23- Pra você guardei o amor que nunca soube dar

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POV. MANU GAVASSI

SÃO PAULO

Pequenos fragmentos perdidos no tempo

FEVEREIRO

Desde que recebi a última surpresa deixada por Rafa, vir para seu apartamento e me perder com todas as possibilidades que a chegada de Teodoro traria para nossas vidas, virou rotina.

Então toda vez que encerrava a agenda do dia, agenda essa que andava sofrendo bastante alterações, afinal, com a proximidade do sétimo mês de gravidez, Marcela já havia alertado sobre a necessidade de tais mudanças e Simas andava seguindo cada uma delas à risca.

Eu terminava meus compromissos e sempre passava por lá.

Flavina já estava acostumada com isso e com o tempo percebi que o restante da família de Rafa também.

Como Rafa ainda não havia voltado de Moçambique, eles têm passado mais tempo em São Paulo do que na Chácara em Goiânia.

A minha rotina diária de visitas tem sido da seguinte maneira; primeiro dona Genilda fazia questão de montar uma mesa imensa para o lanche e não permitia que eu saísse de lá sem comer, ela me relembrava constantemente que estava comendo por dois.

Depois Tato animava tudo com seu jeito expansivo e brincalhão, Dani sua esposa, dividia suas experiências sobre gravidez comigo e é claro que também tinha a Soso.

A garotinha andava cada vez mais encantada com minha barriga e amava"conversar com Teodoro," esses momentos eram um acalento para o meu coração.

Até Sr. Sebastião, pai de Rafa, passou a nos visitar com mais frequência.

De alguma maneira quando estávamos juntos ali, aquelas pessoas tratavam a chegada de meu filho, como a chegada de mais um deles e isso não parecia ter ligação alguma com minha situação com Rafaella.

Isso, eram eles me mostrando que teria sempre com quem contar.

Acredito que independente do rumo de nossa complicada situação pós-viagem, eles vão continuar aqui.

Essa constatação me esquentava por dentro.

Eu me sentia acolhida.

Não sei explicar o que a construção daquele quarto significou para mim e nem muito menos para eles.

Parece que a Rafaella que conhecíamos havia voltado e longe de todas aquelas mentiras, armações e das armadilhas que a fama impõe em nosso caminho, a vida se mostrava simples novamente.

Era como se cada vez que estávamos ali juntos, construindo planos, a esperança renascesse.

Entretanto, nem tudo eram flores, porque passar mais tempo sendo rodeada pela família de Rafa, significava que eu tinha que passar mais tempo com Marcella.

A prima de Rafaella não escondeu sua irritação ao se deparar com o quarto de Téo.

Aliás, ela parecia irada com a viagem de Rafa também, mas quando seus sorrisos polidos e estrategicamente falsos não eram suficientes para sustentar sua máscara, dona Genilda fazia questão de lembrá-la que a única insatisfeita ali era ela, portanto que fosse embora de uma vez, pois ela jamais aceitaria alguma desfeita comigo.

Já fazem duas semanas que não vejo nem sinal de Marcella depois deste embate e bem, não estou reclamando disso.

(...)

Agora estava ali, em mais uma de minhas visitas, tendo a companhia de Soso, que brincava com alguns dos adereços do quarto de Téo.

Ela havia iniciado mais um de seus diálogos com minha barriga.

Daylight [RANU]Onde histórias criam vida. Descubra agora