Until the last dance

Epílogo

29 de abril, quinta-feira

Loucura é viver infeliz
por achar que o mundo
não vai aceitar a sua
maneira de ser feliz.

Sina Deinert

Como o aniversário de Alexia cai no recesso de primavera, nós sempre fazemos alguma coisa diferente com alguém. E isso sempre envolve comida. Para Lexie, tudo acaba em pizza.

Literalmente.

Quando ela disse isso para Noah uma semana depois de ele ter voltado pra casa, os olhos dele brilharam e eu sabia que o que ele estava pensando. É por isso que agora estamos na Itália. Sim, na Itália. O sem noção deu para a minha filha uma viajem para Roma.

— Vamos comer pizza no café da manhã, no almoço e no jantar!- Alexia diz enquanto andamos por um vilarejo maravilhoso.

Minha filha está no colo do garotinho, e ela está usando um chapéu lindo de palha assim como eu. Está fazendo sol, mas não está muito calor. Noah até está de blusa e short, usando o tênis que eu dei de aniversário uma vez.

Ele é grudado em Alexia como um ímã. Eles só se conhecem de verdade faz uma semana, mas a sensação é que Noah esteve com ela desde que saímos do hospital. É lindo de ver. Sempre que saio do trabalho e vou para a casa da minha família, os dois estão brincando ou assistindo filmes ou fazendo qualquer coisa juntos. Fomos visitar Sammy recentemente, que está enterrado no jardim da casa da fazenda. Noah chorou, e Lexie segurou a mão dele e disse que Sammy estava com a minha mãe no céu.

Aí nós dois choramos.

Agora, já não temos motivo nenhum para chorar.

Assistimos a um pequeno espetáculo aberto na rua e Alexia fica encantada, mesmo que não esteja entendendo nada. Quando eu falei que o garotinho dela estava morando na Itália, ela disse que queria aprender algumas coisas em italiano. Então nós duas começamos a fazer algumas aulas, mas desistimos no meio do caminho. Falei pra ela que o garotinho falava inglês e que nós ficaríamos bem.

Depois que almoçamos o verdadeiro macarrão italiano, percebo que eu consegui. Quer dizer, perdi minha mãe com dezoito anos, e meu pai acabou indo junto no pacote. Mas eu ainda estou aqui. Crio minha filha do melhor jeito que posso e parece suficiente, consegui perceber que tenho o garotinho que sempre esteve ao meu lado e nunca me deixou sozinha, tenho uma família que ainda cuida de mim...

Eu consegui.

— Mamma, nós ainda vamos sair?

Lexie pergunta um pouco depois de Noah ter ido ao banheiro.

— Sim, senhorita.

— E eu posso tomar sorvete?

— Peça para o Noah- Lexie ri.

— Por que, mamãe?

— Porque ele vai adorar te dar um presente e te fazer feliz. E... ele é rico.

— E você não é rica?

— Bom, na verdade ele não é rico. Mas quando eu era menor, sempre fazia ele pagar meu sorvete. E ele nunca morreu por causa disso.

— Então ele vai me dar um sorvete?

— Sim, com certeza- sorrio— Ah, e se ele te chamar de alguma palavra estranha, você usa o golpe da idade, tá bom?

— "Eu sou apenas uma criança de três anos!"

— Você tem quatro agora.

— Ok, quatro. Entendi. Ele vai me xingar com essa palavra estranha?