Pov. Lu
Levanto e sem pensar duas vezes vou para o outro quarto. Val vai me ouvir nem que eu tenha que acordá-lo pra isso.
Abro a porta com zero cuidado e me surpreendo por encontrar Val sentado na cama com a cabeça entre as pernas. A raiva se dissipa um pouco e preocupada me aproximo.
— Tá tudo bem, Val? —Pergunto colocando minha mão na sua teste checando sua temperatura como se fosse mãe dele.
—Tá sim, Lu. Só insônia. Te acordei? — Valério diz num tom tão inofensivo que me sinto quase culpada de tudo que eu quero dizer para ele hoje e como pretendo falar. No caso aos gritos e com objetos sendo tacados na parede de preferência.
—Não, também não consigo dormir. Será que podemos... conversar? — Pergunto sem tirar os olhos dele. Não aguento mais as meias palavras, os olhares desviados e todo esse clima em volta de nós. Não tenho ideia do que está na cabeça do Val, mas não é difícil saber que tem algo o incomodando. E hoje ele queirendo ou não, vai ter que falar.
— Tenho que trabalhar amanhã cedo, Lu. Não podemos deixar para outro dia? — Respiro fundo irritada. Quantas vezes ele já não disse isso pra mim? Não sei nem dizer tudo que eu peço ele diz que está cansado e que podemos fazer depois. Bullshit... é o que isso é. Não mereço isso, não aguento mais, faço que não com a cabeça e ainda em silêncio solto uma risada nada feliz.
— Que dia é melhor pra você? O dia de São Nunca? — Falo irônica, se depender da disponibilidade dele a gente não vai conversar nunca. Provavelmente é isso que ele quer.
— Menos Lu que não é assim. Eu só tô cansado, não dormi nada essa noite e tenho que estar de pé em menos de 4 horas. Prometo que a gente conversa hoje mais tarde. — Queria acreditar nele, mas já caí nesse golpe algumas vezes também.
— Como a gente ia conversar na semana passada sobre as contas? — Sinto ele hesitar ao responder Valério sabe que eu tenho razão, mas claramente não quer admitir. Porque eu não tenho ideia.
— Isso foi completamente diferente. Precisei fazer hora extra no trabalho e você sabe disso. — Honestamente não sei mais o que pensar. Milhões de possibilidades passam pela minha cabeça, será que Val tá vendo outra pessoa? Usando de novo? Ou sei lá vivendo uma vida dupla no estilo da Hannah Montana? Honestamente acho que nada mais me surpreenderia. Só preciso saber o que é.
— Cinco dias seguidos Valério? Eu não sou idiota, tem alguma coisa acontecendo. O que é tão ruim que você não tem coragem de me contar? — Pergunto de uma vez sem tirar os olhos dele. Valério vira o rosto, por que é tão difícil para ele olhar para mim?
— Olha pra mim, Val. Acho que mereço pelo menos isso, por que você não consegue mais olhar pra mim? O que de tão terrível eu fiz? — Olho para cima tentando controlar as lágrimas, não quero que ele me veja chorando depois de tudo que fez. Sou melhor que isso, mereço mais.
— Nada. Você não fez nada. — Pela primeira vez em semanas ele olha para mim, queria dizer que fiquei mais tranquila, mas o olhar dele tem tanta dor que só me deixa mais temerosa.
— Então, o que foi que você fez? Voltou a usar? Bebeu? O que for a gente pode lutar contra juntos. — Digo preocupada. Apesar de estar chateada, só quero que ele confie em mim, se abra e me deixe ajudá-lo.
— Não podemos, Lu. E esse é o problema. — Valério fala com tanta firmeza na voz. Do que ele tá falando?
— Como assim, Val? Do que você tá falando?
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Hermanos
FanfictionDuas cartas de despedida do Valerio e da Lucrecia após os acontecimentos da segunda temporada. Uma foi enviada e a outra não.