25 de agosto, segunda-feiraI don't need your approval to be me.
Sina Deinert
— Não precisa vir me buscar, Any, eu realmente preciso ajudar minha mãe, não me importo de chegar um pouco atrasada.
Preciso dizer o real motivo para que minha melhor amiga pare de tentar me dar carona até a escola. Tentei omitir a verdade, mas Any é insistente demais e eu não queria enganá-la. Converso com ela um pouco mais enquanto termino de arrumar a cozinha, eu gosto da minha rotina agitada. Não sou a maior fã de ficar sem fazer nada, principalmente quando o clima em casa não é o melhor de todos. Nunca senti meu pai tão distante de mim, ele mal me olhava e quando o fazia, era um olhar de desprezo. Já minha mãe nunca passou tanto tempo dormindo como fazia agora.
Mas tirando as partes ruins, minhas férias foram realmente boas. Eu me sentia pronta para o último ano da escola.
— Querida, você poderia...
A voz doce da minha mãe começa a me chamar, mas ela não continua, não precisa continuar.
Termino de colocar a louça da manhã na máquina e corro as escadas até os quartos. Me despeço da minha amiga e guardo meu celular no bolso. Preciso parar na frente da porta do quarto de mamãe, eu sempre precisava me preparar antes de vê-la. Eu a amo, o câncer não me fez amá-la menos. Mas aquela doença fazia com que eu evitasse a mulher. Ela sempre foi linda, perder cabelo e um peso considerável não a deixou feia, porque seus olhos nunca pararam de brilhar. Porém vê-la fraca, sem conseguir respirar direito definitivamente não é bom.
— Bom dia, minha rainha!- exclamo ao abrir a porta, minha mãe está sentada na cama enrolada em uma toalha. Ela mal consegue ficar com o corpo reto— Como se sente hoje?- a ajudo a colocar seu aparelho respiratório, ignorando tudo que estou pensando.
— Estou bem, minha princesa- ela diz sorrindo enquanto recupera o fôlego— Já decidi o que vou usar, você não pode se atrasar no primeiro dia de aula.
— Não se preocupe, mamãe, não é nada demais.
Ajudo a mulher a se vestir, tentando ignorar que ela está usando um suéter de tricô rosa, e que o clima não estava tão frio para tal. Ela sentia muito frio, culpa da perda de peso constante. Antigamente o meu cérebro ignorava esse tipo de coisa, mas agora eu já aceito os fatos: minha mãe está realmente doente. Quando aceitei isso passei boa parte das minhas férias chorando escondida, mas acho que consegui lidar bem no fim das contas.
Uma coisa que me ajudou muito era ver Noah Urrea quando Yoon me chamava para sair com ela e o namorado, melhor amigo do garotinho. Eu adorava ouvir ele falar dos seus encontros que não resultavam em nada. Apesar de odiar aquele cara, eu não posso negar que irritá-lo e rir dele é muito bom.
— Pronto, mamãe. Você é a mais linda de todas.
Mamãe ri, beijo a cabeça dela quando termino de colocar seu lenço rosa-bebê ali. Sento na cama e beijo seu rosto várias vezes quando a vejo corar, trocamos beijos e abraços desajeitados, paramos quando mamãe beija minha testa e me encara.
— Eu te amo- ela sussurra— Brilhe no seu último ano. Vá para a escola e seja gentil com os outros e com você mesma, ok?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Until the last dance
FanfictionO verão estava acabando. As aulas começariam em breve. As coisas já estavam começando a tomar seu ritmo normal, o trabalho na floricultura havia voltado há uma semana, porém só naquele dia o movimento ficou intenso, assim como ficav...