30 - Is It Over Now?

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POV. MARCELA MACGOWAN

DIAS ATUAIS

PART II

— Você disse que conversou com ela? Achei que ia tentar falar com alguma amiga sua. — Rafa falou após longos minutos de silêncio.

Desde que sentamos ali, frente a frente, senti o clima pesar. Ela parecia inquieta e estranhamente preocupada.

— Eu não fui até ela, na verdade, ela que acabou indo até mim. Estava naquele momento de troca de plantão, então uns médicos estavam descansando, outros indo comer, enfim. Aquela confusão típica de hospitais. Aí eu comecei a conversa com uma amiga, que inclusive foi a pediatria que atendeu o Téo na emergência e encaminhou ele para ortopedia. Foi quando a doutora Julianne apareceu. 

Expliquei e percebi que Rafaella empalideceu só de escutar aquele nome. 

— Então é realmente ela… Só não entendi o que ela pretende com isso tudo. — Divagou Rafa, se esquecendo momentaneamente de minha presença.

— Vocês já se conhecem??? — Perguntei começando a juntar as peças daquele quebra-cabeça.

Mas é claro que terminei sendo ignorada.

— Só me diz, por favor, o que ela falou… Eu preciso tentar entender para saber como me preparar. Eu juro que te conto, Má... Só que realmente preciso saber.

O tom alarmado dela, me acendeu um alerta. Era o mesmo alerta que senti quando estava perto da doutora Julianne Trevisol. Um alerta que me dizia que aquela mulher era perigosa.

Assim, suspirei cansada e recebi as mãos de Rafa com as minhas.

— Ok, então eu estava conversando com essa minha amiga, como eu te falei e ela estava preocupada e queria saber notícias do Téo, foi aí que aproveitei para tocar no assunto da tal médica. Ela realmente chegou no hospital no começo do ano, quase na mesma época que você voltou para o Brasil. A conversa que corre pelos corredores do hospital é que a chegada dela veio cercada por recomendações como se ela estivesse ligada a um dos figurões do hospital ou coisa assim. Não me entenda mal, não quero duvidar da capacidade e nem do profissionalismo de ninguém, mas é o que dizem. Enfim, isso nem é o mais estranho, ela surgiu e foi se apresentar no meio da minha conversa com essa amiga. E parecia que estava se divertindo sabe? Que já sabia exatamente as repostas das coisas que perguntava e estava focada e interessada até demais na sua relação com a Manu e com o Téo. Lógico que até tentei disfarçar, mas é como eu disse, a doutora Trevisol parecia saber muito mais do que deixou transparecer. E isso me leva a seguinte pergunta: Quem realmente é essa mulher, Rafaella? 

— Ela é a minha ex namorada. Então, sim, ela realmente sabe mais do que aparenta, bem mais.

— O quê??? Como assim, Rafaella?

Kalimann respondeu sem rodeios e depois suspirou exausta, senti que mãos dela ficaram frias de repente e a preocupação brilhava em seu olhar.

— Acho que preciso te contar uma história. 

 Ela anunciou aturdida e ali eu soube que a minha impressão inicial sobre a doutora havia sido certeira.

(...)

Escutar a história de Rafa me fez querer abraçá-la e simplesmente protegê-la de tudo. Todos os seus relatos apontavam para vivências de um relacionamento com muitos tipos de violações emocionais. Acredito que ela própria ainda não tenha percepção total disso.

Daylight [RANU]Onde histórias criam vida. Descubra agora