XVIII

5 1 0
                                    

- Bora Thays, eu não tenho o dia todo caralho. - gritou Gabriel do lado de fora da casa.

Peguei uma banana na cozinha e corri para o carro.

- Pronto! Já pode parar de me gritar - resmunguei.

- Lerdona - Gabriel deu a partida e eu revirei os olhos com o novo apelido.

Hoje ele estava dirigindo que nem gente e eu agradeci aos céus por isso.

- Seguiu meu conselho ontem, né? - ele disparou do nada.

Hoje de manhã o Matheus nem olhou na minha cara, e confesso que me senti um pouco mal por isso.

- O de não dormir no quarto do seu irmão?

Não Thays!

- Uhum. - ele assentiu com a atenção voltada pra estrada.

- Tanto faz. Resolvi não arriscar. - comentei quase num sussurro.

Vi pelo canto dos olhos que ele sorriu e desviei o olhar pra frente quando ele me encarou.

- Sabe que não somos irmãos, certo?

Assenti.

Mas é claro que não somos!

- Então você tem o caminho livre pra ficar com qualquer um de nós dois.

Rá!

- Eu sei, mas não quero.

Gabriel riu de escárnio e estacionou na calçada antes de sair do carro e entrar na escola.

- Povo maluco.

Cacei Iasmyn com os olhos e me assustei quando ela cutucou minha barriga por trás.

- Oie!

Sorri e entramos pra sala.

- Menina, o Galinhel não para de te olhar.

- Quem? - ri com o apelido proferido pela loira.

- O Gabriel, é assim que eu e as outras meninas chamamos ele. Galinhel. Porque é um galinha.

Ri mais ainda e girei o rosto para ver aquele par de olhos escuros me encarando.

- Hum, nada demais. - Rebati.

- Sabemos - ela ri.

As aulas são chatas como sempre e eu agradeço mentalmente por chegar o intervalo - como sempre.

Hoje ainda é terça, droga!

- Ei, quer ir numa festinha hoje? - Diz um loiro alto e com sorriso facil para Iasmyn, que estava em pé ao meu lado no pátio.

- Onde vai ser?

- Lá em casa. - Ele sorri. - Você pode ir também se quiser. - O loiro me encara e volta seu olhar para a loira.

- Pode ser. - Iasmyn concorda. - Você vai né Thata?

Penso um pouco e assinto. Não ia ter nada melhor pra fazer mesmo.

- Vou.

- Ótimo. Começa às oito. - O loiro beija a testa de Iasmyn e some na multidão de alunos.

- Hum, parece que alguém gosta de você - alfineto sorridente.

- Cala a boca! - Ela ri.

Chego em casa com Gabriel e vejo Matheus sentado no sofá. Ele estava com um casaco preto e uma calça jeans escura. Seu boné estava ajeitado levemente em sua cabeça e ele mantinha os olhos concentrado na tevê.

- Qual foi doidão? - Gabriel chutou a perna do irmão de leve.

Com eles perto um do outro assim era difícil saber quem era o mais velho.

Apesar de Gabriel aparentar ter o rosto mais novo, ele possuía um corpo mais largo que o do irmão.

- Nada não, tô só vendo as notícias - Matheus me encarou brevemente e estreitou os olhos pra tela.

Passei por eles e fui até meu quarto, encontrando Regianne e Antônio sentados na cama.

Eles pareciam preocupados com algo.

- Que foi? - perguntei ao largar a mochila em algum lugar do chão e encarar os dois.

- Nós vamos fazer uma viagem a trabalho. - Meu pai disse me encarando.

- Nós quem?

- Seu pai e eu. Matheus vai passar a tomar conta da casa na nossa ausência - Regianne completa. - Não se preocupe, nós sempre mandaremos dinheiro para vocês.

Franzo o cenho e comprimo os lábios.

- Por quanto tempo vocês vão ficar fora? - cruzo os braços.

- No mínimo 3 meses - meu pai sussurra desapontado.

O QUÊ?!

Os Filhos Da Minha MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora