VEINTIUNO

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7 de outubro, segunda-feira.
 

Notável como o amor tem um
padrão similar ao da insanidade.

Noah Urrea

Faz quatorze horas que não vejo a garotinha. Não que eu esteja contando. Ficamos na casa dela o dia inteiro, comemos uma das três travessas de cookies com gotas de chocolate e brincamos com Sammy. Como era de se esperar, acabamos rolando na grama e lutando um pouco, mas sem nenhuma agressão real. Fui embora no final da tarde, tio Joseph não apareceu e a garotinha disse que ficaria bem. Disse que estaria na escola, então aqui estou.

Não sei o que esperar quando entro no estacionamento, porque na verdade estou com medo. Mamãe disse que eu devia ser gentil com garotinha e ajudá-la, isso porque não sabe em que pé nós estamos. Dei um beijo na cabeça da garotinha quando nos despedimos, mas fui embora antes de ver sua reação. Ela não me xingou, vi como um bom sinal. Mas e agora, como vai ser? Vamos almoçar juntos? Vamos andar juntos? Vamos andar de mãos dadas? E...

— Para de pensar!- me assusto com o soco na minha janela, saio do carro e agradeço por Josh ter me salvado— O que foi?

— Nada, nada- nos cumprimentamos decentemente e caminhamos para a escola.

Enquanto troco meus livros, converso com o meu melhor amigo sobre o futebol. Na verdade, estou olhando para as portas no corredor esperando que uma loira triste entre por ali. Só tiro os meus olhos da porta quando vejo Catherine Salvatore se aproximar de mim. Ela é uma das meninas mais bonitas que eu conheço, e tive sorte dela ter caído na minha cantada ruim durante a aula de física. Fizemos uma dupla, e eu passei metade dos cinquenta minutos de aula paquerando aquela menina linda. Demorou, mas deu certo.

— Olha lá, ela voltou.

Catherine aponta para trás com uma expressão surpresa no rosto. Sigo a direção de seu dedo e vejo a garotinha entrar na escola. Ela está usando um suéter azul escuro e uma calça jeans do mesmo tom. Mesmo assim, não parece triste como estava quando fomos ao parque. Olho para longe dela e vejo Josh conversando com Savannah, preciso me controlar sozinho e parar de pensar. Volto a olhar para a garotinha enquanto ela mexe em seu armário, até que Catherine diz:

— Ouvi que ela estava em uma festa ilegal em L.A. no ano passado. Quase foi presa- sussurra— Ela é louca.

— Ela não é louca... Só faz algumas loucuras de vez em quando. Todos nós cometemos loucuras às vezes.

Catherine volta a falar, mas não quero mais ouvir, quero ver como a garotinha está. Marco o encontro com Catherine para à noite e a deixo para trás. Meu coração bate rápido enquanto me aproximo da garotinha, talvez seja um pouco de medo de que sua reação seja muito diferente do que eu estou esperando.

— Oi- ela fecha seu armário e me encara— Que bom que você voltou.

— É, acho que sim. Mudei alguns horários, vou entrar em uma aula nova.

— Sério? Qual?

— Quero fazer artes com a Any, ela disse que é menos chato do que parece- nós rimos juntos, o som é estranho.

— Posso fazer uma pergunta?

Pergunto depois de um breve silêncio e a garotinha confirma balançando a cabeça.

— Você vai voltar para a floricultura?- vejo ela engolir seco— Não precisa responder se não quiser, está tudo bem.

— Ainda não sei- ela diz— Talvez eu volte e fique no turno noturno, não sei. Por enquanto quero fazer a aula, passar mais tempo com as meninas.

Until the last danceOnde histórias criam vida. Descubra agora