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Dante Salvatierra

*Capítulo 16*

Segurando a caneca fumegante de café nas mãos, respirei fundo, deixando o aroma forte e amargo invadir minhas narinas. Era a única coisa que me mantinha de pé. Eu não dormira a noite toda, e a bebida quente parecia ser o único fio de energia que ainda me restava. O sabor encorpado do café, levemente ácido, se espalhava pela minha boca, uma sensação familiar que quase me confortava, apesar da exaustão evidente que pesava sobre mim.

O hospital estava silencioso, exceto pelo ocasional som distante de passos e máquinas apitando. O ambiente estéril e as luzes brancas me faziam sentir ainda mais cansado, mas eu precisava estar ali. Cada músculo do meu corpo doía de tensão acumulada, mas o calor da caneca em minhas mãos era minha âncora, um pequeno momento de normalidade em meio ao caos.

Alana dormira profundamente nas últimas seis horas. O médico disse que era normal e que ela precisava descansar e permanecer em observação. Eu passei a noite sentado na poltrona ao lado da cama, segurando sua mão, observando cada respiração calma que ela tomava.

— Oi — disse, suavemente, quando os olhos castanhos e confusos de Alana se abriram. Ela olhou ao redor, alarmada e perdida.

Coloquei o café na mesinha ao lado da cadeira e me levantei, dirigindo-me a ela. Sentei na cama, segurando sua mão trêmula.

— Ei, está tudo bem — comecei a acalmá-la. Seus olhos marejados, um leve bico se formando em seus lábios. Ela estava assustada.

— Elas... elas me empurraram — sussurrou com a voz fraca, e apertei a mandíbula com tanta força que senti meus dentes doerem.

"Eu vou foder com a vida daquelas filhas da puta. Uma a uma."

— Eu sei, mas vamos nos vingar delas, não vamos, amor? — incentivei, sorrindo, e um brilho determinado surgiu em seus olhos.
— Claro que vamos — devolveu firme.

Ajudei Alana a sentar, busquei água para sua garganta seca, e ela começou a me contar o que aconteceu. Cassie e Julia, as amigas de Nathy, a pegaram desprevenida e a levaram para a área da piscina. Nathy e Alana discutiram, e as garotas a empurraram.

Fiquei com Alana enquanto o médico a examinava. Depois que o homem avisou que ela ficaria internada até a tarde, decidi sair do quarto para avisar Fabian para preparar nosso apartamento no centro. Eu queria tirar minha pequena dali, longe de todo o caos da Imperial.

Fabian ainda insistia para chamarmos Christian Volkov, mas eu achava uma estupidez do caralho trazer aquele filho da puta controlador para Londres.

Christian me deixou responsável pela segurança da sua princesinha, e quando souber o que aconteceu, vai ficar puto pra caralho. Igual ficou quando soube do professorzinho.

Não o julgo. De forma alguma. No mundo dos negócios, é necessário cuidar de todos os lados para evitar surpresas indesejáveis. E o bilionário não tem escrúpulos. A prova disso é ter divulgado o caso da esposa.

Alana namorava o tal Nikolas desde os quinze anos, mas ela não sabia dos planos do pai dela. E os planos do pai dela não incluíam um playboyzinho de merda com a filha. Volkov acompanhava o babaca há meses, sabia do caso de Nikolas e Zulema. Sabia que a esposa sustentava o namorado da filha, sabia do relacionamento extraconjugal. O fodido planejava algo maior para os dois. Contudo, deu a ideia de trazer Alana para Londres e fazê-los se separar, e como planejado, deu certo. A pequenina terminou com o garoto uma semana antes de vir para Londres. O que não esperávamos é que o desgraçado planejava vir atrás dela, e daí veio a ideia do vídeo, o vídeo que foi postado e viralizou.

Christian tinha razão: Alana é orgulhosa. Ela jamais perdoaria uma traição, muito menos uma humilhação pública. E com isso, eliminamos um problema. E eu estava lá, cuidando, apoiando-a.

Only Love Can Hurt Like ThisOnde histórias criam vida. Descubra agora