TREINTA Y TRES

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25 de outubro, sexta-feira

If you're going to live, you might as well
do painful, brave and beautiful things.

Sina Deinert

Não me surpreendo quando abro os olhos e percebo que estou em um quarto de hospital, escutei tio Marco falando que ia me trazer para cá na noite passada. Eu não preciso de médicos ou remédios, sei exatamente que não posso ter o que eu preciso. Acho que já me conformei. Mamãe foi descansar, ela precisava disso. Mas isso não diminui minha saudade, minha vontade de que ela estivesse aqui ainda. É tão estranho estar mal quando se está no caminho certo.

Eu estou bem, mas não estou.

Minha mão esquerda está sendo aquecida, olho para o lado e vejo o garotinho sentado na cadeira ao lado da cama. Ele está segurando a minha mão, é por isso que ela está quente. Ele parece desconfortável, mas dorme bem mesmo assim porque ele dormiria bem até mesmo em cima de uma pedra. No sofá na frente da cama estão Marco e Wendy, mas só um dos dois está acordado. A mulher sorri quando olho para ela, e então ela se levanta e se aproxima de mim.

— Bom dia, meu amor- ela sussurra— Como você se sente?

— Tô bem. Sinto muito, Wendy.

— Por quê?

— Já estou morando na sua casa e agora estou dando trabalho. Sinto muito, de verdade.

— Sina, pare com isso- ela me repreende— Eu queria poder enfiar na sua cabeça que você não me dá trabalho nenhum.

Tia Wendy aperta minhas bochechas e sorri, o que me faz rir fraco.

— Eu estou doente?

— Não, mas estava quase ficando.

Não me assusto, poucas coisas me assustam.

— Você só vai tomar algumas vitaminas para aumentar a sua imunidade. O médico disse que perdas muito dolorosas abaixam a imunidade, e agora que você aceitou sua dor, ela está mexendo com o seu corpo- Wendy explica.

Aperto mais a mão do garotinho. Ele estava certo, fugir sempre foi algo ruim para mim. Mas era o meu jeito de resolver as coisas, o único que eu conhecia. Ok, aceitar a dor me trouxe para uma cama de hospital. Mas eu tenho minha família aqui comigo, vou ficar bem. Quando tio Marco acorda, ele também conversa comigo e diz que vai cuidar de tudo que eu vou precisar. Depois de conversamos um pouco, eles dizem que vão tomar um café lá fora. Sento na cama quando eles saem e puxo o braço do garotinho, porque quero que ele acorde.

— Oh, oi- ele sorri e fica de pé, bem na minha frente e bem perto— Como você se sente?

— Bem, estou bem.

Seguro seus pulsos quando ele segura meu rosto com as mãos. Garotinho se abaixa e me beija, correspondo seu carinho suave e delicado comigo. Meu corpo estava doendo quando nós saímos da festa da Heyoon, mas eu achei que era porque dancei com as meninas durante boa parte da noite. Dancei com o garotinho também, e ver seus olhos brilhando para mim foi a melhor coisa da minha noite. Eu queria ter ficado acordada para aproveitar o passeio de carro, mas eu estava cansada demais.

Queria poder dormir por mais tempo...

— Sinto muito por ter feito você dormir nessa cadeira desconfortável- digo quando finalmente paramos de nos beijar.

— Para de dizer que sente muito, caramba. Você não devia sentir nada, garotinha. Está tudo bem.

— Fiz seus pais pagarem esse hospital para mim porque eu não tenho plano de saúde. Ah, sério, isso é uma... merda.

Until the last danceOnde histórias criam vida. Descubra agora