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Depois de James me deixar na universidade e percorrer o caminho até à entrada do campus, vi algo terrível…

Era um rapaz bastante magoado, em que o seu sangue escorria pela cara, assim como hematomas ainda «frescos», que provavelmente ficarão roxos de tão pisados que se encontram... Mas não era um rapaz qualquer era o ... Harry! Ele estava sentado no chão com as costas apoiadas num dos lados tapados do edifício feminino do campus. Eu corro até si, agachando-me à sua altura, de uma forma meia desajeitada pelo meu corpo dorido. Quando ele sente a minha presença, olha-me.

"O que estás aqui a fazer. Sai", diz rudemente, quebrando o nosso silêncio e o nosso olhar.

"Mas tu estás magoado...". O meu argumento não sai nada mais alto que um mero sussurro.

"Foda-se, desaparece", rosna. Será que ele não percebe que precisa de ajuda? Ele encontra-se num estado lastimável e eu só quero ajudar. É a mínima coisa que posso fazer por o que ele fez ontem por mim. 

"Não", confronto-o mostrando-me firme, mesmo que por dentro me encontre a tremer bastante e depois da minha noite, o meu medo está a mil. "Eu quero ajudar". Esta minha última frase, fá-lo rir ironicamente, o que me faz encolher.

"Ajudar? Ninguém ajuda ninguém!", apenas diz. Eu detesto que pense assim, nós vivemos em comunidade e se pudemos ajudar os outros, porquê que não o fazemos? Ele também me auxiliou bastante ontem, e eu encontro-me em uma dívida enorme para com ele. Ele meteu-se numa briga por minha causa, aleijando-se um pouco e hoje encontra-se bastante pior. Eu preciso de o ajudar.

"Sendo assim há uma excepção, eu quero ajudar-te."

"Se me queres ajudar, desaparece!"

"Não", desafio-o, o que me faz olhar com um olhar intimidante. "Deixa-me pelo tentar tratar o mais que puder dessas feridas, peço-te", o meu tom de voz é inferior ao do «não», eu apenas... Ele assusta-me, mas eu não o posso demonstrar, ele precisa de alguém.

Ele nada me responde e eu tomo consciência que ele não querer aceitar uma ajuda verbalmente, por isso com o meu ombro mais ou menos bom , ajudo-o. Ele faz força com as suas mãos a rodearem o meu corpo e os meus braços o seu, de forma a conseguir levantar-se. Os seus olhos verdes encontram-se demasiado abertos em sinal de espanto.

"Vamos." digo. 

O meu corpo já latejava por tudo que era lado, agora com mais algum peso, mesmo que Harry consiga andar perfeitamente, encontrando-se apoiada de forma a equilibrar, o meu corpo berra e grita de dores, mas eu não posso dar parte fraca, eu tenho de tratar dele, encontra-se bem pior que eu.

Bato à porta, esperando que Kylie ou Jess dissessem algo ou abrissem a porta, mas nada acontece. O que me leva a levar a minha mão livre ao bolso das calças, tirando de lá as minhas chaves e com alguma dificuldade consegui abrir a porta. Quando o faço, sento Harry na minha cama e vou à casa de banho procurar algo para puder desinfectar e cuidar das suas feridas. Encontro álcool, betadine e uma pomada, coisas trazidas por nós as três. Levei ainda algodão e algumas compressas. 

Volto de novo ao meu quarto, saindo da pequena casa de banho, que infelizmente não tem banheira. Eu detesto que os balneários sejam partilhados, é absolutamente horrível. Não pudemos ter a nossa privacidade, uma cortina não tapa nada. Eu adoro me deitar na banheira e relaxar, especialmente nos dias mais desgastantes, mas infelizmente aqui não é possível tal coisa... Chuveiros partilhados são absolutamente horríveis. Mas pelo menos temos a sorte que em cada quarto haja uma toilet com algumas coisas essenciais, mesmo que do básico se trate, o caso de um lavatório com um espelho por cima, um bidé e uma sanita, todas estas peças em porcelana branca. Por baixo do lavatório encontra-se uns pequenos armários também brancos.

Elastic Heart - h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora