Napa, Califórnia.
20 de agostoO verão estava acabando.
As aulas começariam em breve.
As coisas já estavam começando a tomar seu ritmo normal, o trabalho na floricultura havia voltado há uma semana, porém só naquele dia o movimento ficou intenso, assim como ficava no fim da primavera. Uma das encomendas foi a que Sina fez questão de atender, já que o pedido foi feito pelo seu cliente favorito. Tudo bem, isso não é 100% verdade; é só para evitar dizer que ela gostava de provocar seu maior inimigo quando ele ia buscar sua encomenda.
— Pronto, você já pode ir lá para dentro.
Shivani, filha dos donos da floricultura de sua família, disse saindo da parte de trás da loja.— Mas eu... Eu nem estou escalada para cuidar do jardim hoje...
Sina respondeu confusa, dando os últimos toques no buquê de rosas vermelhas que havia preparado durante toda a manhã.
— E eu não estou escalada para aguentar você e o Noah brigando de novo- a loira não pode evitar rir, pois sabia que sua amiga estava certa, era impossível Noah e Sina se encontrarem e não discutirem.
Eles se odiavam, e todos sabiam desse fato, sempre esteve claro para quem quisesse ver. As discussões começaram quando ainda eram crianças, e os motivos eram os mais idiotas possíveis. Noah não gostava quando Sina pedia picolé de limão, o preferido dele. Sina, por sua vez, detestava que o garotinho chamasse sua mãe de “mãezinha".
O tempo foi passando e os motivos foram mudando, mas mesmo que os dois estivessem crescendo e amadurecendo, a raiva que sentiam um pelo outro não diminuía. Alguns diziam que era amor encubado, mas outros acreditavam que eles não se davam bem por terem crescido juntos e serem muito diferentes.
De qualquer jeito, eles não se davam bem.
Nem um pouco.
— Bom dia Shiv! - Noah adentrou a loja, fazendo o sininho em cima da porta badalar— E apenas dia para você, garotinha.
— Oh, vamos lá, não seja um garoto malvado.
A menina provocou apoiando os cotovelos no balcão, deixando seu tom de voz o mais debochado possível.
— A sua sorte é que hoje, nada vai estragar meu bom humor.
Noah sorriu, até aquele inocente gesto irritava Sina, e fez seu sorriso desaparecer.
— Já fez seu trabalho? Ou montar um buquê bonito é muito para o seu pequeno cérebro?
— Diferente de você, eu sei fazer muito mais do que passar o meu recesso inteiro esquentando a minha bunda no sofá jogando videogame- a loira sorriu quando percebeu que atingiu seu objetivo.
Noah estava irritado.
Ele avançou no balcão e pulou a estrutura, ficando o mais perto possível da garota dos olhos claros. Sempre que estavam assim, perto demais, os corações de ambos batiam dez vezes mais rápido, como se a qualquer momento fossem pular para fora. Para Sina, toda vez que Noah a encarava daquela maneira fria, ela sentia vontade de vomitar.
Alguma coisa mudava em seu corpo, seu estômago começava a mexer e ela podia sentir a raiva queimar sua garganta. Com o rapaz não acontecia muito diferente, era como se seu corpo implorasse para que ele se afastasse, senão algo inesperado aconteceria.
Mas... O que seria esse algo inesperado? Ele não sabia.
— Ei, já chega!- Shivani exclamou, ela já não podia mais aguentar aqueles dois brigando em todos os lugares por todos os motivos— Gente, vocês vão fazer dezoito anos, são quase adultos. Será que não dá para...
Percebendo que ninguém estava lhe dando atenção, a garota colocou o buquê de rosas no peito de Noah, o obrigando a segurar o ramalhete antes que ele caísse no chão.
— Tchau, muito obrigada por comprar com a gente mesmo sabendo que Sina poderia colocar lagartas nas flores.
Shivani brincou levando Noah até a porta, mas aquilo fez o rapaz pensar e olhar para trás antes de sair.
— Você não faria isso, faria?
— Minha mãe me ensinou o valor do dinheiro, fica tranquilo- Sina respondeu cruzando os braços.
— Ah, isso é tão doce, você se importa com o meu dinheiro!- o garoto colocou a mão no peito, fingindo uma emoção que não existia.
— Não seu idiota, estou falando do meu dinheiro, do meu trabalho.
— Claro que sim- Noah riu sarcasticamente antes de puxar a porta— Eu realmente achei estranho você se importar com alguém que não fosse você mesma...
— Seu...
— Já chega, vai!- Shivani empurrou seu amigo para fora, fechou a porta e encarou Sina repreendendo-a— Você não aprontou nada, certo?
— Shiv! Assim você me ofende!Sina colocou a mão no peito, fazendo a cena mais dramática que conseguiu, porém não convenceu sua amiga.
— Vamos lá, Shiv, ele que começa, eu só me defendo- ela completou voltando a trabalhar.
Sina sorriu satisfeita ao lembrar das vezes que fez Noah perder a cabeça, e olha que não foram poucos casos. Tudo o que envolvia Noah sofrendo ou estressado era motivo de alegria para a garota, e a situação não era muito diferente no lado de lá. Urrea conseguia provocá-la e deixá-la com raiva, mas raramente via Sina perder o controle. Ninguém via. A jovem era reservada demais para expor seus sentimentos. Talvez fosse porque seu pai não foi o mais atencioso no mundo quando ela era uma criança.
Nem ela, nem seu inimigo da vida podiam entender o que os levou a se odiarem tanto. Eles apenas sentiam.
O. Tempo. Todo.
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See you soon...
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Until the last dance
FanfictionO verão estava acabando. As aulas começariam em breve. As coisas já estavam começando a tomar seu ritmo normal, o trabalho na floricultura havia voltado há uma semana, porém só naquele dia o movimento ficou intenso, assim como ficav...