29 - She would've made such a lovely bride

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POV. MARCELA MACGOWAN

⚠️ Alerta de gatilho: ⚠️

Esse capítulo contém conteúdo sensível, então se não se sentirem confortáveis, aconselho que pulem.

DIAS ATUAIS

São Paulo........


Já não sabia mais como definir e nem sentir o tempo. Eram dias estranhos, tristes e difíceis. Existia uma lacuna na minha vida, uma lacuna com nome e sobrenome, porque quando Gizelly Bicalho saiu do apartamento daquela maneira, tantas semanas atrás, eu parei de sentir o tempo.

Assim como havia sido com sua chegada em meus dias, tal qual um furacão, sua partida deixou estragos incalculáveis para trás e eu tentava não chafurdar no peso da minha própria tristeza. Era estranho não ter o emaranhado de nossos jeitos na cama e consequentemente invadindo a vida da outra. Eu sentia a ausência de Gizelly durante cada instante, de cada momento, de cada dia.

Por isso que eu trabalhava e trabalhava demais até a exaustão me atingir e alguém me obrigar a sair da minha clínica ou do hospital em que era plantonista.

A pior parte, sem dúvidas, acontecia em cada noite que eu voltava para casa e me deparava com tudo vazio. Entretanto, ainda assim, era possível senti-la em cada parte do apartamento. Ela estava impregnada em tudo, como uma maldição.

Sim, já tivemos problemas antes. Afinal, qual casal não os tem? Porém, dessa vez tudo estava diferente. Nós duas nunca fomos dormir brigadas em cinco anos e agora nem conseguimos conversar como adultas, nunca senti Gizelly tão distante de mim. Não, desse jeito.

Casais brigam, se distanciam, mas se entendem. Era isso que nossos amigos diziam e a minha família também, mas toda vez que eu voltava para casa e encarava aquela caixinha aveludada guardando a aliança, aquele distanciamento parecia mais definitivo.

E eu já não sabia mais como levar a vida sem ela. Então, quando o nosso ciclo de amizade impunha a junção de nossos caminhos, eu olhava para Gi, a minha Gi e via uma estranha.

Não conseguia enxergar uma solução, porque ela simplesmente não queria mais uma conversa, para ela tudo seria apenas um discurso vazio meu, mais um meio de ludibriá-la.

Enzo, o meu irmão, dizia que eu precisava agir, já que ela não queria ouvir. Até porque Gizelly sempre foi uma pessoa de mais ação.

Mas o que fazer quando a pessoa que você ama, perde a fé na relação de vocês?

Sim, Gizelly não acreditava mais em nós, no que construíamos em meia década de relacionamento e quando ela verbalizou isso com todas as letras, na fatídica festa de comemoração da expansão da marca de Bia e do lançamento do clipe de Manu, aquela lacuna pareceu dobrar de tamanho.

Tudo deu errado naquela noite. Primeiro com o surgimento de Luiza, minha quase ex. Realmente precisamos dar um jeito na Gabizinha e seus convidados surpresas, em comemorações futuras. E depois teve Gizelly reagindo da maneira mais Gizelly possível, o que resultou em muita briga e nós duas cegas de ciúmes.

A minha irmã, Mariane, disse que se ainda sentíamos ciúmes da outra, isso era um bom indício, mas com o peso das palavras de Gizelly pairando em meus dias, era difícil ter esperanças.

Eu precisava de uma folga, mais do que isso, eu precisava urgentemente sair do looping que foi nossos últimos dias juntas, porque infelizmente era impossível voltar no tempo e consertar as coisas. Também parecia impossível lutar contra a teimosia dela.

Daylight [RANU]Onde histórias criam vida. Descubra agora