Capítulo 3

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1 semana depois...

Hoje estava imersa nos meus pensamentos 

Já havia feito a contabilidade de algumas bocas e podia até me liberar, mas Bebeto me chamou. 

-Pati. -Ele me chamou, esse era meu vulgo. Era Pati ou Patricinha. Vulgo maravilhoso, lê-se em ironia. -Tu pode ajudar nas paradas do baile? 

-É pra quando? 

-Sábado. -Respondeu. Hoje era domingo, menos de uma semana para fazer o que ele pedir. 

-O que tu quer que eu faça? -Cruzei os braços. 

-Liga para uns mc's e vê com o seu Zé umas bebidas, estoque total. -Ele respondeu. -Depois eu pago, só você me trazer o comprovante. 

-Eu tenho que botar no meu currículo mais uma função. -Comentei debochada. -Além de trabalhar em contabilidade, sou técnica de enfermagem e agora, organizadora de eventos. 

-Dormiu com o Bozo, fía? Tá palhaçona...

-Desculpa, senhorio. -Botei a mão no peito, em sinal de desculpa. 

-Depois toma um sacode e não sabe o motivo. -Ele balançou a cabeça. -Faz essas paradas e depois me avisa. 

Assenti e me virei, indo resolver essas coisas logo. 

Enquanto caminhava a tenda de seu Zé, pensei em Lennon. 

Depois daquele dia, nós falávamos sempre dava, as coisas estavam corridas pra mim e ele odiava falar comigo quando eu estava na função. 

Confesso que meu medo continuava, tinha medo de implicarem com ele por minha conta e isso me machucava. 

Lennon era morador antigo, então não queria que algo acontecesse com ele. 

Ainda mais se eu fosse o motivo. 

Me despertei quando cheguei na porta do loja e dei de cara com Milena. 

-Olha quem apareceu. -Brinquei enquanto parava em sua frente. 

-A linda de bonita, claro. -Ela fez um sinal de "paz" com os dedos. -Mas a linda de bonita aqui trabalha muito, a minha querida chefe acha que sou escrava dela. 

-Manda ela dar um rolê e te deixar em paz. 

-Ai quem dá um rolê sou eu. -Ela riu. -O que veio fazer aqui? 

-Vim fazer um pedido pro seu Zé. -Respondi já abrindo o bloco de notas do meu celular, onde continha a lista de bebidas. -Aqui, seu Zé, dá uma olhadinha. 

-É hoje. -Ele cantarolou fingindo animação ao pegar meu celular. 

-O que tem? -Minha amiga quis saber. 

-Baile, bebê. -Dei uma dançada. 

-Que coisa maravilhosa. -Também fingiu animação, me fazendo dar risada. Milena não gostava muito de baile, trauma antigo. -Vou fugir, certeza. 

-Queria fazer o mesmo. -Suspirei triste. 

-Tenta, ué. -Ela deu de ombros. -Bebeto gosta de você, apesar de tudo, vai que ele libera. 

Isso parecia impossível, mas quem arrisca, não petisca. 

Vai que...

-É, vou tentar. -Disse ainda incerta. 

Finalizei os pedidos com seu Zé, peguei a nota e me despedi, indo entregar o comprovante a Bebeto. 

Esse processo poderia ser feito de maneira tranquila, mas assim que passei por uma das bocas, um dos vapores me chamou. 

Da Boca 『L7NNON』Onde histórias criam vida. Descubra agora