Reflexões

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Pov. Valério

Lu voltou da psicóloga e foi difícil fingir que estava tudo bem. Não conseguia parar no que Samuel disse, nos preocupamos em nos salvar tanto que esquecemos de nós mesmos e isso não é saudável. Preciso pensar e não vou conseguir fazer isso claramente enquanto olho para ela. Sei que sair não é uma opção, então só invento uma dor de cabeça.

Pode até não ser verdade, mas é quase isso. O peso de pensar em terminar o que temos de uma vez dói mais que uma dor de cabeça de verdade. Lu me olha preocupada, dá um beijo na minha testa e pede que eu descanse, que mais tarde ela vai lá checar como eu estou. Fecho os meus olhos me sentindo em parte culpado por mentir, mas ainda não é hora de dizer a verdade, não quando eu ainda não tenho certeza de nada.

O resto da tarde passa devagar demais, me lembro de muitos dos nossos momentos. De como sempre me senti mais seguro e protegido quando ela estava por perto, e como quando me afastei dela ainda esse ano me senti em parte miserável, triste, mas em relação a vício e a minha vida no geral me saí melhor.

E tudo que Samuel disse parece fazer ainda mais sentido, se eu não tivesse voltado para estar com ela depois do que aconteceu talvez eu não tivesse recaído de novo. Estive tão preocupado em criar um ambiente seguro para que esqueci de mim, do que preciso. E apesar de não me arrepender de nenhuma dessas coisas, talvez seja a hora de perceber que esse amor que temos não nos faz bem, pelo menos não enquanto não resolvermos todos os nossos traumas e problemas pessoais.

É inevitável não chorar quando eu percebo que preciso me afastar dela. Não vou conseguir focar em mim se ela estiver por perto e preciso disso. Tenho que me afastar dela, mas como fazer isso sabendo que ela ainda precisa de mim?

Acho que adormeci de tanto pensar, porque quando abro os olhos o dia já anoiteceu. Escuto Samuel e Lu rindo de alguma coisa e conversando e começo a pensar em como seria vida de Lu se eu não estivesse mais por perto. Será que sou tão necessário? Dessa vez, ela não está mais sozinha, penso alto enquanto já fora do quarto vejo os dois rindo enquanto vem um filme juntos.

Obviamente vou sentir falta dela e ela de mim, porém talvez seja o tipo de mal que precisamos para estar juntos um dia ou para seguir em frente. Não quero ser esse garoto drogado e que se autossabota o tempo inteiro, Lu merece ser mais que uma babá e eu também. E sim vai ser a coisa mais difícil que já fiz nada vida, mas talvez eu ir embora dessa vez seja bom para ela também.

Não vou dizer nada ainda, preciso ter certeza de como seria, observá-la e se realmente tomar essa decisão pensar em como vou seguir minha vida depois disso. 

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