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“Novos ares!” sua mãe disse quando decidiu que se mudariam para mais perto do seu novo trabalho. Você acabou de completar dezenove anos e cursa online sua faculdade de história. A grande oportunidade chegou quando recebeu um convite para estagiar em uma escola distante de sua casa. Foi um grande alívio para você saber que sua mãe não aguentaria mais a barra de contas e despesas sozinha. 

— A senhora acha realmente necessária uma mudança? — perguntou enquanto empacotava seus preciosos e sagrados livros.

— Temos que pensar no seu irmão, certo? Ele só tem cinco anos. Teria um horário que ficaria sozinho em casa se não fizéssemos essa mudança. — sua mãe entregou outras caixas vazias.

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E, agora, você, sua mãe e seu irmão mais novo estavam no carro rumo a nova casa. Logo, você seria estagiária em uma escola e algo dizia que coisas boas surgiriam em breve.

Tenha bons pensamentos.” implorou para si mesma.

Você não é tão positiva, também não é do tipo que se arrisca para grandes aventuras. Sempre foi considerada a sem graça da roda dos seus colegas. Terminava as aulas e ia direto para casa estudar.

Você teria bons motivos para ser uma garota revoltada que só quer um dia longe de casa, mas sempre ignorou seus problemas internos para não acabar chorando ou descobrindo como é insensível e oca por dentro.

Sua mãe precisa de você desde que se entende por gente, então precisou amadurecer e entender seu lugar naquele mundo tão adulto e real. Nem para namoros e flertes você faz  questão, sentia que era mais uma perda de tempo. Você chega a pensar que essas tais borboletas no estômago são só sensações que os filmes vendem porque apesar de achar pessoas bonitas, você não chega se apaixonar perdidamente por elas.

A paixão realmente existe? era o que você se perguntava.

E, tudo bem, não é como se fizesse grande diferença para você. Amigos, amores, flertes, para quê tudo isso?

No fim, as duas únicas pessoas que importam para você estão ao seu lado.

Acordou dos seus pensamentos quando sua mãe estacionou o carro na frente da nova residência. Não era uma casa grandiosa, com uma sala pequena, uma cozinha média, um banheiro e dois quartos.

— Pensei que gostaria de ficar no quarto com a varanda. — ela sorriu. — Você gosta tanto de olhar as estrelas.

— Obrigada, mãe. — colocou suas caixas no seu novo quarto.

Era verdade. Algo dentro de você se movia quando olhava para o céu.

— É só um presentinho para minha estagiária. — ela ajudou você.

Seu irmãozinho pareceu gostar tanto da varanda quanto você. Lá ele ficou com seus brinquedos e ursos enquanto você e sua mãe abriam as caixas que trouxeram no carro. Mal pararam para beber água, o caminhão que trazia os móveis maiores estacionou e vocês partiram para ajudar.

Naquela noite, no quarto bagunçado com cheiro de livros e roupas pretas jogadas em cabides e caixas, você olhou as estrelas de relance pela cortina da varanda.

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— [seu nome], acorda logo! Você pode lavar o carro pra mim? — sua mãe bateu na porta do seu quarto. — Eu vou levar o seu irmão ao mercado daqui a alguns quarteirões. Quer alguma coisa?

— Não, mãe. Obrigada. — você ainda não tinha acordado totalmente. Seu corpo pesado e dolorido lembrou a você que carregou caixas pesadas e móveis no dia anterior.

Single | Chifuyu MatsunoOnde histórias criam vida. Descubra agora