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Acordo com alguém a ligar-me e eu corro até ao telemóvel para que deixasse de tocar e não acordasse as minhas companheiras de quarto. Assim que olho para o pequeno visor riscado aparelho vejo o nome de Max, nele.

«Olá», saúdo.

«Desculpa lá se te acordei, mas sempre vais a casa da minha mãe hoje à noite?»

Oh my god, eu tinha-me esquecido do aniversário da minha tia.

«Mia, estás ai?»

«Ahm, sim. Vou.»

«Tu esqueceste-te, certo?», pergunta-me.

«Sim» respondo envergonhada o que lhe provoca uma gargalhada.

«Não faz mal, eu não digo à minha mãe. Vamos buscar-te às 8horas da tarde, está pronta.»

«Ok, estarei pronta.»

«Não te esqueças» goza enquanto se ria e desliga a chamada.

Eu tenho andado tão absorvida com a universidade, com o Harry e com o James que nem me lembrei do aniversário da minha tia, que tristeza.

Ando até ao armário e preparo a roupa para o dia de hoje no meio de algumas peças. Tiro, ponho peças e repito o mesmo processo umas mais cinco vezes até achar que encontro um conjunto ideal para as aulas e ao mesmo tempo para o aniversário. Acabo por escolher umas calças pretas, uma camisola às riscas, uma casaca de ganga clara e um cachecol cinzento. Não era uma roupa muito formal, até era bastante causal para um aniversário, mas eu achava que me apresentava bem apresentável de forma a tentar mostrar aos meus tios que me encontrava bem e em perfeitas condições e que não tinham de ter nenhum tipo de ter algum tipo de preocupações.

A verdade é que eles se preocupam demais por não ter pai e pelos problemas que a minha mãe tem, nomeadamente com o álcool e drogas. Sim, ela é toxicodependente, ou meio que o é, mesmo após estar durante meses internada numa clinica de reabilitação. E também por me encontrar aqui sozinha, numa terra que é me meia desconhecida.

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O vento frio e forte batia na minha cara e entrava pelas margens da minha roupa fazendo que me arrepiasse. Eu estava no estacionamento à espera de ver Max ou James para que viessem buscar.

Hoje não vira Harry e era melhor assim, apesar de sentir algo como uma saudade no meu coração de não o ver há um dia. Eu detestava o seu papel de bipolar, mas, ao mesmo tempo, se possível, adorava, fazia com que ele fosse algo de surpreendente, como se nunca se soubesse o que seguia, o que não impulsionava uma rotina. Para ser franca, eu adorava rotinas e era mesmo isso que eu adorava no Harry. Ele não era uma rotina, era algo como um furacão, indomável, o que me suscitava algum interesse e curiosidade, como se pisasse um terreno minado, um terreno completamente novo. E coisa que eu adoro é enriquecer os meus conhecimentos.

Eu acabei de dizer que adorava o Harry?

Por falar nele, o seu corpo rompe pela esquina fazendo que entrasse no meu ângulo de visão. Ele estava um pouco encolhido pelo frio que fazia sentir-se, com as mãos nos bolsos.

Ele olha para mim e eu para ele sem deixar o nosso olhar partir. Enquanto o fito, os momentos do dia de ontem passam pela minha cabeça. Da maneira como ele me abraçou e permanecemos assim durante minutos a fio, porque nos sentiamos bem na presença um do outro, falo eu por mim, mas ele também não desconectou os nossos corpos, por isso também tenho a ideia que ele possuia um pensamento parecido. Também me relembro quando nos separamos porque ouviu-se um buzinar de um carro. Não é que o som emitido fosse para nós, mas trouxe-nos devolta ao mundo real, se assim se pode dizer. Eu estava tão vermelha e ele não me encarava. E eu estúpida como sou, apenas pronunciei um «xau» e corri de lá para fora, pois não sabia como agir, estava tão envergonhada perante aquele momento que nem sabia pensar de forma decente.

Elastic Heart - h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora