudo novamente — me disse Valdeir indignado.

—Ele tem razão, a vida das pessoas deve vir em primeiro lugar.

—Você diz isso porque vai ficar em casa no Home office, mas a maior parte da população passa por muitas dificuldades, a maioria dos meus parentes vivem de comércio e não sabem como fazer para pagar o aluguel e os salários de seus funcionários.

O governo federal deveria mediar as negociações com os alugueis e dar mais ajuda aos comerciantes —respondi eu.

—Tudo é culpa do governo federal né. O presidente nem queria fechar nada.

—Melhor a gente mudar de assunto Valdeir, temos muito trabalho a fazer.

Ele saiu resmungando e voltou para sua sala, eu respirei fundo e contei até cinquenta para me acalmar, afinal se eu tinha brigado com meu tio por causa daquele outro sujeito, imagine com um colega de trabalho. Ânimos acalmados, de volta a rotina, o eu me concentrava nos números e nos projetos, era considerado um funcionário prolífico. Eu tinha deixado as atividades sociais ao lado dos colegas, bem desde a treta entre Carol e a Claudinha. Não ia mais as confraternizações, nem saia com o pessoal nas baladas de sexta feira a noite, a chegada da pandemia por um lado tinha me aliviado do sentimento de obrigação de participar dessas atividades. Porém em fevereiro, Patrick um dos colegas que eu mais gostava faria aniversário e a galera resolveu fazer uma comemoração.

—Rick meu brother, amanhã depois do expediente a gente vai até o Snooker Bar, vamos tomar umas brejas por minha conta, não vá dizer que não pode ir?

—Patrick acho melhor não, a situação não está boa para qualquer tipo de comemoração.

—Poxa mano, você leva esse negócio de pandemia muito a sério, vamos aproveitar, pois a rumores que o governador vai mandar fechar tudo novamente. Vem com a gente, a gente aproveita e joga umas partidas, estou ligado que você curte uma sinuca. As garotas departamento também vão, vem com a gente, apresenta sua noiva\ pra galera.

—Obrigado Patrick, mas acho que essa, não é uma boa ideia.

—Desculpe mano, me esqueci, daquela outra vez que você foi com sua ex, mas a mina joga pra caramba meu irmão! Sua atual também joga?

—Não Patrick, Mariane não joga sinuca, acho bem melhor assim!

—Desculpa mano, mas deixa ela em casa assistindo BBB e vem com a gente se divertir um pouco.

—Tudo bem Patrick, eu vou pensar no assunto.

Quando cheguei em casa Mariane também acabara de chegar, ela me recebeu com beijos como sempre, porém, parecia está ansiosa, pois logo se afastou e foi sintonizar a tv no canal de streaming que apresentava o BBB.