A Recaída

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Pov. Valério

– Prometo, Lu, vou te contar tudo de agora em diante. – Digo isso e dou um selinho nos seus lábios.

– Obrigada, Val.– Lu sorri, respira fundo e continua. – Não posso te prometer que vou ficar bem para sempre, mas posso prometer que vou estar aqui e que sempre vou dar meu melhor. Não vou embora, Val, vai ter que se acostumar com isso tá bom. – Apenas aceno minha cabeça no meio de um monte de lágrimas, amo essa garota mais do que tudo, como é possível amar alguém com tanta intensidade?

Depois desse dia passei a me esforçar mais, compartilhar minha vida com ela sem essa preocupação constante de machucá-la, Lu está certa, tenho guardado muitas coisas para mim mesmo.

E desse dia em diante em um sinal de confiança, comecei a falar mais sobre minha rotina e a reclamar de tudo ruim que tinha nela, como o excesso de trabalho, as horas extras que eu sempre tinha que fazer, mesmo não recebendo extra para isso, e é claro do meu chefe que amava pegar no meu pé.

Mesmo eu chegando no horário, e fazendo tudo como fora instruído o mais rápido possível, nunca era bom o suficiente para ele. Samuel que trabalhava na parte da tarde conhecia a peça e sabia que não era minha culpa, ninguém ali realmente gostava dele, mas era aturar o gênio dele ou rua...

Lu me ouvia, me dava conselhos e quando não tinha o que dizer me abraçava forte. Não falei para ela sobre os tremores e sobre como a rotina estava começando a me deixar estressado e tentado a me drogar de novo. Só queria relaxar um pouco e por mais que estar com Lu fosse incrível, cheirar cocaína parecia cada vez mais tentador.

E sei que preciso conversar com ela sobre isso, mas honestamente sinto tanta vergonha de admitir isso, me sinto um fraco e não quero que ela perca seu tempo se preocupando comigo.

Estou distraído com meus pensamos quando meu chefe entra na cozinha, anda na minha direção e encara a pilha de pratos ainda para lavar, que eu estava lavando por sinal, só precisava de tempo.

– Vai lavar esses pratos ou espera que eles se lavem sozinhos, Valério? Rápido, rápido, menos pensamento e mais ação, ok? Não sei como era sua vida de rico, mas aqui os clientes querem suas comidas no tempo... Bora com isso! – Gritou ele sem necessidade nenhuma já tinha aumentado a velocidade da lavagem e logo todos estariam limpos. Pela pressa acabei derrubando uma parte dos pratos na pia e cortando a minha mão.

– Caralho, Valério... É tão difícil lavar a porra dos pratos sem quebrar nenhum? Sai daqui agora, Juan substituí ele por favor... Não dá mais.

– Como assim não dá mais? – Perguntei enquanto tentava estacar o sangue da minha mão com um papel toalha.

– Quer que eu desenhe? Saí da minha cozinha, amanhã você passa aqui e a gente acerta sua demissão. Não está funcionando. – Todos olham para mim com pena, sei que não sou o lavador de louças mais rápido do mundo, porém não sou tão ruim assim. E acreditem não é só eu que penso assim...

– Pedro, eu mandei mal, mas foi só um acidente. Vou me esforçar mais, lavar mais rápido, preciso desse emprego, Pedro. – Pedro instruí Juan sobre o que fazer e me ignora completamente. Que filho da puta...

– Pedro o garoto trabalha bem, às vezes se distrai um pouco, mas ele já disse que vai melhorar. Aonde a gente vai achar outro lavador? Isso vai virar um caos, cara. – Júlio fala em minha defesa e agradeço com olhar, ele realmente virou uma espécie de amigo e já trabalha ali há muitos anos. Talvez Pedro releve.

A verdade é bem simples Pedro não gostou de mim desde o momento que eu comecei, só me aceitou porque realmente precisava de alguém. Eu não era exatamente um bom cliente quando frequentava e ele gosta de jogar isso na minha cara. E eu sei que em parte mereço isso, mas não posso perder meu emprego por isso. Preciso desse dinheiro, sem ele como vou pagar pelos tratamento da Lu?

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