CUARENTA Y CINCO

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22 de novembro, segunda-feira.

So it finally came to pass
I saw the end of the world.


Sina Deinert

— Esse é o anexo. Você pode puxar a persiana para cobrir a porta de vidro, mas Jaden e eu não costumamos ficar aqui no jardim. E está nevando bastante, então você vai ter sua total privacidade.

Joalin me apresenta a casa onde vou ficar. É atrás da casa dela, que é grande o suficiente para me abrigar, mas eu com certeza prefiro ficar aqui. A sala é confortável e branca, tudo aqui é branco. Essa cidade é tão clara que faz meus olhos queimarem. Mesmo assim, falei poucas palavras desde que cheguei. Continuo olhando o anexo. Meu pequeno (porém confortável) quarto, a cozinha, o banheiro, tudo é ótimo. Agradeço à Joalin e digo que preciso tomar banho. Ela sai e eu me jogo no sofá.

Meu celular está cheio de mensagens, mas não existe nem uma da pessoa que eu queria. Não me surpreendo, na verdade. Ele nem deve notar que eu saí da cidade. Me pergunto se ele vai sentir minha falta, e já saber a resposta sempre me faz suspirar com pesar. É isso que eu faço enquanto tiro meus sapatos e me encolho no sofá. A casa não está aquecida ainda, tenho certeza que vou começar a tremer em breve. Mas não tenho concertar a situação, não quero concertar nada agora.

Eu estou quebrada e sempre vou ser assim.

Noah Urrea

Depois da semana de recesso para a celebração do Dia de Ação de Graças, voltar para a escola e não ver Sina lá está sendo estranho. Quando não estávamos nos falando, eu pelo menos sabia que ela estava ali perto, mas agora ela simplesmente desapareceu e deixou os buracos. Não tenho ninguém para provocar, não tenho ninguém parar pensar e me acalmar em uma crise de ansiedade. Meus amigos estão mais próximos, mas eu nunca me senti tão sozinho. Nunca estive tão longe da garotinha.

Não consigo focar em nada. Na aula de teatro, minha cabeça fica flutuando depois que eu me sento no fundo do auditório. Mélanie olha para mim algumas vezes seguidas, eu nem sabia que ela estava nessa aula. Ignoro seu olhar, porque estou entediado e com vergonha por causa do encontro que tivemos. E isso me lembra de tudo que falei para Sina naquela noite. Não me lembro de todas as palavras, eu estava muito bravo. Mas eu lembro de como ela ficou triste.

Ela estava triste. Eu estava destruído.

— Olá.

Mélanie se aproxima devagar enquanto eu recolho os textos nas cadeiras depois da aula. Não quero falar com ela, não quero conversar com ninguém. Estou indo bem, mas isso porque sempre tento me esquivar das coisas que aconteceram no último mês.

E querendo ou não, Mélanie está nesse pacote.

— Onde ela está?

— Quem?- pergunto subindo no palco.

— Sina Deinert- ouço Mélanie me seguir, mas não olho para ela— Achei que vocês ficariam juntos definitivamente depois do que eu te falei.

Respondo depois de alguns segundos.

— Ela foi embora.

— E você deixou?

— Não deixei nada, tá legal?

Eu juro que estou tentando não ser um babaca rude, espero que esteja funcionando.

— Foi mal- respiro fundo e encaro Mélanie— Ela só... foi. Eu não poderia ficar com ela, era um risco muito grande. Mas agora já acabou.

— O que você quer dizer com risco?- Mélanie pergunta, e eu preciso ficar me lembrando que ela não tem culpa de nada— Sabe, é muito difícil você encaixar a peça de um quebra-cabeça em um lugar errado. Você certamente não vai conseguir. Mas isso não significa que aquela peça não pertence ao quebra-cabeça, ela só não é a que completa aquele espaço.- ela sorri e balança o corpo— Não acredito que você a deixou ir embora...

— Ela acabou comigo, Mélanie! No quebra-cabeças dela, eu fui a peça menos importante, a que fica esquecida no fundo da caixa.

Deixei os textos no armário atrás do palco e saí dali o mais rápido que consegui. Eu tinha que ir para a fisioterapia e fiz isso andando, porque não queria esperar para que Josh me levasse. A cada passo, meu joelho se contrai. E então o meu coração se contrai, e o estômago, e o meu peito... Não entendo porque é tão difícil seguir sem ela, se para Sina foi tão fácil me deixar.

Faço tudo na força do ódio na fisioterapia, e mesmo depois de levantar pesos e fazer exercícios ridículos, ainda preciso de alguma coisa que me faça jogar a raiva pra fora. Mando mensagem para Josh, e assim que eu saio da consulta, ele me busca e nós vamos para o campo acabar com alguns carros. É isso que eu faço. Jogo tudo pra fora quebrando vidros, retrovisores, chutando pneus.

Ela não podia ter feito isso comigo...

"Não acredito que você a deixou ir embora..."

Mélanie acha que eu deixei? Que eu podia pedir ou exigir alguém coisa? Claro que tem um lado meu que pensa que eu poderia ter impedido que ela fosse embora para aquela porcaria de país, mas eu quero fazer esse lado calar a boca. Se ela me amasse, não teria me deixado. Ela não podia, não...

Jogo meu taco de beisebol no para-brisa de um carro amarelo e velho. O vidro estoura e eu me jogo no chão, cansado demais para continuar. Josh senta ao meu lado e coloca a mão no meu ombro, me apoiando silenciosamente. Penso que ele não vai falar nada porque ele sempre prefere ficar quieto, mas estou errado.

— Sabe, acho que foi melhor assim- não consigo olhar pra ele— Um dia você se acostuma. Sei que viveu a vida toda com ela, mas faz pouco tempo que vocês se aproximaram de verdade. Não é como se você a amasse desde sempre.

Acho que eu amava sim...

— Josh?

— Sim?

— Você pode me dar um abraço?

— Ah, cara...

Ele me abraça e eu desabo, mas consigo chorar baixinho. Josh está certo, não é? Foi pouco tempo, não é como se eu tivesse passado a vida toda apaixonado pela Sina.

Então por que parece que quando ela foi embora uma parte de mim foi junto? Ainda não tinha chorado, mas não paro de repetir essa pergunta na minha cabeça e chorar também. Foi tão real, eu nunca achei que ela me jogaria para fora tão fácil. Mas eu devia ter adivinhado, não é? Ela sempre foi uma...

Uma bomba-relógio. E agora ela me destruiu.





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A esperança é a última que morre
O que acharam?
Amo vcs!
Bjos, Mary 🖤🍁





Until the last danceOnde histórias criam vida. Descubra agora