Capítulo 21 -A boa loba

58 23 82
                                    

Ela arregalou os olhos com a pergunta, eu me arrependi pois senti que a tinha deixado constrangida, porém a pergunta estava feita. Ela pensou por um instante depois voltou a falar.

"Eu creio que não estou me expressando bem, não estou querendo falar mal de sua guria, eu apenas acho que você a conhece a muito pouco tempo, como me disseste." "Sabe um relacionamento sólido demora bastante tempo para ser construído, a gente não deve confiar cegamente em um namorado." "Também não é bom deixar o coração falar mais alto que a razão."

"Não disse que confio cegamente em Carol, mas senti sinceridade no que ela me contou."

"Tudo bem." "Eu estou sendo chata contigo, afinal também não tenho intimidade para saber se ela é uma pessoa confiável ou não, mas se você confia nela deve ter seus motivos."

Eu assenti com a cabeça e sorri para ela. Depois ela pediu mais café e pão de queijo. Passamos a conversar sobre Curitiba. Brenda dizia que conhecia muito bem a cidade pois se deslocava muito pelas ruas visitando os locais dos projetos que fazia para uma construtora e também para particulares.

"Como eu tinha dito, eu e minha colega tinamos uma visita agendada para hoje, mas ela não pode vir eu precisava que alguém me acompanhasse está indo pedir o favor a outra colega, quando vi você no farol."

"Por que sua colega não pode vir?"

"Bem, ela brigou com outra guria ontem, levou a pior e está com a cara toda inchada."

"Aaah, me desculpe por ter perguntado, não imaginei que sua colega de trabalho fosse a Rafa, então ela é uma engenheira?"

"Sim, quem a vê em nossas caravanas não imagina que ela é uma engenheira, alias todas as lobas tem suas profissões, somos mulheres independentes, não somos arroaceiras como algumas pessoas pensam."

"Eu não pensei isso, conheço clubes de motociclistas, mas ainda não conhecia um formado só por mulheres."

"Não existem muitos, mas seria um prazer um dia te convidar para um dar umas voltas conosco, você pilota?"

"Não, eu prefiro carros, moto não é minha praia, mas achei que só mulheres participassem."

"As sócias sim, mas não é proibido levar um amigo ou namorado, dependo do evento, você pode ir comigo na garupa qualquer dia."

"Bem, obrigado, mas eu sou mesmo chegado em..."

"Você tem medo de moto, Rick?"

"Não, medo eu não tenho, mas é que..."

"Tudo bem, não precisa se justificar." "Eu me esqueci que você tem uma namorada na cidade e talvez seja difícil explicar para ela que você tem uma amiga loba."

"Pois é."  "Mas fico agradecido pelo convite."

Brenda era muito simpática, ela sempre sorria conto falava e olhava nos olhos, aquilo era encantador, durante os minutos que ficamos na lanchonete ela me contou muitas coisas, principalmente sobre as lobas do asfalto do Paraná. Senti-me tentado a acreditar que as outras eram legais como ela, mas a marca do soco inglês ainda estava na minha cara. Ela mais uma vez se desculpou pela atitude da amiga. Eu voltei a dizer que aquilo não era nada, pois eu sou um cara resistente a pancadas.

"Você muito divertido, sua namorada te deixa andar sozinho por essa cidade?"

"Bem, ela trabalha durante o dia, eu não tenho muito o que fazer, então aproveito o tempo para conhecer essa cidade."

"Eu também trabalho durante o dia, mas as vezes surge uma folga, eu terei prazer em te apresentar alguns pontos turísticos de nossa cidade, para você levar boas lembranças quando voltar para São Paulo e poder contar para seus amigos, algumas aventuras além de ter brigado com uma loba."

O Amor em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora