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Abro os olhos. O teto branco e era tudo que via. Debaixo de mim estava algo confortável dando-me a perceber que estaria sobre a minha cama.

Imagens do dia anterior passavam pela minha cabeça e faziam-me arrepiar e encolher só de as reviver. Não tenho coragem de olhar para qualquer lado, de retirar a minha visão da parte superior visível da construção. Mas uma coisa eu sabia, todo o meu corpo estava numa forma desgastante. Sentia-me horrível. Eu queria chorar ou voltar a dormir e nunca parar. Eu não o quero ver. Eu não me quero olhar ao espelho. Eu não quero ver ninguém.

Não era só a minha constituição física que se encontrava num aspeto certamente degradável, pois a minha mente se encontrava enumeras vezes pior. Eu estava desfeita fisicamente e psicologicamente.'

A porta do quarto ouve-se o que dá sinal que alguém entra através dela. O teto deixa de ser a minha preocupação sendo agora a figura imponente à minha frente. Tinha cabelo castanho e olhos azuis e era quem eu queria menos ver.

Assim que dá um simples passo para dentro do simples quarto eu não pude deixar de me encolher e levar os meus joelhos contra o meu peito coberto por uma simples t-shirt branca, que me devia ter vestido. Não o encarava porque simplesmente não conseguia. Estava desta minha vida, eu não queria isto para mim, apesar de o amar muito eu não poderia permitir uma coisa destas, no entanto, eu não tinha forças para o fazer. O medo dele corria-me por todo o meu sangue, como se fizesse parte das suas componentes, como se eu tivesse nascido para ter medo dele, era algo impossível de combater.

"Liza.", chama-me com uma voz querida ao mesmo tempo que caminhava na minha direcção. Nunca o encarava porque sempre que o fazia eu sentia todas as agressões do dia anterior.

James chega à minha beira e põe uma mecha do meu cabelo atrás da orelha dando uma melhor vista para a minha cara com manchas roxas. Com esse ato eu fiz com que a minha cabeça tenta-se se afundar novamente sobre o meio dos meus joelhos. O seu toque arrepiava-me e amedrontava-me.

"Não tenhas medo.", fala como se fosse a coisa mais natural a dizer. "Olha para mim.", pede, no entanto é em vão pois eu não cedi ao seu pedido. "Mia, olha para mim.", ordena desta vez, com uma voz sedenta de veneno e raiva, mas o seu ritmo era mais pausado como se tivesse a ensinar uma criança a acatar à sua ordem ou seria penalizada. Como James viu que o efeito do antigo não teve o resultado pretendido, desta vez ele envolve as suas mãos em volta da minha cara e obriga-me a fita-lo.

Os nossos olhos podiam ter uma cor bastante semelhante mas não se poderia afirmar que mais algo era parecido. Os seus passavam uma sensação de imponência, de uma certa vaidade, raiva e irritação; já os meus, neste preciso momento, estaria um pouco baços e vacilariam de medo.

"Se o Max perguntar dizes que caíste das escadas.", informa-me e eu aceno vagarosamente.

"Linda menina.", elogia. "Agora levanta-te que já estás a dormir há mais de vinte e quatro horas.", avisa-me, saindo do quarto, o que me faz suspirar assim que desaparece do meu campo de visão por de trás da porta.

Vinte e quatro horas? Eu perdi outra manhã de aulas. Mas uma coisa tenho a certeza eu não estou com disposição para ir de tarde, para não falar que eu precisaria de muito tempo para poder tapar estas nódoas do meu corpo.

Levanto-me da cama, calço os meus chinelos, visto o meu robe azul e branco para me proteger da mudança de temperatura da cama para a do apartamento, e uma vontade enorme surge para ir à casa de banho, o que não é de admirar depois de estar vinte e quatro horas inconsciente. Assim que dou o primeiro paço o meu corpo parece que se vai desmoronar e cair aos pedaços. A dor dos meus músculos percorre o todo o meu ser com um simples movimento de esticar uma perna, mas eu não me posso render.

Elastic Heart - h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora