14

12.7K 1K 130
                                    

Capítulo 14:

Alana Volkov

Esfrego os olhos, bocejando, e ergo o olhar, notando a luz baixa da biblioteca. Foco nas janelas e percebo que está escuro lá fora. Um breu e nem a luz da Lua para tornar esse lugar menos fúnebre. Desbloqueio o celular e vejo as horas: quase uma da manhã. Fico chocada. Passei parte da tarde estudando e aparentemente perdi a noção do tempo, que nem fome senti.

Um leve calafrio percorre minha nuca, arrepiando os pelos do meu corpo. Instintivamente, esfrego as mãos nos braços para me aquecer. "É o ar condicionado, Alana, não começa a fantasiar", repito para mim mesma. Vago o olhar ao redor; a biblioteca está escura, iluminada apenas pela luz fraca dos postes ao redor do campus. Meu coração dispara ao perceber a realidade: estou sozinha na porra da biblioteca. "Estou sozinha", enfatizo para tentar me acalmar. Recolho meus livros rapidamente, jogando-os de qualquer jeito na mochila.

Dou uma olhada vagarosa ao redor. Sabe aquela estranha sensação de estar sendo observada? É exatamente o que estou sentindo. Varro o lugar com o olhar, mas não encontro nada.
— Não tem ninguém aqui — sussurro para mim mesma.

Seguro minha mochila e começo a caminhar, me esquivando entre as prateleiras para sair logo daqui. Estou alcançando a porta de vidro quando sinto outro calafrio. Meu coração troveja nos ouvidos. Rapidamente abro a porta e começo a avançar pelo campus com passos rápidos, e o som deles ecoando com a acústica ampliada e mais sinistra na minha mente. Preciso cruzar o jardim para chegar ao prédio principal onde ficam os dormitórios.

O vento gelado sopra contra meu rosto, eriçando os pelos. Está tão frio que minha respiração se transforma em pequenas nuvens de fumaça. Cruzo o jardim andando rapidamente, passando pela figueira centenária, sentindo meus membros tremerem. Estou quase chegando à escadaria quando ouço o farfalhar das folhas secas no chão. Imediatamente me viro para trás, mas não há nada lá.

Engulo a seco, sentindo a necessidade de correr e chegar o mais rápido possível no prédio. Dou uma última examinada e então volto a caminhar, subindo as escadas e empurrando a porta de madeira para entrar finalmente no prédio dos dormitórios. As luzes principais estão apagadas; o corredor é iluminado apenas por pequenas lamparinas presas na parede. Começo a caminhar mais rápido, quase correndo. Subo o primeiro lance de escada, me assustando quando a porta da entrada bate forte contra o batente.

Não me lembro da porta ter batido quando fechei. Eu só a soltei, e ela deveria ter fechado sozinha. Mas por que demorou tanto?

Movida pela curiosidade, me penduro no corrimão, olhando para baixo. Meus olhos se arregalam, meus lábios entreabertos. Uma silhueta grande chama minha atenção. Ele é alto, acho, e está todo de preto. O som de botas ecoa contra o piso antigo. Estou prestes a correr, mas a figura lá embaixo, como se sentisse meu olhar, ergue a cabeça e me nota. Meu peito sobe e desce freneticamente. Ele está olhando para mim. Uma máscara colorida neon, daquelas usadas no Halloween, como as que Rina Kent descreve nas sagas *The Gods*. Ai, caralho. Lembro-me rapidamente de todos os livros de mascarados que li. Arregalo os olhos, soltando um grunhido baixo antes de me afastar e começar a correr, subindo os degraus.

Meus passos são altos, mas ainda consigo ouvir o som das botas do mascarado ecoando pelos degraus de mármore, e essa merda de acústica centenária só torna tudo mais horripilante.

Apoio-me no corrimão, impulsionando meu corpo a subir mais rápido. Termino o último lance de escada e chego ao corredor. Está deserto, todas as luzes apagadas; a única iluminação vem das janelas. Ouço o rugir do meu coração nos ouvidos, o som é ensurdecedor. Minhas mãos trêmulas, respirando ofegante, aperto a mochila contra o peito e começo a correr em direção ao meu quarto, ouvindo ao longe as passadas da bota subindo. Remexo a maçaneta, mas a porta está trancada. Olho entre a porta e o corredor, o desespero aumentando. Passo as mãos nos bolsos; a chave não está lá. Cerro os punhos e começo a bater com força na porta.

Only Love Can Hurt Like ThisOnde histórias criam vida. Descubra agora