Os Filhos Da Minha Madrasta

III

Ele estava vestido com um jeans escuro, tênis e camisa social. E confesso que o que ele fez a seguir me irritou.

- Aff, chegou a garota que vai acabar com a minha privacidade.

O encarei com a testa vincada e cruzei os braços.

- Educação mandou um abraço.

O garoto me encarou com desdém e passou a língua nos lábios de modo sensual antes de responder:

- Só uso com quem me convém, garotinha.

Garotinha é esculacho!

Meu sangue ferveu e eu lancei um olhar afiado para ele.

- Garotinha é a tua m... - Meu pai retornou para a sala com um sorriso e uma caixa enorme nas mãos.

- Ah, que bom que você chegou Matheus - Toni disse feliz. - Essa é a Thays - ele apontou para mim com um sorriso. - E Thays, esse é o Matheus, filho da minha esposa - Antônio estendeu a caixa para mim e eu a peguei.

- Seja bem-vinda... - Matheus coçou seus cabelos cortados em dúvida e me encarou pensativo. - ...Irmã?

- Não sou sua irmã! - forcei um sorriso para o garoto, que deu de ombros murmurando um "tanto faz".

- Thays, faz um esforço filha.

Bufei e disse um "ta bom" antes de meu pai levar minhas coisas para meu quarto.

- Obrigado pai.

Toni sorriu e me deixou sozinha no cômodo roxo. Eu AMO roxo, e meu pai sabe disso.

Me deitei na cama gigante que havia no centro do quarto e suspirei fundo. Pensei em minha mãe na Itália, nos meus amigos de BH, na minha antiga casa, meu antigo quarto e senti uma profunda tristeza, bom... Para ser mais exata eu senti saudades mesmo.

Fechei os olhos e relaxei o corpo antes de alguém irromper o silêncio batendo na porta.

- ENTRA! - gritei sem mover um músculo.

Uma mulher alta e ruiva adentrou o quarto com um sorriso e me encarou.

Me ajeitei até ficar sentada na cama e a encarei com as sobrancelhas arqueadas.

- Oi?

- Oi, bom dia - ela se aproximou até sentar ao meu lado na cama e estendeu a mão para mim. - Eu sou Regianne, sou esposa do seu pai.

Esposa? TA!

- Err... Oi. - respondi tímida, apertando a mão da mulher num cumprimento formal.

- Seja bem-vinda florzinha. Vou deixá-la a vontade, qualquer coisa estou no quarto ao lado. - Regianne disse com um sorriso nos lábios e saiu fechando a porta.

Já gostei do fato dela fechar a porta quando saiu, se pelo menos minha mãe fosse assim seria ótimo.

Estiquei o corpo preguiçosamente por conta do cansaço da viagem e me deitei de volta. Quase nem percebi que havia dormido.