Samuel

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Pov. Valério

Não tenho ideia porque prometi isso, na verdade sei bem porque disse, não consigo dizer não quando Lu me pede algo assim. Mas honestamente não sei se consigo ficar sóbrio, estou tremendo de novo, suando, a única coisa que eu quero agora é droga, mas sei que se quero ficar sóbrio preciso resistir esse final de semana. Por que tem que ser tão difícil?

Se eu pudesse voltar no tempo e dar um conselho para o Valério de catorze anos seria isso, não experimente, muita gente consegue lidar com isso sem problemas, mas você não é um deles. Odeio estar preso a isso para sempre, penso olhando para o teto, Lu deita do meu lado e me abraça forte.

Evito olhar para ela, me sinto um idiota por fazê-la passar por isso de novo, Lu está certa ela não pode lidar com isso agora. Tento segurar as lágrimas, mas não consigo, tudo o que eu mais queria era ser o cara que ela precisa, porém não sou. Prometi que voltaria as reuniões, mas honestamente não sei se consigo fazer isso, começar tudo de novo, me sinto tão cansado dessa merda de montanha russa.

Frustrado com a minha capacidade de sempre estragar tudo, Lu não diz nada sobre meu choro só mantem sua cabeça no meu peito enquanto enrola um dos meus cachos, o que eu agradeço não saberia verbalizar o que estou pensando se ela perguntasse. Amo essa garota mais do que tudo e pela primeira vez em muito tempo penso se realmente devemos estar juntos, ela sempre foi a minha força e eu a dela, mas talvez a gente faça mais mal um ao outro do que bem. Ela não devia ter que se preocupar com meu vício enquanto se recupera.

– Te amo, Val. – Ela diz como se tivesse adivinhado o que pensei e finalmente reparo que ela também está chorando.

– Te amo, Lu. –Digo antes de adormecer.

Acordo quase duas da tarde, Lu já não está mais do meu lado, pelo horário deve estar na psicóloga, geralmente a acompanho em todas as consultas e sinto de novo que a deixei na mão. Sei que é besteira, mas queria estar lá e não estou por culpa dessa maldita recaída.

Samuel está vendo algo na TV quando saio do quarto.

– Bom dia. Lu pediu pra te avisar que foi pra psicóloga, que ela sabe o caminho então não tem porque você se preocupar. Ela deve estar de volta lá pelas 16h e palavras dela enquanto isso você está proibido de sair e sobre a minha tutela. – Rio porque é a cara da Lu, mas odeio que ela precise se preocupar comigo.

– Resumindo agora tenho uma babá... Se eu sair o que acontece?

– Não sei e honestamente não quero descobrir. Sua irmã sabe dar medo. Ela me deixou com ordens bem claras para cuidar de você. Tem macarrão no micro-ondas, se estiver com fome, e podemos jogar um vídeo game ou ver um filme, sei lá.

– Não vai trabalhar? – Samuel sempre trabalha aos sábados é estranho ele estar aqui.

– É minha folga. – Ou seja, ele pediu uma folga para ajudar com a crise aqui. Ótimo, não estou atrapalhando só a Lu, mas o Samuel também. Tento disfarçar meu desconforto, porém não consigo, em silêncio vou para a cozinha esquento o famoso macarrão do Samuel, acho que é a única coisa que ele sabe fazer na cozinha e tento descontrair o ambiente, o clima tá pesado demais.

– Já guardou a porção da Carla? Acho que ela não vai querer perder seu macarrão...– Falo rindo lembrando de quando ele contou sobre isso pra mim. Samuel ri um pouco e responde.

– A última coisa que ela quer atualmente é meu macarrão, acredite... Ela tá com outro e não quer mais saber de mim.

– Acho difícil de acreditar nisso... Me conte mais sobre vocês dois, preciso de uma distração disso tudo.– Falo sentando no sofá com meu prato, tentando não pensar sobre a frustração de tudo isso e na vontade latente de só ir embora e me drogar. É o que eu quero, mas se fizer isso vou oficialmente estragar tudo. Preciso aguentar um pouco mais, já fiz isso outras vezes os primeiros dias são os mais difíceis, só preciso me distrair e fazer as horas passarem.

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