Daylight [RANU]

16- And for once you let go of your fears and your ghosts

POV. MANU GAVASSI

DIAS ATUAIS

SÃO PAULO

A claridade que invadiu o quarto, denunciava que a manhã havia chegado, o que significava que mais uma vez Rafaella tinha esquecido de fechar as cortinas.

Rafaella... Pensar nela me fez sorrir e esquecer completamente da irritação provocada pela interrupção do meu sono.

Tanta coisa mudou nesse último mês.

Jamais poderia imaginar os desdobramentos que a festa de aniversário de Teodoro teria.

Jamais poderia imaginar tudo que começaria a ser construído a partir daquele dia, simplesmente porque sempre me impedi de ousar sonhar com aquilo.

Porque não podia sonhar com aquilo e perder Rafa de novo.

No entanto, essa é a graça da vida, ela sempre continua acontecendo independente de tudo.

E agora eu estou aqui admirando cada traço do rosto dela, contrastando perfeitamente com os feixes de luz enquanto sou rodeada por seu perfume.

Aquela realmente parecia uma manhã promissora.

Talvez eu tenha ficado encarando o rosto dela por tempo demais, então quando dei por mim, mesmo com os olhos fechados, seu rosto havia sido preenchido por um sorriso de tirar o fôlego.

— Apreciando a vista?

— Na verdade, não. Eu estava aqui estudando qual seria o melhor momento pra te sufocar com o travesseiro. Você esqueceu de fechar as cortinas de novo, Rafaella!

Meu falso descontentamento só serviu para fazê-la ri e finalmente pude ver seus olhos.

Eles carregavam um brilho único e lindo, era fácil me perder neles.

Na verdade, continuava sendo fácil demais me perder nela.

Um pouco mais recuperada de toda bagunça chamada Rafaella Kaliman, consegui me concentrar de novo e franzi o cenho.

— Eu acordei por sua causa. Isso deveria ser classificado como algum tipo de crime.

— Bom dia pra você também, Bela adormecida!

Ela rebateu quase imediatamente tentando de maneira inútil, disfarçar o riso.

— Bom dia! Você realmente precisa aprender a fechar as cortinas.

— E perder a chance de te ter toda irritadinha assim de manhã? Na ni na não. Fica linda demais desse jeito.

Revirei os olhos e estava prestes a rebater quando fui surpreendida pelo corpo de Rafaella atingindo o meu.

Em poucos segundos ela havia nos emaranhado de um jeito que só ela sabia fazer e seu rosto invadiu a curva de meu pescoço.

— Não venha querer me seduzir, Rafaella....Porque dessa vez....

A frase morreu com o primeiro contato de seus lábios contra a minha pele.

Cada terminação nervosa de meu corpo parecia programada para respondê-la e eu tinha certeza que Kalimann estava totalmente ciente disso.