8 de novembro, sexta-feiraBut if you loved me, why
would you leave me?
Noah UrreaQuando acordei há alguns minutos atrás, percebi que eu e a garotinha estávamos abraçados. Não me movi, porque não queria que isso acabasse. Estou aqui desde então, aproveitando nossos corpos juntos e nossas respirações parecendo uma só. O coração dela bate contra o meu. Ou o meu está batendo contra o dela. Não sei, não importa. Agora nós somos nós, e eu me sinto bem com isso. Sei que vai durar pouco, mas aproveito.
Meu alarme toca às sete da manhã, e isso faz a garotinha resmungar e se encolher mais contra mim. A abraço e beijo sua cabeça mas ainda não levanto. Não posso levantar, o mundo parece estranho agora. Se eu for embora, se eu me levantar, vou perder minha garotinha?
— Ei, vamos- ela me chama e levanta a cabeça, mas eu fecho os olhos— Não seja ridículo, garotinho, vamos nos atrasar.
— Estou bem aqui, obrigado.
— Para com isso- ela ri e morde meu ombro— O que foi? Tá se sentindo mal?
— Medo. Estou com medo.
— Ah, qual é? Você sabe que o show tem que continuar. Vamos, eu danço com você.
Não posso negar, então abro os meus olhos e encontro seu sorriso esperançoso. Quero chorar, pois tenho um encontro hoje. Porque isso é tão estranho? Por que é tão difícil? Eu me sinto como um pedaço de lixo, despejado como algo sem importância nenhuma. Mas a garotinha ainda está aqui, dormimos juntos e ela ainda é a pessoa que arranca meus melhores sorrisos. Por que ela não para de me bater e me consolar depois? Ela não me explica, ela não conta.
E eu também não falo nada.
[...]
Na escola, antes da terceira aula e última antes do almoço, vejo a garotinha conversando com um cara ao lado de seu armário. Ela não parece muito contente, então me aproximo por trás do rapaz e espero que a garotinha me veja. Ela faz isso, e me diz com os olhos que está bem e que eu não preciso me preocupar. Isso devia me deixar feliz, não é? Então tento sorrir e saio de perto. Aperto o braço dela quando passo por ela, mas não olho pra trás para ver sua reação.
Penso que não pode piorar, mas estou errado. No refeitório a garotinha não se senta comigo nem com ninguém, ela some. Conheço o cara que estava com ela no corredor, procuro por ele com meus olhos e o encontro sentado com os garotos da sua turma. Me tranquilizo, mas não sei se eu devia me sentir assim.
Quero ir embora daqui, não consigo mais.
Meus pais entenderiam e eu posso ir, sei que posso fazer isso porque se eu ficar, vou surtar. Então eu saio, me levanto assim que Lamar e Bailey chegam perto. Empurro minha bandeja e saio do refeitório, bato meus pés com força enquanto caminho pelo pátio e...
— Garotinho? Garotinho!
Sinto ela correr atrás de mim, mas não consigo parar. Preciso que ela pare com isso, meu Deus. Preciso que ela me diga porque está querendo ir embora se sempre acaba me amando. Por mais que eu tente, a garotinha consegue me parar no meio do estacionamento. Tenho que sair antes que algum professor me veja, mas não me afasto da garotinha. Respiro fundo e espero que ela me diga o que tem para dizer. E eu sei que não vai ser a verdade, sei que vai ser algo que eu não quero ouvir. Mas eu fico mesmo assim.
— Por que você está indo embora?- ela pergunta preocupada— Suas mãos estão tremendo... Ah, meu Deus, garotinho. É ansiedade? É isso? O que eu posso fazer?
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Until the last dance
FanfictionO verão estava acabando. As aulas começariam em breve. As coisas já estavam começando a tomar seu ritmo normal, o trabalho na floricultura havia voltado há uma semana, porém só naquele dia o movimento ficou intenso, assim como ficav...