CINCO

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2 de setembro, terça-feira

Do whatever the fuck you want,
just don't hurt people.

Sina Deinert

Depois da semana de suspensão, tive que aguentar uma manhã de aulas e mais uma hora com o garotinho na sala do diretor. Parei de escutar depois que ele proibiu que o garotinho e eu almoçassemos na mesma mesa, depois disso minha cabeça começou a planejar o resto das coisas que eu preciso fazer. Saindo da escola preciso ir direto para a floricultura, depois tenho que ir correndo para casa e me arrumar para uma festa que Any me convidou. Rezo para que minha mãe não repare quando eu estiver saindo, ela não gosta da minha vida social ser tão animada.

— Fiquei muito feliz quando Alex e Wendy matricularam vocês aqui. Pensei que ia presenciar outra amizade linda crescer, assim como as mães de vocês têm.

O garotinho e eu rimos, não existe a mínima possibilidade de sermos amigos como nossas mães são. Elas se conhecem desde o ensino médio, começaram a ser amigas na mesma escola que estudo agora.

— Sem querer ofender, senhor Davis, mas eu realmente preciso ir trabalhar- tento ser educada, mas a verdade é que aquilo está me deixando sem paciência.

— Eu sei, senhorita Deinert- ele suspirou e balançou a cabeça— Isso não vai nos levar a lugar nenhum, não é?

— Não vamos mais destruir o refeitório, se é isso que está te preocupando- o garotinho garante.

— Eu agradeço.

O homem deve ter ganhado mais trinta fios de cabelo brando com aquela conversa... Abro a porta da sala e saí depois que ele nos libera, o garotinho anda ao meu lado no corredor até o estacionamento. Quando chegamos lá, ele corre até seu carro onde uma garota o espera. Sua pele é branca, o cabelo liso preto e perfeito.

Eu já a vi antes, seus olhos puxados e sua risada fofa não me são estranhas. Ela e o garotinho se abraçam sorrindo, e eu sinto o meu estômago embrulhar. Meu corpo não reage bem ao ver o garotinho feliz, por isso saio dali o mais rápido possível, tentando ignorar o nó na minha garganta. Posso zoar o garotinho depois.

[...]

— Obrigada, querida.

A senhora Jhonson diz depois que eu a ajudo a colocar um latão de lírios no porta-malas de seu carro. Me abaixo na sua janela e sorrio, pois essa mulher é uma fofa.

— Sem problemas. Como vai, senhor Jhonson?

Olho para o marido de Sandy, ele é um velhinho engraçado, pois está sempre bravo.

Como esperado, ele apenas revira os olhos e olha para frente. Sandy beija minha bochecha e me agradece novamente, acompanho o carro deles sair e logo depois volto para loja. Eu estou tão distraída que acabei batendo em alguém quando abro a porta, o contato me faz cair no chão. Para amenizar o impacto, coloco minha mão no chão. Mas infelizmente ela arrasta bem em uma rosa cheia de espinhos.

— Meu Deus!

Vejo o garotinho se abaixar na minha frente, mas não foi nele que eu esbarrei, e sim na garota que estava com ele mais cedo, e ela também está no chão.

— Sua mão está sangrando, ah que...

Estou confusa. Não sei se tem muito sangue saindo da minha mão, não entendo por que o garotinho está me ajudando sendo que seu próximo encontro também está no chão. Por que ele está me olhando como se estivesse preocupado comigo? Além de confusa, estou brava. Será que não tem outra floricultura nessa cidade para que esse idiota leve suas namoradas? Ele tem sempre que ir onde eu trabalho, só para me atrapalhar.

Until the last danceOnde histórias criam vida. Descubra agora