28- A colisão

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POV. BRUNA LINZMEYER

DIAS ATUAIS

Ilha Chamroeun, Camboja......

E quando tudo se tornou água e meus pulmões finalmente inundaram, eu vi dois rostos antes de ser drenada pela escuridão.

O primeiro era daquela que havia levado meu coração quando se foi e o segundo era o da desconhecida, que havia esbarrado comigo tantas semanas atrás, deixando apenas seu escapulário como lembrança.

Eu ainda não sabia o que aquilo significava, mas aos poucos senti minhas forças esvaindo e a falta de ar me dominou por completo, então não havia mais nada.

•••

ALGUNS MESES ATRÁS

A minha vida havia mudado completamente nos últimos anos, primeiro logo eu, a pessoa mais conhecida por jamais se fixar em canto algum, estava vivendo há mais de um ano em Portugal.

Levando uma vida comum, com um trabalho comum e principalmente ao lado daquela que se tornara a minha melhor amiga.

É, marreta... Você realmente invadiu minha vida quando atravessou meu caminho com aquela monstruosidade azul.

Pensar nisso sempre me fez dar boas risadas da ironia da vida. Porque tudo que jurei não fazer mais, agora, fazia parte dos meus dias. Tudo isso graças a Rafaella Kalimann.

Meus pais iam gostar disso.

O motivo de nosso reencontro, porém, não foi o mais bonito. Quando Rafa e eu nos reencontramos, ela estava destruída.

A minha amiga estava passando por seu inferno pessoal e não foi uma decisão muito difícil largar tudo e ir de encontro a ela em Lisboa.

Eu nunca deixaria Rafa sozinha.

O nosso bom e velho amigo Ruslan costumava dizer que nosso encontro não foi por acaso, que eu andava precisando muito de uma Rafaella Kalimann na minha vida e talvez ela ainda não soubesse, mas também precisava de uma Bruna Linzmeyer na dela.

Assim viramos colegas de apartamento em Lisboa e depois de muito tempo, eu finalmente pude desfrutar de alguma normalidade em meus dias.

Foi assim também que terminei sendo apresentada a vida antiga de Rafa. E de tudo que descobri e presenciei, eu sabia que a história dela com Manu estava longe de ter terminado e o tempo me deu o prazer de poder jogar aquilo na cara dela.

Confesso que tinha curiosidade em conhecer todos eles. Muito pelas histórias que Flavina, a prima de Rafa, contava. Já que durante muito tempo minha adorada amiga fingia que o Brasil não existia.

Mas para conhecê-los eu precisava voltar para casa e isso era algo que talvez eu nunca fosse conseguir fazer mesmo tendo o apoio de Kalimann.

Ainda levaria um tempo para eu fazer as pazes com o meu passado.

Evitava pensar nisso, porque remoer esse assunto era reabrir minhas piores e mais profundas cicatrizes.

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Quando a marrenta finalmente desistiu da briga travada com seu coração ao longo dos últimos anos e resolveu voltar para casa, nos despedimos mais uma vez.

Aquela despedida foi um déjà-vu de anos atrás. Porém, agora não existia mais medo. A gente não ia se perder nunca mais e apesar de todo sermão que ela passou em nossos últimos dias juntas, ela também sabia disso.

Daylight [RANU]Onde histórias criam vida. Descubra agora