capítulo 9

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As lágrimas turvam minha visão enquanto segurava o celular tremendo. Meus ombros caídos pareciam sustentar todo o peso do mundo.

O aparelho vibrava insistentemente em minha mão. Era uma chamada de Nikolas. Respirei fundo, atendendo sem hesitar.

- Lana? - Sua voz era tensa, urgente. - Amor, eu posso explicar...

- Explicar? - Minha voz saiu mais áspera do que pretendia. - Não há nada para explicar, tŭpak. Você estava... com a minha mãe. - Minha voz se quebrou, e um soluço incontrolável escapou. - Com a minha mãe, porra! - A última parte saiu num sussurro desesperado.

- Lana, eu realmente fui um tŭpak, você tem razão...

- Não quero suas explicações, Nikolas - murmurei, sentindo os lábios tremerem. - Eu confiava em você. Eu realmente confiava e você me traiu... com a Zulema, minha própria mãe!

- Me perdoa? - Sua voz era um misto de choro e desespero, ressoando tristemente pelos alto-falantes. - Estou arrependido, Alana. Eu te amo - insistiu, a voz embargada pela emoção. - Sempre foi você. Eu estava confuso, mas agora sei que é você, e sempre será minha linda.

As lágrimas desciam grossas pelo meu rosto, traçando caminhos salgados sobre a pele. A dor dentro de mim se espalhava, não física, mas tão intensa quanto. Dilacerante. Destrutiva.

- Foi a primeira vez? - A pergunta saiu firme, apesar da tempestade dentro de mim. - Seja sincero, Nikolas. Você sabe que eu descobriria a verdade, então não minta para mim.

- Linda...

- Sim ou não? - pressionei, sentindo o coração bater mais rápido em antecipação.

Eu já sabia a resposta. Era claro como o dia. Não era estúpida; os sinais estavam lá. Nikolas havia ganhado um carro novo, um smartphone, roupas, viagens. Uma vez, conversando com Liandra, a mãe dele, ela mencionou que tinha bloqueado seu cartão porque ele tinha ido mal nas provas. Por um momento, pensei que ele pudesse ter uma sugar mommy, mas descartei a ideia, acreditando naquela conversa fiada sobre investimentos. A verdade era outra: havia sim uma sugar mommy, e era minha mãe, Zulema Hernandes - a maior filha da puta de todas.

- Quer saber? - Minha voz era mais forte, embora por dentro eu estivesse desmoronando. - Eu não quero saber. Não importa se foi uma vez ou mil vezes, traição é traição, e eu não sou nenhuma corna compreensiva.

- Alana, por favor, me escute - ele implorou, sua voz carregada de uma dor palpável. - Eu estava arrasado quando você partiu, e Zulema também. Começamos a conversar, bebemos e... aconteceu. Não foi planejado, foi um erro colossal. Mas não significou nada, foi só... uma foda de bêbados.

- Não quero escutar. Não quero entender, e sinceramente, quero que você se foda bem longe de mim - declarei, cortando a ligação e desligando o celular.

As lágrimas continuavam a cair enquanto eu olhava pela janela, o mundo lá fora parecendo distante e irrelevante. Dentro de mim, algo se quebrou de vez, algo que sabia que nunca poderia ser consertado.

Ser traída por um homem já é devastador, mas pela própria mãe? Isso transcende qualquer entendimento. É profundamente errado, desonroso e, definitivamente, imperdoável.

Enroscada em posição fetal no canto do meu quarto, abraço minhas pernas, tentando me proteger do mundo exterior. Lágrimas caem livremente, marcando o tecido do meu jeans, enquanto tento me esconder do peso esmagador da traição.

O celular, ignorado até então, começa a piscar insistentemente no chão ao meu lado. O nome "Zulema" surge na tela, vibrando em um ritmo que parece zombar da minha dor. Respiro fundo, debatendo internamente se devo atender. Conhecendo Zulema como conheço, sei que não posso esperar uma verdadeira desculpa, mas, por fim, minha curiosidade vence o ressentimento.

Only Love Can Hurt Like ThisOnde histórias criam vida. Descubra agora