SIETE

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*possível gatilho a respeito de alcoolismo.

8 de setembro, segunda-feira

Sem o amargo, o doce
não seria tão doce.

Noah Urrea

Depois do almoço, Josh e eu vamos para a arquibancada, onde nossos amigos sempre ficam antes das próximas aulas. Mas naquele dia, levo um susto ao chegar no campo, pois a garotinha está ali também. Ela não costuma ficar na escola depois do almoço, não faz aulas extras para poder trabalhar na floricultura. Mas, em compensação, ela estuda mais de manhã para compensar os buracos na grade escolar.

— Ei, pessoas!- cumprimento meus amigos quando me aproximo.

A garotinha está de costas e nem olha para mim, então aproveito sua ignorância e uso sua cabeça como apoio para subir no degrau que está acima dela. A loira rapidamente empurra a minha mão da sua cabeça com um tapa, revido sua agressão colocando um dedo em seu ouvido. Ela me bate de novo, até vira para mim para ter mais controle da situação.

— Crianças, chega!- Heyoon intervém na briga, o que me salva de um soco no estômago.

— Salvo pela baixinha- a garotinha sussurra.

— Ei!- a amiga dela reclama— Não desconte suas frustrações em mim.

— Quais frustrações?- a loira pergunta rindo.

— Está frustrada, garotinha?- pergunto colocando a mão em seus ombros, ela levanta a cabeça para que eu a veja revirar os olhos.

Estou entretido na conversa que Bailey começou, então não percebo que ainda estou com as mãos no ombro da garotinha até ela rir do que é dito por Savannah.

Distraidamente, mas nem tanto, começo a apertar um pouco os ombros da loira tentando treinar meus dots para fazer massagem, mas não sou muito bom nisso. Era o que eu achava, pois a garotinha não reclama e não parece nem perceber o que eu estou fazendo. Às vezes nós conseguimos agir como pessoas civilizadas, e esse é um desses momentos. Estou tão confortável que até me atrevo a fazer uma pergunta.

— Como está sua mãe?- falo baixo, mas a garotinha fica tão tensa que eu acho que não falei baixo o suficiente.

— No hospital. Por quê?

— É que...- engulo seco, essa assunto não é nada seguro— minha mãe estava estranha hoje de manhã.

A garotinha olha para frente e para de respirar. Sei que falar da mãe mexe com ela, mas nunca prestei atenção realmente. Já sei o que ela vai fazer, então me afasto e só espero. Não sei porque, mas ela sempre foge. Queria poder fugir como ela às vezes, mas gosto de saber que sou mais corajoso, pois enfrento meus problemas.

— Tenho que ir- ela dá um pulo para descer da arquibancada e coloca sua mochila nas costas.

— Não!- as meninas resmungam— Você disse que ia esperar a gente sair- Nour diz.

— Mudança de planos, me liguem quando as aulas de vocês acabarem- a garotinha força um sorriso e sai correndo.

Sina Deinert

Quando chego em casa, já estou mais calma. Fico nervosa quando preciso falar da minha mãe desse jeito, no meio de tanta gente. Sei que só estava com os meus amigos próximos, mas não sei o que eu poderia deixar escapar. Não posso deixar que eles vejam que eu estou desesperada de medo, então vou embora. Corro até a minha casa e jogo o medo pra fora, mas tudo volta como uma bala quando vejo minha tia na sala de estar com o meu pai.

Until the last danceOnde histórias criam vida. Descubra agora