Daylight [RANU]

03- Memories

POV. RAFA KALIMANN

SÃO PAULO

Pequenos fragmentos perdidos no tempo......

Existe um momento em que todo esforço que você empregou para realização de um sonho é finalmente recompensado, então você percebe que cada momento de dúvida, cada queda, cada frustração e cada obstáculo enfrentado valeu a pena.

Os infortúnios impostos pela vida são nossa maior fonte de aprendizado, nos deixam mais fortes e ajudam a valorizarmos ainda mais nossas vitórias.

Essa tem sido minha reflexão diária desde que minha carreira de atriz se iniciou.

Ao longo do último ano só tenho tido motivos para agradecer e celebrar a vida.

Estava perdida em meio a esses pensamentos e certamente olhando para o nada, sorrindo de um jeito bobo, quando uma voz inconfundível se fez presente.

— Rafa você tá fazendo aquilo de novo, já falei o quanto isso é estranho?

O sotaque carioca e a voz rouca me despertaram completamente. 

— Aposto que não ouviu nada do que eu disse. Meu Deus, Rafaella... Para de pensar um pouco na Manu! Na moral? Eu não sei como ela ainda não percebeu que você tá toda rendida por ela.

Simplesmente revirei os olhos enquanto Bianca falava, até porque hoje nem suas provocações conseguiriam afetar meu humor.

Bia e eu sempre tivemos um conflito considerado no mínimo infantil e que parecia sem solução, era como se a cada três passos dados para avançarmos rumo a uma possível resolução, outros dez fossem recuados, gerando uma nova briga sem sentido.

O mais louco disso é que ambas tinham plena consciência deste fato, mas pouco fazíamos para mudar essa realidade.

A grande mudança aconteceu quando nos reunirmos em um vinho pacificador no tapete de Manu, meses depois do fim do BBB. 

Manoela e Bia nunca tiveram um conflito direto, mas acabaram se afastando devido algumas situações.

Quando elas se reaproximaram novamente, eu vivia fazendo drama dizendo que estava sendo trocada aos poucos, o que era motivo de risos por parte de Manu e piadas sem graças vindas de Bianca. 

A verdade é que eu admirava Bia, ela era uma menina livre, não tinha medo de errar, estava sempre aberta a aprender, além disso, era trabalhadora e sempre corria atrás de seus sonhos.

A grande ironia foi que justamente a carioca se tornou minha confidente com o passar do tempo, pois, quando comecei a notar que meus sentimentos por Manu estavam mudando, além de confusa, me senti completamente aterrorizada e perdida.

Recorri a Bianca e apesar de ter que aturar todas as suas piadinhas e provocações quando estávamos sozinhas, nunca vou poder colocar em palavras a gratidão que tinha por ela ter me acolhido e me ajudado em um dos momentos mais assustadores da minha vida. 

— Eu nem estava pensando nela, tá? Estava aqui agradecendo por tudo que tem acontecido e me peguei pensando no quanto essa vida é louca. Se a Bianca e a Rafaella de anos atrás soubessem que estaríamos aqui agora, assim... Na certa elas estariam... 

— Rindo da nossa cara?

Bia completou gargalhando e tocou de leve seu ombro no meu, já que estava dirigindo e eu apenas concordei com a cabeça.

— Mas você tem razão, a vida é mesmo muito louca. A Bianca de anos atrás ia me dar uns tapas e gritar ''te falta ódio, garota!! A Rafaella nem admite que foi no Paris 6 naquele dia e você tá aí toda amiguinha dela.''