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Minha tarde com Xavier foi deveras agitada. Fomos ao shopping, compramos algumas coisas, assistimos a um filme de ação recém-lançado e comemos hambúrgueres e batatas fritas, o tipo de comida que faria Zulema surtar por ser tão calórica.

Tentei ao máximo chutar meus problemas para longe e aproveitar o dia de folga. Amanhã eu lido com tudo; hoje, só quero viver a liberdade e esquecer as preocupações.

Peguei uma batata frita, mergulhei-a no catchup e comi com vontade.

— Poderia ser pior, bellaquita  — comentou Xavier, pensativo. — Tipo, é uma merda o vídeo que viralizou, mas poderia ser muito pior.

— Como assim? — perguntei curiosa, dando um gole na Coca-Cola.

— O vídeo é da sua mãe, não seu — ponderou ele. Concordei rapidamente. Vendo por esse lado, é melhor ela do que eu.

— Tem razão — concordei. Ele sorriu com aquele ar de sempre, de quem sabe que está certo, o que me fez revirar os olhos.

— Mudando de assunto — começou ele — ouvi dizer que você é dançarina, certo?

Um sorriso genuíno se formou em meus lábios. Dança é a minha paixão, o único momento em que me sinto eu mesma.

— Sim — respondi empolgada.

— Acredita se eu disser que sou, ou melhor, fui dançarino de uma boyband em Los Angeles? — declarou risonho.

Meu sorriso se alargou.

— É sério? — Ele se inclinou para o lado, apoiando o braço nas costas da minha cadeira. — Tipo hip-hop?

— Danço de tudo, princesa — afirmou confiante.

Xavier mexeu no bolso e tirou uma moeda, com um sorriso zombeteiro nos lábios. Ficou em pé e caminhou até o jukebox de madeira no canto da parede. Alguns segundos se passaram e, pelo alto-falante, começou a tocar "I Love Rock ‘N’ Roll" da Britney Spears.

Voltando ao meu lado, gentilmente estendeu a mão. Seu sorriso não vacilava nem um instante. Coloquei minha mão na sua, ficando em pé e sendo conduzida até o meio do bar. Senti meu rosto esquentar com a atenção das pessoas em suas mesas, que se viraram para nos assistir.

O bar-lanchonete "Vittalo" tinha uma decoração gótica e misteriosa, com paredes de tijolos expostos e mesas de madeira próximas umas das outras. O lugar estava movimentado hoje.

Xavier me girou, aproximando-me dele, segurando minhas mãos, movendo os ombros e o quadril na batida da música. Inclinei o tronco, aproximando-me um pouco antes de voltar à posição inicial. Ele sorriu, e eu girei a cabeça, espalhando meus cabelos pelo ar.Nossos corpos se moviam no mesmo ritmo. Xavier soltou uma mão, puxando-me para mais perto com a outra entrelaçada. Nossos corpos se encontraram por uma fração de segundo, antes de me girar para longe. Soltei sua mão, ficando de costas, e movimentei o pescoço, fazendo meus cabelos voarem ao redor. Balançando o quadril de forma envolvente, minhas mãos deslizaram sobre a minha coxa, subindo um pouquinho o vestido e revelando um pouco de pele, antes de me virar para Xavier, que estendeu a mão para me puxar novamente para ele com um giro. Nossos corpos se encontraram novamente, sua mão deslizou até minha cintura, e minhas mãos espalmadas ficaram em seus ombros. Juntos, começamos a descer lentamente.

— Gosto mais desse sorriso — murmurou ele, girando-me de modo que fiquei de costas para ele. Suas mãos estavam na minha cintura, nossos quadris se movendo no mesmo ritmo intenso até o chão.

Me senti como na apresentação do Coachella de Peso Pluma e Anitta.

Os músculos de Xavier estavam contra minhas costas enquanto dançávamos. Uma ideia me clareou.

Only Love Can Hurt Like ThisOnde histórias criam vida. Descubra agora